Sete Troféus

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Foi doloroso levantar pela manhã, mas Fleur precisava encarar o novo dia que se abria do outro lado das janelas. O perfume de Hermione ainda estava em seus lençóis, em sua cama, em seu corpo; as roupas permaneceram espalhadas pelo chão; e a leve tontura sinalizava que a noite anterior fora mais do que deveria.

Antes que se lamentasse por acordar sozinha, foi com surpresa que recebeu a grifinória retornando ao quarto – ela apoiava uma bandeja com o que deveria ser o desjejum.

– Você ficou – o sorriso da francesa era imenso.

– Fiz o seu café, juro que não usei açúcar – Hermione desviou o assunto antes que precisasse explicar que, por ela, não iria embora nunca mais.

– Não precisava se incomodar, Mione. Poderíamos comer algo pelo caminho.

– Sei que não precisava. Eu quis – tomou algum cuidado com o tom da própria voz para não parecer uma menina emocionada. O que estava acontecendo? Por que se sentia sugada para o corpo de Fleur? Como o seu coração conseguia bater tão rápido? As perguntas eram muitas em pensamento.

Enquanto Fleur comia as torradas com geleia de framboesa, Hermione relembrava os momentos naquele quarto. Distraída, não escutou quando a loira chamou pelo seu nome mais de uma vez.

– ... Mione?

– Oi!

– Eu perguntei como vai ser o seu dia hoje.

– Ah, sim. Eu me distraí, desculpa – desviou o olhar. – Vou me encontrar com Draco para discutir alguns avanços do caso. É provável que eu passe o dia com Harry em Hogsmeade depois.

– Ah – Fleur fez uma pausa. – Eu só consigo imaginar o quanto deve ser difícil estar longe dessa investigação, provavelmente é um dos casos mais difíceis da carreira de qualquer auror...

Hermione percebeu que Fleur ainda se ressentia por não saber o motivo de sua suspensão, pegou uma de suas mãos e levou até os lábios, depositou um beijo na ponta dos dedos.

– Se eu pudesse contar o porquê, eu diria pra você. Não seria uma burocracia do Ministério que me impediria, eu prometo. É algo que fiz pelo Harry e não cabe a mim...

– Isso é um capricho meu, não se preocupa, ta bem? Eu entendo.

– Obrigada – Hermione sustentou o olhar nos azuis profundos da mulher a sua frente. – Como vai ser o seu dia?

– Hospital na maior parte do tempo.

– Fleur... – Hermione queria dizer que estava apaixonada, que sempre esteve. Que o contato entre elas despertou um amor avassalador em seu peito e que esperava que a francesa também se sentisse da mesma forma. Mas não conseguiu.

– Mione?

– Eu preciso ir agora.

– Você não quer ficar um pouco mais?

– Eu não posso. Certamente você também não.

– Como sempre, com razão.

– Obrigada por ontem.

– Não precisa agradecer, eu também me diverti muito.

Hermione começou a se sentir estranha, como se sentisse demais e Fleur de menos. Levantou sem saber onde pôr as mãos.

– Eu posso aparatar daqui?

– Não... Só eu tenho acesso aqui no quarto. Eu te levo até lá embaixo.

– Não precisa. Termina seu café.

Aflita, a auror beijou a lateral da testa de Fleur antes de deixar o cômodo onde sentiu tantas emoções que nem saberia descrevê-las. Quando chegou no primeiro andar, ouviu a francesa chamá-la do alto da escada.

Cold Fame - FLEURMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora