Dahlia e Fahad subiram alguns degraus, empurraram com dificuldade uma grande porta vermelha de madeira e entraram no templo.
O salão era espaçoso para os dois. Um ambiente feudal, igual ao lado de fora, só que dentro.
Um grande salão. E muito bonito, inclusive. As paredes, piso, adornos nos cantos das vigas e pilares, todos de madeira muito bem esculpida. Portas de papel abertas, dando visão a uma nave desengonçada e estacionada no jardim por detrás do templo.
Os dois estavam deslocados, porém Dahlia parecia mais miúda e olhava para baixo. Diversas pessoas passavam de um lado pro outro numa correria só.
Estavam se preparando, se maquiando e enfeitando o lugar com lanternas de papel e fitas coloridas. Carregavam caixas, panos e objetos para lá e para cá sem descanso.
- Não lembro de festa. Não estão nem ligando para a fera lá fora? - Perguntou Fahad.
- Não faço ideia. Vai ter algum festival na cidade ou... Vai ver, eh - Dahlia coçou o nariz timidamente.
- Falou tudo, irmã.
Uma pluniana apareceu ao lado deles. Era bem jovem, igual os dois, sua pele azulada era bem mais pálida que a de Laen. O cabelo branco e olhos castanho claros davam mais destaque a sua beleza. Estava vestida de curandeira contemporânea. Sorriu quando falou com Dahlia.
- Posso tirar sua temperatura? Você parece bem quente.
- Ah, não precisa, Ambra. Eu me sinto bem - e se aconchegou nos próprios braços.
Fahad suspirou decepcionado e saiu de perto sem falar oi.
- Era - Ambra ficou sem reação com a resporta e não tentou explicar, mas continuou - então, é dia dos monstros e das bruxas. Já tem um par de fantasia? Eu tô livre, se não se importar.
- Eu ir com vo - Dahlia travou antes de terminar a frase, levantou as sobrancelhas e olhou pro lado - não posso.
A pluniana afastou uma mecha de seu cabelo branco antes de dizer:
- Deixa eu adivinhar, tem compromisso. Estudos?
- Isso - a garota voltou a olhar pra ela, mas seu rosto estava corando.
- E esses estudos vão cobrir exatamente o tempo da festa.
- Exato... - o rosto de Dahlia ia se tornando mais corado quanto mais a proposta de "encontro" ia se prolongando
- Ok, desta vez - Ambra chegou bem perto quando falou - só desta vez eu deixo passar - chegou mais perto - Mas você, minha doce Dahlia, está me devendo.
A garota de cabelo verde, pela primeira vez, não conseguia desviar o olhar daqueles olhos castanhos da pluniana. O coração batia rápido como nunca. Seus rostos estavam à menos de um palmo de distância.
Ambra observou Dahlia de cima à baixo, reparou no cabelo peculiar e tirou uma folha com delicadeza dos fios. Falou enquanto ajeitava os óculos redondos da tímida:
- Foi você que prometeu, lembra? - deu um sorriso preguiçoso com dentes afiados - e nem é grande coisa, boa sorte nos estudos - saiu andando distraída.
As pernas de Dahlia estavam tremendo, as mãos suavam e a respiração estava rápida. Ela ficou alí, parada por um tempo. As pessoas nem ligavam.
Fahad passou pelo tio e ele falou, como sempre gostava de falar, que a televisão captava ondas de rádio do que restou do big bang.
Fahad foi para o jardim, em direção a nave desengonçada.
Antes de chegar perto, ele viu sair da escotilha de carga um robô humanoide carregando uma caixa de ferramentas.
Não havia nada de interessante na aparência dela que valha a pena uma descrição minuciosa. Parecia uma robô humanoide genérico. Só a pintura de cobre, corpo fino e o olhar cabisbaixo era perceptível.
Parou e deixou a caixa de lado quando indagou bem alto com uma voz metálica feminina:
- É você o candidato a comandante do Exército do Conselho?
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A Torre Do Vento
FantascienzaO livro pode conter alguns gatilhos, nada muito pesado. É só que, iguais as máquinas, nós também damos defeito. Nada de ruim, é só interpretação...