11° soneto

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Dormir aquela noite foi impossível, passou em claro dentro da mente de Jimin para ver como ele estava se sentindo. Fazer aquilo quase o fez desmaiar mais de três vezes, mas não conseguia não verificar a todo momento se o garoto estava bem.

Sua aparência estava deplorável, sem energia e chorando por horas, se sentia sem força até para levantar da cama e ir tomar um banho. Se sentia impotente, fraco, como se tivesse perdido uma guerra que no fundo ele sabia que não tinha como vencer.

Após o rápido banho, se vestiu inteiramente de preto: blusa, casaco, calças e calçado. Estava de luto.

Luto pela morte da sua liberdade, queria poder ir para a faculdade normalmente, encontrar com o garoto que amava e ter uma vida simples e feliz, por que as pessoas podiam passar por isso e ele não?

Desceu lentamente as escadas e foi até a cozinha, sua mãe estava sentada com os braços cruzados e o olhar perdido, suspirou fundo quando o filho passou por si, mas não o olhou.

— Vai comer?

— Não tenho apetite.

— Você não pode se matar de fome.

— Eu já estou morto, não tem mais pelo que morrer.

— Não seja exagerado, sente-se aí que vou lhe preparar pelo menos um omelete.

Yoongi seguiu suas ordens e a acompanhou com o olhar.

— Não estou exagerando, vou me afastar de você, me afastar de Jimin, e se decidir me rebelar contra o meu pai eu ainda posso ir preso junto com ele.

— Isso é temporário, meu filho, as coisas vão se ajeitar.

— Vou me esforçar para fingir que acredito.

— Apenas coma e esqueça isso por enquanto, você terminou de arrumar suas malas? — Yoongi negou — Então eu vou subir e terminar, vá para a sala e assista a algo, esfrie a cabeça. — Sorriu levemente e se retirou da cozinha

Yoongi entendia que sua mãe tentava manter o otimismo, mas ele tinha o poder do pressentimento e não tinha como negar o óbvio que ele sentia. Seguiu seu conselho e foi até a sala para assistir TV, não conseguia focar em nada, nem ao menos parecia ouvir sobre o que se tratava, sua cabeça pensava apenas em Jimin.

Não sabia se deveria avisar que já estava de partida ou apenas ir, não aguentaria vê-lo chorar de novo. Seu pai não sabia que ele estava deixando coisas importantes para trás, então não o deu um prazo para despedidas e lamentações, em um dia estava em Daegu e no outro já estava de partida para Busan.

A bagagem era suficiente para alguns meses, lavando sempre as roupas e comprando alguma que precisasse, poderia passar até mais tempo. O dia passava como se 24 horas durassem 24 décadas, Yoongi queria fazer aquilo rápido como arrancar um curativo, quanto mais tempo demorava, mais a angústia se acumulava em seu peito.

Com muita relutância decidiu não contar para Jimin que já estava de partida, o táxi até a estação estava quieto e mórbido, o som de uma música lenta e sofrida vinda do rádio só piorava a situação. Yoongi estava absorto em seus pensamentos, uma voz abafada passava por seus ouvidos, mas ele não conseguia manter o foco.

— Com licença? — a voz do motorista soou mais alta, chamando sua atenção para o homem.

— Sim?

— Eu estava apenas perguntando se o endereço está certo, você vai para a estação?

— Vou sim.

— É que por causa das chuvas o trânsito está infernal, você está com pressa?

— Na verdade não, demore o tempo que precisar.

Farewell Sonnet Onde histórias criam vida. Descubra agora