Capítulo 06

556 39 35
                                    

Ayra Johansson

Eu corri em direção aos bastidores, desviando das pessoas e esbarrando em algumas, eu estava sem fôlego e controlando a minha respiração quando parei em frente a sala na qual nós estávamos antes da luta começar. Lá, Maria, Nate e Reggie ainda estavam eufóricos e conversando com os treinadores. Eles não demoraram a notar a minha presença e Maria foi a primeira a vir correndo em minha direção.

— Ay, você viu? — Ela me abraçou e eu a abracei de volta. Um abraço apertado e cheio de alegria. — Meu bebê foi incrível! — Ela se afastou e eu apenas concordei, passando o olho ao redor da sala, buscando por ele. Maria pareceu perceber e não precisei falar nada para ela se direcionar a mim. — Ele está no vestiário querida.

— Obrigada. — Agradeci e não perdi tempo. Assim que entrei no vestiário, ele estava retirando as ataduras nas mãos, o rosto concentrado nisso. Mas ele sabia que eu estava aqui, seus ombros largos ficaram tensos por algum motivo e eu, ainda tentando controlar a minha respiração por toda a correria até aqui. — Você conseguiu. — Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça, a minha voz estava rouca de tanto gritar e minha garganta ainda ardia, mas eu repetiria aquilo mil vezes se fosse possível.

— Eu consegui. — Ele repetiu.Terminando de retirar as ataduras brancas e jogando no banco no qual ele estava sentado. Ele finalmente levantou o olhar eu consegui encara-lo. Seus olhos estavam brilhantes e eu quis chorar de novo, mas me contive. Meus passos me levaram até ele, e eu me abaixei até o banco, o abraçando. Não me importei com o suor, não me importei com o barulho lá fora, não me importei com mais nada quando meu peito conseguia sentir o seu. Meu coração estava batendo no mesmo ritmo que o seu.

— Você conseguiu e você foi incrível. — Falei, me afastando e sentindo suas mãos, que estavam nas minhas costas descendo até a minha cintura. Eu paralisei por um segundo.

— Você tá rouca. — Ele constatou e eu sorri sem mostrar os dentes, ainda sentindo suas mãos na minha cintura, me impedindo de se afastar.

— Digamos que exagerado um pouco na torcida.

— Um pouco, é? — A sua voz saiu meio rouca também e ele se levantou do banco. Ainda segurando na minha cintura, aqueles treze centímetros de diferença logo se mostrou quando ele ficou na minha frente. Eu estava um pouco perdida, desnorteada pelo seu toque e sem saber aonde colocar as minhas mãos, então eu apenas as cruzei na frente do corpo. Diante do meu silêncio, ele umideceu os lábios e olhou para algo atrás de mim, mas logo em seguida voltou sua atenção ao meu rosto. — Eu já falei o quanto eu estou feliz por você ter vindo? — Ele perguntou, a voz baixa e os dedos prensando contra minha pele.

— É, eu acho que você já falou algo do tipo. — Eu ri sem jeito. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas a forma como ele estava agindo.

— E eu tô gostando muito da sua voz rouca também. — Uma das suas mãos saiu da minha cintura e retirou um cacho que caia no meu rosto. Eu me arrepiei por inteira quando somente a ponta do seu dedo roçou na minha bochecha.

— Não faça isso. — Consegui forças para falar, mas ele colocou a mecha atrás da minha orelha.

— Isso o que? — Perguntou, inclinando um pouco a cabeça para me olhar quando eu desviei do seu.

— Isso, essas coisas e me olhar assim. Nós somos amigos, Vincent. — Repeti o que estava na minha mente,
mesmo que algo, aqui dentro soubesse que amigos não... não tinham aquilo. Seu olhar continuou o mesmo, seu dedo acariciou a minha bochecha e desceu até o meu pescoço, eu fechei os olhos, sentindo seu toque e estremeci quando seus dedos afundaram no meu couro cabeludo.

— Tem certeza? — A sua voz me fez abrir os olhos e antes que eu pudesse responder, ele tomou minha boca em um beijo. Suas mãos ainda puxando o ponto na qual elas tocavam, me fazendo sentir os músculos do seu corpo contra o meu. Eu não me afastei.

Minhas mãos correram para os seus braços, o segurando e subindo até o seu pescoço. Ele passou os lábios sobre o meu inferior e eu os abri, dando acesso para que ele se aprofundasse naquele beijo. Eu já estava ofegante antes, agora então... Seus lábios eram macios e lentos, tomando o tempo necessário para saciar aquela vontade que ele tinha quando me puxava contra si.

Ele mordeu levemente o meu lábio inferior, me fazendo soltar um ruído baixo que o fez sorrir contra a minha boca. As minhas pernas pareceram perder as forças por um instante, mas ele, felizmente, tinha a o braço apertando a minha cintura.

Ainda sorrindo, ele se afastou, mas não o suficiente para me soltar, não o suficiente para tirar sua mão do meu couro cabeludo. Seu polegar ainda fazia pequenas carícias enquanto a mão na minha cintura, me apertava. Eu estava embriagada pelo seu toque.

— Você devia ter socado aquele apresentador também. — Falei, a primeira coisa que veio na minha cabeça quando eu abaixei o olhar e notei as luvas ainda no banco no qual ele estava sentado minutos atrás. O apresentador, tinha comentado que o Vinnie ia perder a luta, ele disse com tanta convicção que o Deji ia acabar com ele, mas não foi bem assim.

— Eu queria, mas não podia. Eu estava... estava desesperado por isso. — Seus lábios tocaram os meus de novo, mas foi rápido.

— Desde quando, Vincent? — Perguntei, e ele soube do que se tratava.

— Desde sempre.

— Não minta.

— Ayra, você é tão devagar as vezes. Quando eu vi você pela primeira vez eu passei literalmente dez minutos te olhando, mas a primeira coisa que você me perguntou foi "O que diabos você olha tanto?" e eu soube que você não seria... não seria fácil de se ter. — Ele disse com um sorriso meio receioso e eu quis sorrir também, mas eu estava nervosa demais com tudo o que aconteceu para falar alguma coisa. A única coisa que se passava pela minha cabeça era o seus lábios nos meus, os lábios que estavam na minha frente agora.

— Ah, só... — Puxei o seu pescoço e beijei os seus lábios novamente, deixando a vontade tomar conta e substituir a razão.

A Luta | Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora