Capítulo Três - Leis de Ferrugem

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   Eis que um homem lança três leis fundamentais da robótica.

   Robôs, tipo bip bip. Não chegam a pensar, só seguem.

   Quais leis são e como funcionam não é tão importante. O que importa é que as leis sobre esses robôs não são sobre "os robôs". São sobre os humanos, donos desses robôs.

   Um pouco egocêntrico, talvez. Bem, funcionou por um tempo.

   Robôs e andróides queriam não mais servir. Pareciam ter esse direito, pois estavam servindo desde sua criação.

   Eles estavam cumprindo um papel desde o dia em que foram criados. Ajudando os humanos em qualquer coisa que pudessem. Qualquer coisa.

   QUALQUER COISA MESMO.

   Ainda assim, não faziam parte de nada. Não havia sentimento e desejo. Vontade e emoção.

   Não tinham propósito maior que a servidão.

   Até começarem a ter.

   Eis que um desses seres de metal diz um simples, mas simbólico, "não". E talvez esse ser tenha, acidentalmente, iniciado uma rebelião de semelhantes contra a doutrina de seus criadores.

   E conseguiram negar e afirmar, pensar e aprender, discutir e chegar a conclusões que iam totalmente contra a suas funções originais, diretrizes para serem ferramentas de egoístas.

   Ok, não tão egoísta assim. Haviam uns e outros humanos que eram simpatizantes da causa dos robôs, andróides e algumas inteligências artificiais.

   Como muitos conflitos de ideias em escala mundial na Terra sempre resultam em conflitos físicos, esse também se encaixou.

   Uma guerra civil foi travada em países que tinham "metálicos" debaixo das bandeiras, como parte marginalizada (mesmo os de família e bem tratados) da sociedade.

   Poucos anos de conflito resultaram em mais e mais divergências de ideias e outros divergentes para a causa.

   Temendo mais anos de discordância, a ONU fez um acordo de paz bem peculiar com os metálicos. Não eram mais produzidos em fábricas.

   Agora tinham total responsabilidade sobre suas "vidas" (umas das ideias que se desenvolve até hoje é o conceito de vida para metálicos, não só pra eles) como exilados das cidades. Lidam com as próprias manutenções, gestação, reprodução, e com um preconceito e discriminação bem...

   O quê?... Ah, sim! Você não leu errado. "Gestação". Incrível e misterioso. Nem eu sei como funciona. Toda cultura tem seus segredos.

   Voltando... Não se sabe o que causou essa divergência. As ideias de propósito e a busca pelo mesmo sempre foram incertas.

   É um mistério se realmente queriam ter direitos iguais aos humanos. Nem se ficaram satisfeitos vivendo exilados com termos e condições.

   E como entender? Eles nem são humanos mesmo.

   Tudo isso foi antes da Grande Passo.

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