Reek Seaglet

437 40 9
                                    


Desde o fim da Segunda Guerra Bruxa, há dez anos, não havia um murmurinho na comunidade mágica tão inflamado quanto agora. Quatro vítimas em uma semana, uma trama tão complexa quanto Aritmancia.

A sensação de que não estavam nem perto da solução desse quebra-cabeça irritava Hermione e poucas coisas eram capazes de tirá-la do sério – como permanecer afastada da sua cadeira no Ministério da Magia.

A recente conversa com Kingsley Shacklebolt sobre os crimes e a recusa em reintegrá-la à equipe desencadeou uma onda de frustrações que só se apaziguaram nos braços de Fleur Delacour.

"Fique fora dessa investigação, auror Granger". A voz grave do Ministro da Magia ecoou o sábado inteiro em sua cabeça. Como se ela fosse mesmo capaz de negligenciar o risco iminente que seus amigos corriam. Harry, Draco... quem mais poderia ser a próxima vítima?

– Diadema, Taça, Medalhão, Nagini, Voldemort e talvez Harry...!

– Mione, você está repetindo – a voz sonolenta de Fleur reclamou ao seu lado.

A francesa cochilava no sofá depois de um longo dia de trabalho no St Mungus, o hospital para doenças e acidentes mágicos. Hermione estava no chão, apoiada na mesa de centro, enquanto anotava suas impressões sobre o livro de Reek Seaglet, que lia pela segunda vez.

– Não estou, não – a voz saiu com um pouco de pirraça. – Você estava sonhando.

– Está sim – Fleur virou para olhá-la.

– Você acredita que Shacklebolt continua certo de que deve me manter afastada dessa investigação?

– Matar o cachorro dele foi uma bola fora, se quer saber...

– Eu não matei cachorro algum do ministro, Fleur Delacour!

– Não consigo pensar em nada pior do que isso para te suspender – apesar do sono, a medibruxa se esforçava para não dormir, queria estar presente para Hermione.

– Você está com fome?

– Não – Fleur respondeu esfregando os olhos.

– Não quer subir e dormir na cama?

– Quero ficar contigo.

– Você tá exausta...

– E você está ansiosa – a loira concluiu antes de finalmente se sentar. – Vamos dar uma volta.


Hermione adorava morar no distrito de Chelsea. A duas quadras do seu prédio, o restaurante tailandês dos sonhos a aguardava de portas abertas sempre que precisava. Se dobrasse à esquerda e seguisse pela 66 Royal H. Road, logo chegaria em Chelsea Physic Garden, o jardim botânico mais antigo de Londres.

Pensou que estar ali com Fleur era ainda melhor, mesmo que a francesa bocejasse de tempos em tempos. De mãos dadas, atravessaram uma movimentada avenida para entrarem em um parque onde algumas mulheres treinavam roller derby em cima de seus patins.

Andaram sem objetivo pelo caminho tortuoso que cortava um imenso gramado. Capturando as luzes da noite e os sons característicos de adultos se exercitando, pararam ao encontrar um banco de madeira vago em frente ao lago de águas esverdeadas.

– Mais tranquila?

– Um pouco, sim – Hermione encostou o rosto no ombro de Fleur. A sensação era de proteção, algo significativo para ela.

Ficaram bastante tempo em silêncio, sentindo a presença uma da outra e do vento ligeiramente abafado do verão que se aproximava. Fleur se manifestou novamente:

– Eu não sei se sente isso como eu, mas tenho vontade de te falar um milhão de coisas, como se meu peito fosse explodir se eu não fizer.

– Por exemplo?

Cold Fame [FLEURMIONE]Onde histórias criam vida. Descubra agora