falando a verdade

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— Bem, fui guiar a alma de alguém muito próximo a ela e estava no mesmo local, no caso, um hospital. — digo.

— Interessante. Como se apaixonou por ela? — indaga, curiosa.

— Anjos não se apaixonam, lembra? Apenas me interessei por ela, o que me chamou a atenção foi seus olhos. — explico, sorrindo.

— Ah sim, havia me esquecido que anjos não possuem sentimentos. Meu pai disse que o que mais interessou na minha mãe, foi o modo como ela se abalou com a morte de um dos pacientes dela, então ele passou a segui-la.

— Acho que é o mal dos anjos. —digo sorrindo. — Também segui a humana por quem me interessei antes de virar humano.

— Acho que sim. — Sorri também, fazendo meu coração acelerar com seu sorriso. — Tae, você não é humano a muito tempo, não é?

— Não. — digo sincero.

— Então você sabe quase nada sobre nós.

— Não sei, mas por quê? — questiono, franzindo o cenho.

— Sabe que nem todos os humanos são bons, muitos são maldosos, me pergunto se de quem você gosta é confiável.

— Ela é. É o ser mais doce que já conheci. Quando abandonei minha eternidade, eu tinha certeza que fiz a escolha certa. — digo convicto.

— Entendo. Se precisar de ajuda com ela, te ajudo. Caso precisar, é só me pedir. — me oferece.

— Obrigado, Mandy, mas acho que já tenho ajuda.

— Está bem. Temos que voltar, gostei de conversar com você, se precisar pode me chamar. Quer meu número do celular? Assim você pode me ligar e me procurar por qualquer coisa. — oferece.

Não sou bobo de recusar seu número.

— Claro.

— Me dá seu celular e salvo meu número nele.

Entrego meu celular para ela e digita seu número nele. Logo me entrega o celular novamente para mim.

— Eu te ligo, ou envio mensagem qualquer coisa. Obrigado por me ouvir. — Sorrio fraco.

— De nada, Tae, eu que agradeço por matar minha curiosidade. — Sorri ao me dizer isso. — Tae...

— Sim.

— Você me deixa tocar na sua cicatriz algum dia? Eu tocava na cicatriz de meu pai às vezes, é só para mim relembrar como é. Me traz lembranças de meu pai.

— Não precisa me dar explicação, você pode tocar nela, um dia quando não ter ninguém por perto. — lhe digo, sem acreditar o que me pediu.

— Sabe, eu dizia para meu pai que também queria que um anjo abandonasse sua eternidade por mim. Acho lindo uma história de amor assim, mas sei que é pedir de mais isso. — diz, pensativa.

— Você não sabe, não é? Pode ser que um anjo já abandonou a eternidade dele por você e nem saiba disso. — tento não deixar transparecer que isso já aconteceu, e que sou eu essa anjo.

— Verdade, se eu souber, eu largo tudo para viver esse amor. — Sorri.

Não acredito no que acabo de ouvir. Será que ela largaria tudo mesmo?

—  Tão fácil assim? — indago, franzindo o cenho.

— Não é sempre que um anjo abandona sua eternidade para conquistar a pessoa que deseja. Eu admirava o amor dos meus pais, sempre quis viver algo parecido, então sim, fácil assim.

Nos levantamos da grama e caminhamos novamente para o dormitório. Mandy segue para o seu, mas antes de seguir seu caminho, se aproxima de mim e me dá um beijo em meu rosto. Por eu ser mais alto, ela fica na ponta dos pés, com o gesto, sinto minhas bochechas esquentarem.

— Tchau, Tae, até qualquer dia. — Sorri.

— Até.

Volto para o dormitório, Will está acordado.

—  Mandy deixou isso para mim? — indaga, assim que adentro o dormitório.

— Sim.

— Obrigado por pegar pra mim. — Agradece, olhando o casaco em suas mãos.

— De nada.

— Vou até a biblioteca, preciso estudar um pouco.

— Você, estudar? — questiono franzindo o cenho, sem acreditar nas palavras que me disse.

— Eu preciso, sei que não sou de estudar, mas preciso. Semana de provas, sabe como é. Também próximo sábado terá uma festa na universidade, organizada por mim e alguns amigos. Então irei aproveitar bastante sábado que vem.

— Quando você vai ver seus pais?

— Só no outro final de semana. Os estudantes vão mais ou menos uma vez por mês, ou até esperam mais tempo. Depende como são as provas. Por quê? — Franzi o cenho.

— Por nada, Julie me disse que queria ver os dela, só por isso. — dou a desculpa.

— A ruiva está gamada em você. Ela é linda e beija super bem.

— Você e ela...

— Ficamos algumas vezes, antes de eu ficar com a Mandy.

Will diz isso e sai pela porta, me deixando sozinho novamente. Eu e ele não nos damos tão bem, até tentei ser bem amigável, mas acho que não gosta de mim. Eu me viro para sentar na minha cama e quase morro de susto ao ver Yoongi sentado sobre ela.

— Taehyung...

— O que quer, Yoongi?

— Ei! Fui seu superior quando você era anjo, ainda me deve respeito. — me repreende.

— Só quero saber o que faz aqui.

— Você não me vê, mas vejo você. Estou te vigiando as vezes. Tae, sei que falou a verdade para a humana.

— O que queria que eu fizesse? — digo franzindo o cenho. — Mentisse para ela? Anjos não mentem... —

— Você é humano agora, portanto pode mentir.

— O que aprendemos como anjo, dificilmente esquecemos.

— Está se arriscando ao ter revelado para ela sua verdadeira natureza. Confia nela tanto assim? — Cruza seus braços em frente ao peito.

— Sim, eu confio.

— Bem, o pai dela também decidiu não esconder a verdade. Só tome cuidado, não quero ver você sofrendo, humanos sofrem. Preciso ir, tenho trabalho para fazer. Até qualquer dia, Tae.

— Até, Yoongi.

Ele some das minha visão, provável que tenha ficado invisível aos meus olhos.

Notas: será que Mandy já está atraída por Tae agora que sabe que ele é um anjo? Confiram os próximos capítulos, não esqueçam de votar.

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