Heróis de Guerra

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Hermione Granger despertou sonolenta para a nublada manhã de Chelsea, em Londres. Observou o movimento da rua pela janela do quinto andar do seu apartamento, nada incomum do lado de fora. Retirou a velha camiseta verde do Holyhead Harpies que usava como pijama – presente de sua ex-cunhada – e entrou para um merecido banho quente.

Enquanto lavava os cabelos castanhos, repassou mentalmente as próximas atividades daquele dia e respirou fundo ao lembrar do que a aguardava – não no escritório do Departamento de Segurança Mágica, onde lidera o Grupo de Inteligência dos Aurores. Não. Hermione estava angustiada pelo evento que aconteceria àquela noite.

Após sua higiene matinal, a grifinória escolheu um conjunto básico de roupas, como sempre. Um blazer azul escuro, fechado por dois pares de botões, deixava sua postura final elegante – um truque que aprendeu com o tempo. Prendeu o cabelo displicentemente com uma fivela, apenas pensando no quanto precisava de uma xícara de café bem forte para começar a manhã.

Terminava de moer os grãos quando um barulho desviou sua atenção para a sala, que era quase um anexo da cozinha, apenas dividida por um balcão de meia parede entre os cômodos. Hermione sabia do que se tratava. O improvável amigo não falhava em usar a lareira todos os dias após a morte de sua esposa, Astoria Greengrass.

– Bom dia, Herms. – Draco Malfoy sorria através das chamas.

– Bom dia, viúvo. – Hermione respondeu conjurando água fervente com a varinha para concluir o preparo do seu café.

– Já faz três anos dessa mesma piadinha, Herms, acho que você pode voltar a me chamar de melhor amigo.

– Harry é o meu melhor amigo. – Hermione sorriu e sentou na poltrona em frente à lareira.

– Isso é uma questão de perspectiva.

– Acho que concordo com você. Passar sete anos salvando o Mundo Mágico ao lado dele foi algo sem importância mesmo.

– Eu gosto dessa sua nova personalidade debochada que, a propósito, eu ajudei a criar. – Hermione ia responder, mas foi atropelada pelas palavras de Draco. – De qualquer maneira, falando em salvar o Mundo Mágico, você está tranquila para hoje à noite?

– Estou. Não é algo que eu já não tenha feito antes.

– O Weasley vai estar lá com a Delacour menos bonita. – Hermione se esforçou para não demonstrar mais do que deveria com essa informação.

– Estamos separados há quase um ano, Draco. Ronald está seguindo a vida dele. Está tudo bem, quero dizer, não há um sentimento ruim entre a gente. Você sabe disso.

– Eu não falo por ele... – Hermione sabia o que Draco tentava dizer, mas fez parecer que não se importava.

Seu ex-marido ia se casar com a irmã mais nova de Fleur Delacour, sua estúpida paixão mal resolvida do passado. A auror não deixou de pensar que talvez Draco tenha se tornado, sim, seu melhor amigo, porque ninguém, nem mesmo Harry, sabia disso. Anos de convivência como dupla de investigação e algumas ressacas juntos poderiam concluir esse efeito peculiar entre o sonserino e a grifinória.

– Você passa aqui às sete? – ao perceber que a amiga desviou o assunto, Draco entendeu.

– Claro, vou deixar Scorpius com a minha mãe mais tarde. A gente combina isso melhor no Ministério. Te vejo já.

Com um estampido de cinza queimando, o loiro finalizou a conexão da lareira, mas não sem deixar a ex-inimiga mortal com uma dose a mais de ansiedade. Não que Hermione nunca tenha visto Fleur desde o doloroso afastamento entre elas. Isso aconteceu algumas vezes, mesmo após a exoneração da francesa do cargo de mágico-legista do Ministério da Magia. Mas essa seria a primeira vez que encontraria Fleur depois do fim do seu casamento com Rony.

Cold Fame [FLEURMIONE]Onde histórias criam vida. Descubra agora