🏅 Finalista do Prêmio Wattys 2022
[CAPA POR @Fwckofflovex]
[CONCLUÍDA]
Jogados em uma guerra sem sentido e sangrenta, Felix e Hyunjin encontraram neles um porto seguro... Este que em breve sofreria grandes abalos com o que ressurgiria de um passado...
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[P.O.V Autora]
O pedido inusitado pegou Hyunjin de surpresa, porém o mesmo não negou. No momento os garotos estavam na metade do caminho para os escombros do Reino Lee, cada um em um cavalo seguindo rumo para o local. Iam sem pressa lado á lado, no entanto, conforme se aproimavam do reino abandonado, Felix acelerava com o animal, querendo chegar rápido.
Entraram no vilarejo atravez do aro de pedra quebrado com Lee guiando até a região que queria ir. Tudo fedia á morte e desgraça; Corpos estirados pelo chão, muitos adultos e crianças; Corvos sobrevoavam as pilhas de defuntos e arrancavam pedaços de carne humana; A cena era tão nojenta que Felix mal teve tempo de descer do cavalo e vomitar o pouco café da manhã que havia comido.
Hwang já tinha passado pelo local na volta da batalha, mas tudo parecia dez vezes mais brutal e assustador. O maior desceu de seu cavalo também e ficou a poucos passos de distância do príncipe.
─ Acho melhor irmos andando até o lugar. As estradas estão cheias de pedras e.. corpos... ─ Disse Lee com desgosto. ─
─ Okay.
Usando uma corda grossa, Hyunjin prendeu os cavalos em uma árvore meio morta e lhe deixou uma cesta com alimento, para caso demorassem. O caminho pelos entulhos foi difícil, todavia, não era impossível. Felix olhava para cada canto da cidade aos pedaços, numa fonte lembrava de já ter pulado lá com seu melhor amigo; Numa loja lembrava de ter ajudado uma senhora á pinta-la toda; Numa esquina lembrava dos gatos que alimentava todo dia para não morrerem... Tantos lugares e tantas lembranças... Todos aos pedaços.
Hwang pode observar de longe um local aberto cercado por muros baixos e quebrados, no entanto parecia ser o próprio tempo que havia destruído os muros e pouca destruição parecia ter sido causada pela guerra. O antigo príncipe Lee os conduziu até a entrada do terreno e não demorou para Hyunjin finalmente entender o que era o local.
─ Um.. Cemitério? ─ Perguntou confuso. ─
─ Exatamente. Eu queria fazer uma última visita à alguém especial, sabe-se lá até quando esse lugar vai ficar de pé... Desgraçados.. Destruíram até os túmulos dos pobres falecidos...
Felix pouco se importava se estava xingando os soldados do Hwang, suas emoções negativas o comandavam naquele momento delicado e, possivelmente, nada o acalmaria.
Andaram pouco até chegarem numa espécie de catedral média. Era feita de mármore, possuía adornos por todo o exterior, usando da própria pedra para fazerem-se desenhos em formatos de sóis, rosas e pássaros. A beleza parecia se sobressair da catedral quase caindo.
Ali era o fabuloso túmulo da rainha Lee, onde seu corpo fora zelado da mais perfeita forma. Hyunjin seguiu os passos de Felix, meio incerto se deveria entrar no local com ele, porém, como não havia sido impedido, seguiu atrás dele. O caixão se encontrava no meio da catedral, rodado por rosas quase mortas e objetos de valor deixados pela população.
Lee se aproximou do caixão e tocou a parte com o nome da falecida mãe: Lee Ashley. A rainha do coração de ouro, igual a cor dos cabelos longos e belíssimos, loiro igual ao do filho. Felix sorriu ao lembrar das palavras da mãe para si: "O que importa é a força do pensamento, força física é só adicional", "Nunca se deixe abalar por pessoas que não merecem suas lágrimas." Ele ouvia sempre as falas sábias da parente, gravava cada uma em sua mente e as seguia fielmente, como se fossem as palavras de Deus.
Naquele momento, só queria um conselho da mãe sobre o que fazer naquela situação. Se deveria ficar com o príncipe amoroso ou fugir para reinos amigos, ela teria uma solução prática e inteligente. No entanto, ela não estava mais ali para ser seu apoio, não poderia lhe orientar à nada.
Reparando mais ao resto do lugar, haviam escritas nas paredes, xingando a mãe e seu reino; Tiros no caixão e pedaços quebrados de pedregulhos pelo chão... Seu povo jamais faria tal maldade com o santuário da rainha, aquilo era coisa de gente de fora, coisa de gente do morto rei Hwang.
Uma risada melancólica e perturbadora ecoou pelo local. Lee ria de tudo ao seu redor, da desonra com a mãe e da falta de respeito e empatia com um defunto. Hyunjin obsevava tudo um pouco distante, queria dizer algo ao garoto para reconforta-lo, mas as palavras morriam em sua boca.
─ Não tiveram a mínima consideração... O mínimo respeito... Ela nem estava na guerra dessa vez... ─ Felix olhou para Hyunjin com os olhos vermelhos e com lágrimas banhando todo seu rosto. ─ Porque? Porque não impediu, Hyunjin? Porque não fez nada ou falou algo para seu pai?
─ Eu não podia Felix, eu-...
─ Claro que podia! ─ O interrompeu. ─ Acha que eu não ouvi tudo que seu povo falou da guerra? Você é o príncipe além de tudo, liderava parte das tropas! Como não poderia fazer nada?! Não poderia parar seus próprios soldados?! ─ Lee estava fora de si, jogando para fora o que à tanto tempo guardava dentro de si, descontando a raiva no príncipe Hwang. ─ Você quis isso... Você queria nos atacar, nos destruir, nos matar... ─ Falou com mágoa, abaixando seu tom, deixando tudo mais perturbador. ─
─ Jamais! Eu nunca iria querer o mal de ninguém! Felix, se eu realmente pudesse ter parado tudo, acha que eu não faria?!
─ Poderia ter parado! É uma mentira! Você é um mentiroso!
A raiva de Lee foi tanta que quando o mesmo foi dar um soco na barriga de Hyunjin, teve grande efeito apesar da pouca força, fazendo o outro cambalear para trás. O menor iria investir de novo, no entanto Hwang soube prever bem seus movimentos e agarrou seus pulsos antes, virando-o de costas e imobilizando-o.
Felix gritava, xingava e tentava se soltar do príncipe, porém era tudo em vão. Hyunjin era mais alto e possuía um porte maior, era como querer sair de um abraço de urso. Demorou até Lee desistir de tentar fugir e se entregar à lágrimas de raiva, agachado-se no chão de pedregulhos.
─ Você é um grande mentiroso desgraçado... ─ Falou baixo. ─
O mais velho seguiu o outro e se agachou com o mesmo, ainda o agarrando por trás e impedindo muitos movimentos.
─ Acredite no que quiser, mas eu definitivamente não queria estar nesta guerra. Se eu fosse tão mal quanto você diz que sou, você por acaso estaria vivo? Eu não teria te matado? Te degolado? ─ Hwang ditou com calma, finalmente libertando o garoto. ─ Olhe para mim e me diga se estou mentindo.
Felix virou-se para o último citado e olhou com dificuldade nos olhos jabuticaba dele. Não mentia. Mesmo com todo o ódio, não podia negar que as palavras e o rosto de Hyunjin eram os mais verdadeiros que já tinha visto.
─ Qual o sentido que você insistir tanto em mim, Hwang? Eu não deveria ser o inimigo? Se não fosse por mim, seu pai estaria vivo e não teria sido esmagado por uma pedra. ─ Começou Lee olhando fundo para os olhos daquele que lhe encarava sem desviar o olhar. ─
─ Ele morreu pelo próprio karma e azar. ─ Disse rápido, não sentia falta do pai rígido e talvez um pouco perturbado. ─ Insisto em você porque me preocupo... Insisto em você porque gosto de você.