Depois de três anos servindo de má vontade um bando de Sluvae que puseram novas regras no planetinha chamado Amendoim, Luana, uma terráqueo... Quer dizer, humana -- ela nasceu no Amendoim -- finalmente conquistou sua liberdade.
Uma pena seus pais não serem tão espertos quanto ela.
E uma pena que estaria tudo tão cinza.
Esses tons ganharam mais contraste e menos nitidez na guerra contra os Plunianos. Um deles chamou sua atenção no barulho de bang bang.
Laen, o Pluniano, decidiu tirar ela de perto de um cheiro fedorento e esverdeado -- ela ainda não enchergava cores, por isso o fedor poderia não fazer diferença -- e, depois de uma conversa até amigável e otimista entre os dois, Luana Caelum sentiu raiva e tristeza.
Não raiva por ser preciso Laen salvá-la, mas pela expectativa que a fragrância fosse lhe agradar. Mesmo que claramente não tivesse agradado sua equipe perdida nem um pouco.
E não tristeza pela guerra que tinha acabado cedo demais -- em paz, inclusive -- , mas por ela não ter conseguido o que queria.
Será que queria? Laen sem querer havia feito ela achar uma nova cor, verde grama, na palheta escassa. Como vislumbre no buraco da fechadura que foi ampliado com muito muito, mas muito esforço mesmo.
E tudo graças a ela.
No seu penúltimo esforço, Luana encontrou a sucata de uma robô humanoide bem importante. E religar foi um desafio. Levou para Laen religar e o desafio foi concluído.
--- Isso já está ligado, Laen?
--- Ahn, era para estar. Tenta só reiniciar essa...
--- Nem te te tente! E não é "isso", é Nazára!! Um no no nome em homenagem aaaaaas referências bobas do meu criiiador --- Nazára processou informações --- alguma pergunta antes de EU MESMA reiniciar?
Luana estava sentada de mau jeito numa cadeira bem em frente aos restos do que sobrou de Nazára. Ou seja, metade da cachola conectada numa bateria.
Laen via as duas pela tela de um computador próximo, ele nem estava lá, naquela garagem das primeiras casas de Compostela.
--- Vamos ver se você é tão abobada quanto quem te criou. Qual o sentido da vida, do uni...
--- Quero reiniciar só a mim, e não todo o resto! Vocês humanos são todos iguais.
Luana deu uma boa gargalhada.
--- Você é bem articulada para uma robô. Só te falta um pouco mais de educação.
A humana retribuiu o tchau do pluniano na tela do computador antes de Nazára falar:
--- E falta muito mais amor próprio entre vocês, humanos... --- e desligou.
Essa resposta reverberou por muito mais tempo do que devia na mente de Luana. Mal sabia ela que era mais uma cor. Branco nuvem.
E com essa palheta veio o último esforço para a anormalidade comum de todas as outras tonalidades em suas andanças pela galáxia. Sua filha, Dahlia, veio parecido com o gás na guerra.
Uma pastilha para cabelo verde horrorosa de azeda dos plunianos alterou peculiar na gravidez.
Diferente da antiga expectativa de agrado do gás, a filha era mais que só expectativa. Era a confirmação de que tudo poderia ser melhor. Que o amanhã não deveria ser que nem o ontem.
O filho, Fahad, veio um pouco depois e mesmo assim, ele, junto de Dahlia, se tornaram parte das cores do arco-íris infinito de Luana.
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A Torre Do Vento
Science FictionO livro pode conter alguns gatilhos, nada muito pesado. É só que, iguais as máquinas, nós também damos defeito. Nada de ruim, é só interpretação...