Terceira carta

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27 de maio de 2020.

Laura,

Só para você saber, tirei seu texto da internet assim que você desapareceu — mas não sem tirar prints dos melhores comentários e imprimí-los na impressora de mamãe para que você possa lê-los.

Quando você desapareceu, passei a noite inteira te chamando, conversando com o ar e esperando que você me ouvisse. Não sei como funciona esse negócio de fantasma, mas às vezes gosto de pensar que você me ouve quando eu te chamo, como se fosse uma prece.

Você entende a ironia disso, não? Você sempre foi uma assombração, nunca deixou de ser, mesmo quando não está mais aqui. É por isso que estou escrevendo sobre nós como uma idiota, imaginando se algum dia você chegará a ler essas cartas.

Lembra de quando passamos a noite inteira vendo The Vampire Diaries e gargalhando? Ou de quando te obriguei a assistir Teen Wolf e você passou dois episódios revirando os olhos porque era péssimo? Você espanta minha solidão, não preciso me esforçar para ficar ao seu lado. É esse o diferencial. Estar com você é fácil, leve, divertido. Não preciso pensar demais no que eu falo, sou só espontânea.

Se alguém me perguntasse sobre o relacionamento ideal para mim, eu diria o nosso. Escrever sobre você me fez perceber isso. Faz meses que eu não escrevo nada no papel, mas preferi usar meu caderno para escrever sobre nós porque precisava de algo mais cru e sincero do que um computador.

Meus sentimentos são uma bagunça, eu não sei como interpretá-los. Só queria que você não me afetasse tanto. Sem você, me sinto perdida, estranha demais para me encaixar no mundo. E solitária, extremamente solitária.

Sentindo sua falta,

Alice

Anjos Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora