Curso do rio

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A parada na Dedosdemel antes de visitar os Potter, em Hogsmeade, era lei estabelecida pelos sobrinhos. Com uma sacola recheada de bolos de caldeirão, tortinhas de abóbora, varinha de alcaçuz e os clássicos feijõezinhos de todos os sabores e sapos de chocolate, Hermione caminhou pela estradinha de pedra que dava acesso à área residencial do vilarejo.

Harry e Gina decidiram comprar uma casa no local assim que souberam da gravidez do primeiro filho. Gostavam de pensar que seria um lugar seguro e mágico para estabelecer uma grande família sem a loucura da cidade ou o isolamento em alguma propriedade no interior.

A melhor madrinha do mundo foi recebida com um apertado abraço do seu afilhado que correu para atendê-la à porta. Gina olhou contrariada para os doces, mas sorriu entregando boas-vindas afetuosas à ex-cunhada.

– Você mima demais os meus filhos, Mione.

– Achava que esse era o papel das tias divorciadas.

A ruiva capturou os olhos da auror antes de provocar, em um sussurro precedido de um abraço, para que só ela fosse capaz de ouvir:

– Não por muito tempo. Soube que tem um encontro hoje à noite.

Hermione não sabia que Fleur e Gina compartilhavam esse tipo de confidências, mas, como odiava se sentir vulnerável, apenas agiu como se fosse perfeitamente natural que ela soubesse dos seus planos com a francesa.

Só quando Harry chegou à sala que se lembrou do que o amigo fez com a própria família. A grifinória, que era intolerante à deslealdade e traição, sentia extremo desconforto em manter esse segredo – a vontade de torturar o amigo não havia diminuído.

Miana, eu tirei você, olha! – James desviou a atenção chamando-a pelo jeito como aprendera o seu nome.

O pequeno menino de cabelos castanhos mostrou um cartão holográfico que vinha de brinde com os sapos de chocolate – e que ilustrava a imagem de bruxos e bruxas famosos do mundo mágico. Desde o fim da guerra, todos que destruíram uma horcrux de Voldemort passaram a ser publicados nas figurinhas.

– Eu tenho um do tio Neville – James explicou. – Alvo tem um do padrinho Rony.

– Prometo que vou ajudá-los a completar a coleção – Hermione recebeu mais um olhar reprovador de uma Gina nada satisfeita com a quantidade de açúcar que isso significava.

– Filho, agora o papai precisa conversar com a tia Hermione, tá bem? Vá brincar com seus irmãos.

– Tá bem – o menino obedeceu dando um último abraço na auror que sorriu satisfeita. Ser madrinha de James era uma das suas coisas preferidas.

Harry conduziu Hermione até o escritório que ficava no primeiro andar. Apesar da casa abrigar três crianças pequenas, estava tudo muito arrumado naquele cômodo. Havia uma grande mesa de madeira, estantes com livros e fotos, pastas com documentos do Ministério da Magia, uma pilha de jornais antigos e até um telefone trouxa.

Na parede oposta à janela da esquerda, um quadro de dois metros continha um esquema com imagens e informações sobre os assassinatos recentes. Qualquer um que conhecesse a dupla de amigos saberia que, embora suspensos, ainda investigariam o caso.

– Hermione, pelo o que eu entendi, a única conexão entre os dois crimes é o diagnóstico da Delacour. A propósito, Creevey me informou que o Ministério está se recusando a levar em consideração – o auror observava o laudo da necropsia das últimas três vítimas.

– Eu confio no julgamento de Fleur – a grifinória foi tão segura em sua fala que não deixou espaço para questionamentos.

Harry a encarou, soube sem querer da relação entre as duas ao presenciar a discussão na sala da amiga. Pelo visto, não foi o único que guardou segredos entre os dois.

Cold Fame [FLEURMIONE]Onde histórias criam vida. Descubra agora