- Dentro do lago? Mas isso não faz sentido! E - Fahad franziu o cenho - parece menor. É tão fundo assim?
Daria para ver as grandes naves da pequena frota com suas bandeiras esticadas e simbolos de chifres balançando ao vento acima da cidade, se estivessem reparando.
O lago não era tão grande. Parecia um oásis naquele calor, não estavam delirando, talvez. Pensaram por um segundo que sim com o brilho debaixo d'água. Como um tesouro de pirata num navio há muito naufragado.
- Woow. Você sabe nadar, não é?
Dahlia estava olhando ao redor à procura da torre esbranquiçada reparou no irmão.
- Não! Não, não sei não - a garota tinha passado dois anos em aulas de natação como educação física, era isso ou futebol - vai ter que chamar outra pessoa pra pegar- o que é isso mesmo?
-É o que vamos descobrir - Fahad sorria entusiasmado para ela, Dahlia que desconfiava de peixes carnívoros - Ah, vai me dizer que não quer saber o que brilha nessa água?
- Não é isso... É só que-
- Então é medo? Olha, se estiver com muito medo, eu chamo a mamãe e ela - Fahad riu antes de terminar a frase. A garota de cabelo verde lhe entregou o rifle, enfurecida.
Correu para a água estranhamente gelada e ela entrou pelas botas e calça. Fahad ficou impressionado e sem reação.
Com um mergulho, agora estava debaixo d'água. Os raios de sol refletiam e iluminavam a água cristalina. Nadou pouco até o que reluzia mais que os reflexos e descobriu.
O objeto parecia diminuir quanto mais ela se aproximava, entretanto não saia do lugar. Pairava perto da areia no fundo do lago.
Dahlia não entendeu nada de como aquilo acontecia. Talvez perspectiva? Posição e tamanho que o observador tem do objeto o fazia... Bom, não era tempo de dar uma de investigadora paranatural, e sim de mergulhadora sufocando.
Agarrou o pequeno objeto e esse pareceu se agarrar a sua mão como cola e envolveu a até o pulso. As algas começaram a rodar numa correnteza que a circulava e a água foi ficando menos pesada.
Luz passou pelos seus olhos de todas as cores e formas.
Fahad pôde ver a água flutuar lenta e em espiral, como uma espécie show lento e cinematográfico, água voando no espaço e o lago parecia se desprender pedaço por pedaço dele mesmo. E Dahlia estava flutuando no meio disso.
Ainda dentro da água, seus olhos brilhavam em mil cores. O objeto se projetava no alto dela, emergindo da água flutuante.
Fahad percebeu que Dahlia começara a sufocar e tremer. Num movimento involuntário, ele mirou e rifle no objeto e respirou fundo, reunindo todo o resquício de concentração que podia, a que conseguia.
A arma era pesada. Não sabia se ela iria provocar um coice quando a energia- quando a eletricida-
Fahad largou a arma de lado. O choque talvez a machucasse. E correu até a água que subia lenta para o céu, porém parou antes de entrar. Não sabia nadar. Por que não deixou o futebol de lado e foi para a natação com a irmã? Se soubesse, isso iria ser rápido, tirá-la de lá.
Precisava tirar ela de lá. Mergulhou na parede de água. Imitou o que já vira a irmã fazer e nos filmes de ação.
Conseguiu pegar o pé da garota e o puxou para baixo. Não tinha força suficiente para mover muito mais, então tentou de novo e mais uma vez.
Perdia o fôlego e se movia para os lados, perdendo a compostura e a noção de posição.
A irmã já o salvara de um afogamento uma vez quando era mais novo. Só ela conseguiria sair de lá.
E se ela mesma se salvasse?
Fahad a puxou em direção a saída da água do lado da parede aquática e ele foi primeiro. Dahlia foi empurrada para fora d'água com lentidão até a gravidade a tirar dela, os dois cairão no pier e a água cair de repente e barulhento de volta ao lago.
- SOCORRO! - o grito de fahad não não era tão forte, era só uma criança e começou a chorar - MÃE! PAI! A DAHLIA VAI MORRER!
Fahad abraçava a irmã e soluçava. Pouco instantes se passaram até um vento forte e o assobio característico da nave de Laen aparecer acima das árvores, que balançavam ávidas.
- Lá estão eles. Lá estão meus filhos! - uma voz feminina saia da nave à cima do garoto, esse que não olhou, agarrado na irmã.
Um som que fez Fahad se encolher ainda mais parecia quase quebrar as tábuas do pier.
Fahad demorou para reconhecer Luana, sua mãe, ex mãe? Ela tirou rapidamente Dahlia das mãos dele e começou a pressionar com uma mão várias vezes o tórax da menina. E as vezes a... Beijava??
Luana continuou nisso por o que parecia ser uma eternidade, pensou Fahad. Não doía? Dahlia parecia não se incomodar, agora ela estaria cansada?
Mas a garota não acordou. Luana, embora mais gentil, sempre pareceu ser mais forte que Altair. Então por que tremia tanto e soluçava mais que Fahad? Não o olhava curiosa para saber o que o garoto tinha descoberto, ou nem ao menos lhe dava atenção.
Usava uma roupa estranha e parecia feroz. Branca azulada refletia a armadura leve, metálica. Dois galhos numa faixa enrolada no braço de Luana.
E de repente foi parando aos poucos. Laen parecia testar furioso um celular e Nazára já olhava o desenrolar da situação pela mesma escotilha da nave pairando sobre a água, agora não flutuante.
Luana olhava o horizonte enquanto mantinha dois dedos no pescoço de Dahlia.
- Mãe, desculpa! Eu... - Fahad arriscou.
- Querido, faz um favor para mim? Volta pro templo. Seu pai está lá. A mamãe vai cuidar de sua irmã - Luana levantou e carregou o corpo da garot - pede para seu pai ficar lá com você.
Nazára, a robô, pulou em seguida da nave e trouxe uma corda com um gancho onde Luana foi puxada com a filha para a nave.
- Não é sua culpa, querido! - Luana quase gritava por causa do som da cósmosucata - Nazára, não deixa o Altair ir para Compostela! Nem o Fahad.
A nave partiu rápida para a cidade, Nazára ficou olhando o garoto soluçar até os dois reunirem forças e voltarem para o templo depois de Fahad pegar o artefato do chão
Ameaçada com o botão de desligar, Nazára não teve escolha se não deixar Altair partir até a filha.
Fahad não entendeu nada.
Naquela tarde a energia parecia ter tomado outro chá de sumiço, um duplo chá, talvez.
Fahad explicou a Nazára sobre o que de fato aconteceu. Ela não acreditou.
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A Torre Do Vento
Science FictionO livro pode conter alguns gatilhos, nada muito pesado. É só que, iguais as máquinas, nós também damos defeito. Nada de ruim, é só interpretação...