Cold Fame - FLEURMIONE

Memento

Fleur sempre esteve por dentro do romance entre Gina Weasley e Guga Jones, antes mesmo que ele de fato acontecesse. Foi para ela que a ruiva pediu colo quando sofria com as dúvidas sobre amar uma mulher, ainda quando era uma jovem artilheira do Holyhead Harpies.

Gina teve uma juventude brilhante. Fugiu dos administrativos cargos do Ministério da Magia e alçou voos maiores – literalmente – do que qualquer outro Weasley. Fez bem o seu trabalho, ganhou dezenas de troféus, galeões e fama.

Até onde Fleur sabia, porque a história era confusa, Gina e Guga se apaixonaram pela convivência. Pequenos gestos de gentileza, olhares profundos e uma grave crise no namoro com Harry deram a permissão necessária para que a ruiva sentisse os lábios da companheira de time pela primeira vez.

Mas o fim desse romance ainda era turvo porque, de uma hora para outra, sem saber ao certo o que esperar da própria vida, Gina negou o pedido de Guga para morarem juntas no País de Gales. Depois negou o amor que sentia. Negou o clube, a carreira e o quadribol.

Nunca conseguiu explicar o que houve, nem para si mesma. É claro que a Sra. Weasley teve uma parcela bem grande nessa decisão, com um caminhão de expectativas que projetava na filha mais nova. Mas Gina jamais culpou a mãe por isso. Foi assim, com medo, que negou também a própria liberdade ao se casar com Harry Potter. Era exatamente isso o que todos esperavam que ela fizesse.

– Falamos poucas vezes – Guga conversava com Fleur que sabia ir direto ao ponto. – Gina não... ela pediu espaço... eu obedeci.

As duas estavam alheias a tudo o que acontecia na festa de aniversário de James. Depois que Hermione deixou a mesa, Fleur se permitiu relaxar. Tinha alguma coisa muito errada e, conhecendo-a bem, era melhor esperar que a namorada a procurasse quando se sentisse confortável.

– Eu tenho uma curiosidade. Gina tem três filhos. Você imaginava algo assim com ela? Porque, honestamente, eu sei que as pessoas a julgam até hoje... dizem que ela parou de jogar muito cedo, que manteria o alto rendimento por pelo menos mais cinco anos... sei que ela ainda carrega esse peso.

– Eu sei disso, sim.

– Então... faz sentido viver uma vida assim? Cuidando da casa, dos filhos?

– Eu sinceramente nunca imaginei viver essa vida no "chão". Mas Gina sequer me perguntou qualquer coisa assim... ela presumiu e foi embora...

– Talvez Gina tenha feito dessa forma justamente para que você não tivesse que escolher entre ela e a sua carreira.

– Você acha?

– É o tipo de coisa pela qual eu já passei com Hermione, por exemplo. Faltou um "perai, vamos sentar e conversar por cinco minutos antes de fazer alguma estupidez".

– Agora é tarde para isso...

– Talvez seja. Mas...

Fleur observou Gina sentar-se ao lado de Luna à mesa em que estavam. Recebeu um olhar intimidador. A ruiva com certeza imaginava que a conversa com Guga Jones a envolvia e, talvez, só talvez, estivesse decidindo se torturaria a ex-cunhada ali mesmo, na frente dos convidados.

– ... Mas? – a capitã do Holyhead Harpies chamou sua atenção.

– Não estou falando nada sobre esperanças e se me perguntarem qualquer coisa sobre essa conversa eu vou negar tudo – Fleur encarou Guga. – Mas é possível que dizer a ela que você ainda guarda sentimentos... bem, é algo que talvez faça diferença nesse momento.

*     *     *

Hermione Granger não sabia explicar como, mas o seu raciocínio sempre fora além do alcance. Isso permitiu não só a sua sobrevivência quando estava foragida ao lado de Harry, quando adolescentes, como também a auxiliava nas suas obrigações no Departamento de Segurança Mágico – não era a chefe do Grupo de Inteligência só por ser a melhor amiga dO Escolhido.