Capítulo 01

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Ayra Johansson

— O seus pais estão chegando. — Avisei, entrando no quarto em que ele estava hospedado. Vincent estava deitado de cabeça para baixo. Seus cachos loiros pendurados encostando no chão e um breve pedaço do seu abdômen de fora, já que a camisa estava caindo.

— Graças a Deus, eu juro que se eu não falar com a minha mãe antes de ir até a arena eu tenho um surto. — Respondeu, levantando e sentando normalmente na cama. Jogou o seu celular na cama do hotel e respirou fundo.

— O que aconteceu? — Perguntei, me aproximando e amarrando meu cabelo, já que os cachos caiam no meu rosto. Vincent me encarou e eu notei os seus lábios em uma linha reta. Eu estava preocupada com ele.

— Nada demais só... espectativas sobre a luta. — Ele  encolheu os ombros largos e eu me sentei ao seu lado. Notei a tela do celular dele ligada e nela estava uma matéria. Puxei a mesma e ele tentou me impedir, mas era tarde demais.

— A luta de hoje tem sido o  assunto mais comentado do momento, algumas pessoas já fizeram as suas apostas e entre elas, a menos especulada é a do... — Parei quando vi do que se tratava. A luta dele. Muitas pessoas estavam desacreditando nele, o desmerecendo e dizendo que o Deji acabaria com ele com tanta facilidade quanto um elefante esmaga uma formiga. — Vincent, nós dois sabemos que não será tão fácil assim. Você treinou muito pra essa noite, eu tenho certeza que...

— Ayra, olha os comentários. — Ele mandou e eu até pensei em olhar, mas seria pior. A internet um lugar tóxico demais e é por isso que eu odeio as mídias.

— Não, eu não preciso. — Joguei o celular, assim como ele tinha feito quando eu entrei no quarto. — Ei, qual é cara. Eu não reconheço você. — Falei, dando um leve empurrão no seu ombro, mas me arrependendo no mesmo instante já que aquilo era puro músculo.

Ele respirou fundo de novo e passou as mãos sobre o cabelo, retirando alguns cachos do rosto. Sério, tombou a cabeça para trás e eu olhei para a suas pintas no pescoço. Eu, por algum motivo, gostava muito delas.

— O que você acha de fazer aquelas trançinhas na hora da luta, uh? — Perguntei, tentando mudar de assunto, mas ele não me pareceu exatamente a vontade com isso. — Okay, já chega. Levanta! — Mandei, fazendo o mesmo e ele me encarou, seus olhos claros e meio tristes estavam me deixando extremamente nervosa. — Anda, levanta Hacker! — Mandei de novo, mas ele não fez a menção de levantar então eu me aproximar e puxei os seus braços, pousando a mão em cima de uma das suas tatuagens e o puxando, mesmo sabendo que era em vão, já que sua força não de comparava a minha. Gostaria de saber porque ele estava tão inseguro em relação a luta, quando ele finalmemte se deu por vencido e levantou eu quis socar sua cara por ser tão besta. Ele ia ganhar aquela luta, olha o tamanho dessa criatura.

— Você vai conseguir. E eu não tô falando isso somente porque sou sua amiga, eu estou falando porque eu confio no seu potencial e mesmo se todos perderem, você vai ser o único vencedor, Vincent. — Apontei o dedo no seu peito e olhei nos seus olhos, mas ele desviou o olhar. — Olhe pra mim. — Pedi, a voz baixa e ele fez. — Eu conheço você. — Pisquei e ele finalmemte deu um sorriso, breve, sem mostrar os dentes mas foi o suficiente para uma das suas covinhas aparecerem e eu sorri também.

— Você é incrível, Ayra. Ainda bem que você tá aqui. — Ele deu um beijo na minha testa e eu, por algum motivo, me senti envergonhada com o gesto.

— Obrigada, mas você sabe que se eu não te falasse isso a Maria falaria. — Mencionei a sua mãe e ele, sabendo que eu estava certa, balançou a cabeça concordando. No mesmo instante, alguém bateu na porta e ele, sabendo que eu não ia atender, caminhou até a mesma e eu me afastei até ficar fora da vista de quem estivesse na mesma.

Escutei a voz de uma mulher, logo então o Vincent concordou com a cabeça e fechou a porta. Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa ele retirou a camisa em um gesto rápido e eu parei onde estava.

Eu estava acostumada a vê-lo sem camisa, mas fazia um bom tempo que eu não o via pessoalmente e agora é a primeira vez que eu o via assim. A tatuagem nova nas costas me fez perder o ar.

Cocei a garganta, evitando olhar em sua direção pra não parecer estranha admirando sua... seu humilde porte.

— O que aconteceu? — Questionei, preocupada com a sua pressa e ele pareceu lembrar que eu estava no quarto.

— Ah, desculpe. Era uma das agentes dos meninos, nós vamos na arena pra... ensaiar e entrada. — Pareceu mais uma pergunta do que uma afirmação, ele estava meio perdido procurando uma camisa que não fosse regata na sua mala. — Eu não entendi direito, mas eu tenho três minutos pra descer. Incrível que eles avisam as coisas em cima da hora. — Reclamou, e eu me aproximei dele, tentando ignorar o seu tronco nu. Puxei uma camisa verde escura entre as suas roupas que eu sabia que tinha mangas e estendi para ele que pegou suspirou, colocando a camiseta. — Obrigada, Ay. — Me chamou pelo apelido e eu balancei a cabeça apenas. — Ah e se você quiser esperar, quando eu voltar nós podemos...

— Ah não se preocupe, faça as coisas que deve fazer, eu vou receber seus pais e nós nos encontramos de noite. — Pisquei em sua direção e ele parou na porta, antes de sair.

— Obrigada, mais uma vez por... por tudo. — Suas palavras estavam baixas, ele ainda parecia meio nervoso mas eu não disse mais nada. Apenas confirmei em um aceno e ele saiu, me deixando sozinha no quarto.

A Luta | Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora