1° soneto

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Maio de 2010
 
    Não há o que temer no amanhã se você já souber exatamente o que irá acontecer. Decepções amorosas seriam evitadas e o mundo estaria nas suas mãos se você fosse capaz de prever o futuro e invadir aquilo que o ser humano tem de mais pessoal: sua mente. Era assim que Min Kwan pensava desde que seu único filho acertou o placar dos jogos de basquete cinco vezes consecutivas e, ainda, era capaz de dizer exatamente onde seu pai havia escondido as chaves do carro: essas escondidas apenas para testar a habilidade do filho recém descoberta.
Min Yoongi, de apenas oito anos de idade, era um garoto acanhado de baixa estatura, cabelos escuros e olhos felinos. Para as suas professoras, era um pequeno gênio, mas assumia um comportamento frio e calado com os colegas. No entanto, essa atitude não era para menos: seu pai, que não morava com ele e sua mãe, aparecia em sua casa apenas para gritar com a mulher sobre assuntos dos quais ele desconhecia e, ainda, ensiná—lo, segundo suas próprias palavras, a como ser "forte e ágil".

    — O inimigo não espera você agir, Yoongi. Ele te pega desprevenido. — O garoto ouvia do pai. Por que um pai diria coisas assim para uma criança de apenas oito anos?

    Min Kwan trabalhava para pessoas sem nomes, sem rostos e procuradas pelo país inteiro. Este era responsável por manter tudo em ordem e todos fora da mira: era um verdadeiro líder. Desse modo, desde que descobriu as habilidades do filho, as manteve em segredo do mundo, sendo os únicos cientes desse poder, além de sua mãe, sua outra família: era assim que ele a chamava para seu filho apenas para não a chamar de máfia.

    Min Yoongi, diferente de outras crianças, cresceu ouvindo seu pai contar sobre uma história mais interessante do que as histórias clássicas da Disney: era sobre a família Park, rica e maléfica, que usava suas economias para praticar atos hediondos. Toda essa história deixava o pequeno Min assustado.
   
    Entretanto, essa história não era verdadeira, já que a família Park era composta de acionistas e advogados que nunca haviam feito mal para nenhum ser vivo. Porém, como você pode perceber, o intuito de Kwan era claro: usar seu filho e seus poderes para aplicar um golpe milionário na família mais rica de toda Daegu.

    — Yoongi, olhe para mim. — Kwan se dirige a seu filho com sua voz autoritária, a mesma que usava com seus associados. — Eu quero que você preste muita atenção, sente aqui e me diga o que vê sobre os Park, me diga se consegue nos ver destruindo aquelas pessoas vis.

    Yoongi se concentrou profundamente a ponto de sua cabeça quase explodir: fazer esse tipo de trabalho era muito pesado para uma criança, fazendo com que seu cérebro se sobrecarregasse. Mesmo com dor, não tinha coragem de negar o pedido a seu pai.

    — Eu—eu não vejo nada — sua voz saiu falha e hesitante.

    — Como assim não vê nada? Sua mente decidiu não trabalhar hoje? — Kwan respondeu, um pouco alterado.

    — Na verdade ela trabalhou sim, papai, mas eu apenas não vi acontecer o que o senhor queria...os Park pareciam...bem.

   — Isso significa que temos que trabalhar mais duro no nosso plano, entendeu? Tem que haver algo muito errado para isso não dar certo e eu não vou permitir que falhemos.

    Yoongi estava de cabeça baixa e não sabia o que responder, sentiu que a culpa do plano possivelmente não dar certo era sua, mas não sabia o porquê, já que seu pai não o havia contado qual era exatamente o plano, usando-o apenas como uma experiência de laboratório.

    Naquela noite, Min Kwan voltou para a sua outra família, deixando o pequeno Min em casa treinando os novos golpes de luta que ele havia aprendido. Enquanto isso acontecia, sua mãe o observava de longe e temia pelo futuro do filho. Ela não previa nada como ele, mas era a única pessoa que o amava de verdade e que temia por sua segurança.

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