Cold Fame - FLEURMIONE

O melhor lugar do mundo

Lentamente foi recobrando a consciência enquanto despertava para o dia seguinte. A cama era mais macia do que a sua, com muito mais travesseiros do que seria considerado normal e, apesar das camadas de cobertores que a protegiam, sentia o frio daquela manhã nublada.

Era manhã, certo?

Hermione abriu os olhos mas não quis se levantar. Olhou para o lado e viu que já passava das dez. De fato, aquela não era a sua cama. Aqueles não eram os seus travesseiros e nem os seus lençois.

Seu braço esticado à esquerda não encontrou ninguém ao seu lado. Mas foi o perfume de Fleur que a fez identificar exatamente onde estava.

Sentou-se. Esfregou os olhos. Por que acordara ali? Onde a francesa estava afinal de contas? O que foi que aconteceu durante a noite passada? Será que ela e Fleur haviam dormido juntas? Todas essas perguntas martelavam na cabeça da auror.

Vestia uma camiseta com três vezes o tamanho do seu corpo. Era preta, levemente surrada e tinha uma estampa que não reconhecia, mas estava escrito "Gojira". Ainda descalça, Hermione saiu do quarto em busca de respostas.

Os degraus da escada estavam frios, mas não sabia onde estavam seus sapatos de qualquer forma. No andar de baixo, uma sala decorada com um estilo bem particular, clássico e sóbrio, a recebeu em silêncio. Sem perder muito tempo, avistou Fleur adormecida no sofá de couro marrom.

Ela usava uma camisa social de botão branca e uma calcinha do tipo sunga. Estava em um ângulo estranho e a auror se lembrou do quanto a loira era capaz de se mexer enquanto dormia. O cobertor jazia inutilizado em suas pernas, provavelmente caira com o movimento durante a noite.

Hermione foi até Fleur e não pode evitar olhar de perto todas as suas curvas. A pele clara, as coxas, cintura, o contorno da clavícula, pescoço, os lábios... Pensou que poderia dizer qualquer coisa sobre ela, mas jamais que não era linda.

A auror pegou o cobertor e o esticou suavemente sobre o corpo da loira, tentando protegê-la do frio. Quando finalizou, uma fisgada acometeu seu coração ao reparar que aqueles olhos azuis estavam abertos e olhavam diretamente para ela.

— Desculpe, eu não quis te acordar — Hermione falou rapidamente, a voz falhando.

Um silêncio pairou entre elas.

— Por que você dormiu aqui embaixo?

— Pra te dar privacidade.

A grifinória sentou na ponta do sofá onde Fleur estava. Sentia-se intimidada, mas não de um jeito ruim. Gostava desse estranho domínio que a loira tinha sobre si.

Não havia recuperado a memória completamente, mas havia ali, no físico do seu próprio corpo, a lembrança de um sentimento. Um magnetismo. Era como se a mente estivesse de fato se alinhando ao momento presente, a vida de agora, sem os ressentimentos de uma Hermione dez anos mais jovem.

— A gente... ficou ontem?

— Não.

Sem aviso, Hermione deitou no sofá junto com Fleur, que precisou girar o corpo para que a grifinória se alinhasse de costas a sua frente. Cada parte de pele que se encostou fez a francesa se arrepiar. Aquilo foi inesperado.

— Como eu vim parar aqui?

— Você teve uma crise de pânico ontem.

Silêncio. Fleur usava todo o seu autocontrole. Por que ela havia deitado ali? Que tipo de brincadeira é essa?

— Eu odiei aquele lugar.

— Você tinha gostado da última vez, mas não ficamos na festa. Tem um restaurante na parte de cima.