23° soneto

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Yoongi não conseguiu pregar os olhos naquela noite, ele era um homem ansioso e que decidia as coisas sem pensar duas vezes, essa coisa de Jungkook sobre criar um plano melhor levaria tempo e ele sabia que eles não tinham todo o tempo do mundo.

6:00 da manhã já estava na cozinha preparando o café, um bom expresso sem açúcar talvez o ajudasse a pensar melhor, ou pelo menos a driblar as horas que ele não dormiu.

— A palavra silêncio não existe no seu vocabulário? – Jin apareceu na porta da cozinha, coçando os olhos inchados de sono.

— Fiz muito barulho?

— Para passar um mísero café? O suficiente para acordar alguém em coma.

— Você é igual ao Jungkook, estava me dando conta disso esses dias.

— Errado, Jungkook é igual a mim, não o contrário. Ele costumava imitar meu jeito quando era criança por que me via como exemplo, aí isso só se agravou com os anos.

— Você um exemplo? Agora entendo o que aconteceu com ele – riu.

— Para qualquer um eu não era exemplo a se seguir, mas tentava ser um para o garoto. – Andou até a bancada onde Yoongi se apoiava e colocou um pouco de café na xícara. – Talvez ele não tenha te contado, mas o chamei para fugir comigo quando eu estava para completar 18 anos.

— Por que ele não foi? Tempo depois ele fugiu de qualquer maneira, então por que não foi com você?

— Quando estava próximo de completar 18 eu me aliei aos Seven, não contei para ele que era uma máfia e sim uma gangue. Jungkook sempre teve espírito de vingança pelos pais dele e achou que eu poderia caçar quem os matou, assim como você o prometeu.

— E você não podia?

— Podia, mas o garoto estava com planos muito acima do que eu poderia fazer. Jungkook não bate muito bem da caixinha de Pandora que ele chama de mente, se nós ficássemos juntos seria uma catástrofe, então tive que deixá-lo no orfanato.

— Eu prometi achar quem matou os pais dele e só isso, não tem muito o que eu possa fazer.

— Você me conhece, viu minha mente, viu coisas que ninguém mais sabe. Você acha mesmo que eu não fui atrás de quem os matou? Fiquei curioso e sabia que com as minhas habilidades eu poderia encontrar algo.

— Espera, você encontrou quem os matou?

— Não, todos os arquivos e atestados sobre a morte deles foram apagados ou queimados, como se eles nunca tivessem morrido.

— Você não tem nenhuma pista?

— Os Jeon eram trabalhadores comuns, o pai dele trabalhava na indústria e a mãe dele era babá. O inquérito da polícia diz que foi latrocínio, mas não havia sinal de nada roubado na casa.

— Então o que você acha que foi?

— Há algo que eu achei sobre as últimas semanas deles, como por exemplo eles não serem de Busan e sim de outra cidade, se mudaram para Busan uma semana antes de morrerem.

— Qual cidade?

— É melhor não falarmos mais disso aqui, Jungkook pode ouvir alguma coisa. Quando estiver só nós, continuaremos a conversa.

Yoongi concordou e continuaram a tomar o café em silêncio um ao lado do outro, as palavras de Jungkook estavam ecoando em sua cabeça, mas mesmo assim tinha o pressentimento de que Jin precisava saber.

— Olha, tem uma coisa que eu preciso contar. JK disse para não contar nada para você por enquanto, mas se as coisas derem errado é bom que você saiba.

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