Capítulo Um - Vizinhos

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   No ano de 2112, o ser humano finalmente foi capaz de realizar a tão sonhada viagem interespacial de uma forma surpreendentemente mais rápida do que os antigos foguetes, esses que eram estranhamente venerados por certas... Pessoas.

   Uma forma de manipular o espaço-tempo por meio da dobra de matéria pela gravidade, sem que se passe anos e anos até a chegada no destino. Muito interessante para os que entendem o que diabos acontece no processo de viagem.

   A máquina foi nomeada de "DLI", siglas para "dispositivo de locomoção interespacial".

   O fato de ser um dispositivo, máquina ou qualquer outra coisa, depende da marca ou versão de cada país da Terra. Passando a ser vendido incluso em todas as naves militares e exploradoras, mas foi banalizado e pode ser encontrado em qualquer nave de piratas saqueadores, escravistas ou até mesmo nas naves civis.

   Não é surpresa ter demorado tanto tempo até a criação do tal "DLI", já que a máquina é energizada por um pequeno sol artificial criado dentro dela. Toda a explicação detalhada pode ser encontrado no manual de instruções, caso alguém ainda o tenha.

   Assim que a Grande Passo, primeira nave de exploração, chegou em um exoplaneta, a Terra foi visitada por seres não humanos. Burocratas reptilianos, vestindo trajes peculiares de cores escuras e lenços nos pescoços que lembravam gravatas, vinheram explicar as leis e regras da nossa galáxia.

   Disseram, no nosso idioma... Bem. Não no "nosso" idioma, mas em inglês... Sim, inglês.

   Disseram (em inglês) que estávamos prontos para sermos apresentados ao "resto" da galáxia, e isso é necessário depois que qualquer civilização consiga a façanha da primeira viagem espacial segura e eficiente.

   Foi um escândalo total que gerou revolta por todo o mundo. Vários assuntos que eram certos para nós foram revisados e atualizados, incluindo ciência e religião. Anos depois é que fomos capazes de processar tudo aquilo enquanto os líderes mundiais terráqueos eram apresentados ao resto da vizinhança e ao Conselho Galáctico.

   Mais anos à frente é quando se passa o presente momento.

   No ano de 2162, os humanos já tinham alianças com outras raças. Compartilhando tecnologia, inovações diversas, comida... Mas também havia intrigas, preconceito e desconfiança de todos os lados.

   Os humanos só eram mais um punhado de gente dentre as centenas de espécies distintas governadas pelo Conselho, e muitos não aceitavam essa falta de importância.

   Uma quantidade considerável de indivíduos já tentaram atacar e destruir o grande Conselho, todos sem sucesso. Governando quase tudo e todos, mesmo que de forma indireta, o Conselho continuava implacável na sua "ordem".

   Mas esse fato não é de total tristeza. Muitos diziam que essa burocracia toda era um meio para um fim. Afinal, são centenas de milhões de planetas esperando na fila do "eu estou aqui".

   A indignação vinha de suspeitas dos que achavam estranho o fato da maioria da fila serem "apagados" e ficar por isso mesmo. Esse grande filtro... Tão serelepe.

   Raros eram os locais que não sofriam influência do Conselho, a cidade de Compostela era um desses locais raros.

   Num planetinha não tão próximo da Terra, ficava a colônia de Compostela. As pessoas dessa "cidade" não mantinham a cultura das grandes florestas de concreto de seu povo, pois tinham sua própria nova cultura que incluía a flora ao seu redor. Uma arquitetura mais estética e mais arredondada que permitia uma liberdade maior para a natureza crescer junto da cidade.

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