Prólogo

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N/A: Olá pessoinhas, cá estou eu com uma short fic desse casal maravilhoso que é Ranpoe. Recadinhos rápidos: o nome da fanfic é baseado em uma música e está modificado. Essa fanfic tem um contexto muito grande de peças de piano então eu vou deixar uma musiquinha no início de cada capítulo que é para quem quiser se localizar sobre a música descrita no capítulo. Está fanfic já está toda escrita, porém ainda exige revisões e eu pretendo escrever dois capítulos bônus se tudo der certo, mas é provável que até o final da semana esteja toda postada.  Há também algum plano de fundo Yosano x Kouyou e Skk aqui.

Espero que gostem e boa leitura!


A primeira vez que eles se encontraram foi um acidente. A segunda foi coincidência e a terceira definitivamente não foi, e muito menos todas as outras vezes que a seguiram.

Ranpo era um detetive, disparado o melhor de toda região, provavelmente do Japão também, e o outro era apenas um homem muito inteligente e observador. Ranpo foi designado para investigar um assassinato em um pub local junto com sua parceira Yosano. Ranpo resolveu o caso no momento em que pôs os pés no local. Entretanto, Yosano insistia que precisavam seguir o protocolo, então eles fizeram perguntas e foi quando Ranpo o percebeu ali.

Alto, magro e com cabelos ondulados sobre o rosto de forma sombria e um tanto encantadora. Yosano questionou ele sobre os eventos da outra noite, e ele quem quer que fosse frequentava o pub por qualquer razão que Ranpo achou descartável questionar. Acontece que superando as expectativas o simples homem lhe disse com uma precisão assustadora o que ele pensava ter acontecido, a mesma precisão com a qual Ranpo resolveu o caso apenas com as informações preliminares e uma visita ao local.

Yosano sorriu nervosamente quando notou o olhar de admiração de Ranpo e despachou o homem sem mais questionamentos, ela sabia que ele estava certo, pois ele havia dito o mesmo que Ranpo minutos atrás. Ranpo lembrou-se de questionar a Yosano o nome do homem e o nome "Edgar" ficou cravado na sua memória como ferro quente.

A segunda vez Ranpo estava perdido, o que não era realmente uma novidade. O motivo talvez fosse, Ranpo havia discutido com Yosano por algum motivo trivial que ele sequer se recordava e foi deixado sozinho ao fim de um caso. Enquanto resmungava como telefones são "porcarias tecnológicas que nunca funcionam quando é realmente necessário" ele esbarrou em alguém, alto demais.

Um arrepio subiu a espinha no momento que Ranpo focou os olhos no homem a sua frente. Edgar, o mesmo de algumas semanas atrás. Ele pareceu ter o reconhecido também, pois além da gentileza de emprestar seu próprio telefone para o detetive realizar uma ligação para o mais novo subordinado da agência - o pobre Atsushi - ele ainda o acompanhou até uma praça que serviria como ponto de encontro.

Foi naquele momento que Ranpo decidiu olhar mais a fundo para o homem, suas roupas e seu jeito de falar e andar. Ele era claramente estrangeiro, fato esse que o detetive já havia listado em seu primeiro encontro, tanto pelo nome, quanto pela aparência. Ele usava roupas escuras e compridas, parecia ter saído de algum livro vitoriano do século XIX. Ranpo pode notar um vislumbre dos olhos que pareciam mais violeta do que cinza, como havia imaginado em seu primeiro encontro. Edgar era claramente tímido, ele não falava mais do que o necessário, ainda que isso contrastava com a descrição precisa do assassinato de semanas atrás, o que levou Ranpo a outro ponto, Edgar era escritor. Isso ficou evidente por duas coisas, a primeira e mais óbvia era a mancha de tinta de caneta nas mãos, o tipo de mancha de uma pessoa que passou horas rabiscando ideias sobre o papel, a segunda foi a forma como Edgar soava absurdamente poético em tudo.

O detetive formou a imagem completa de Edgar nos poucos minutos que vagaram até a praça, ao fim quando o escritor estava prestes a se despedir Ranpo pronunciou a única pergunta que não havia uma resposta clara sobre a imagem do outro:

— Por que você costuma frequentar aquele lugar?

Muitas pessoas pediriam que o detetive fosse mais específico, no entanto, Edgar não era uma delas. Ele apenas sorriu timidamente e disse:

— Eu costumo me apresentar lá.

E deu as costas a Ranpo com um aceno de despedida, deixando Ranpo confuso pela primeira vez em muito tempo.

E isso leva a terceira vez que eles se encontraram. Aquela a qual definitivamente não foi uma coincidência. Ranpo havia feito as pazes com sua parceira e implorou para levá-lo de volta àquele pub ao qual encontrou Edgar pela primeira vez. Ela levou um tempo, mas cedeu. Ranpo exigiu que fosse em uma quinta-feira, já que, se ele não estava enganado ele havia esbarrado com Edgar em uma quinta-feira, não entenda errado Ranpo dificilmente se engana, mas dias da semana, linhas de trem, ruas, direções, horários e datas são um aborrecimento para o detetive.

Ranpo sentiu-se ansioso antes de irromper pelas portas do estabelecimento e dessa vez ele teve uma visão completamente diferente do local. A iluminação tinha um tom laranja que refletia nos móveis escuros e causava um ambiente estranhamente acolhedor. Havia burburinhos de conversas e ocasionais risadas jogadas ao vento, porém a maior parte do ambiente era preenchido por uma melodia suave que vinha de um piano no pequeno palco do local. Não era algo necessariamente triste, mas era tocante, não era lento, era ritmado e doce, era perfeito.

Não havia uma letra e nem precisava, para Ranpo soava como uma confissão de amor escondida, algo sentimental, mas não tanto para causar desconforto. O detetive observou mais atentamente o homem que dedilhava o piano com tanta maestria. Edgar parecia vindo de uma realidade à parte e parecia ainda estar preso a ela. Ele não demonstrava notar a admiração que as pessoas sentiam por escutá-lo ou apenas por vê-lo dedilhar as notas, pois ambos eram encantadores. A música e o músico.

Muitos poderiam alegar que era ensaiada a forma como Edgar se movia e a forma como seus dedos mal pareciam tocar nas teclas, porém Ranpo nunca foi qualquer pessoa. E ele podia ver como Edgar parecia alheio a uma apresentação de si, ele estava focado e perdido na música, nas notas, nas pausas, nas acelerações, no ritmo e bom, Ranpo também estava. Tão perdido que mal percebeu quando a música chegou ao fim. Uma chuva de aplausos não parecia suficiente para apresentação e Ranpo gostaria de fazer mais do que ficar parado e bater palmas como todos os outros ali.

Edgar sorriu timidamente e emendou outra música que provavelmente seria tão longa quanto a primeira. Quando a melodia começou lenta e quase nula Ranpo sentiu algo se remexer dentro de si, não era como quando algo o intrigava, pois não parecia contrariar seus instintos — ainda que, a ideia do tímido escritor se apresentar com tanta maestria contrariava seus preceitos sobre o mesmo — era mais como algo que se encaixava, e a medida que a música avançava era mais como se as coisas fizessem sentido do que o contrário.

Foi quando a magia se quebrou. Yosano havia colocado a mão em seu ombro de forma que o estagnou no lugar, e apenas nesse momento Ranpo percebeu que havia avançado. Ele estava a pouco menos de dois metros do palco agora. A amiga e parceira o puxou levemente e se inclinou para perguntar:

— O que está acontecendo?

Ranpo a encarou, sem resposta em muito tempo.

Ele não entendeu direito aquele sentimento. Sejamos honestos, ele não entendeu nada do que se passou consigo nos últimos momentos e repentinamente aquilo o assustou como o inferno.

— Vamos embora daqui.

Yosano entendeu menos ainda quando seguia apressadamente o amigo.


N/A: Se gostou, por favor, me diga, às vezes eu não sei o que responder, mas amo os comentários! Obrigada por ler até aqui e espero você no próximo capítulo!

We falling - apart - in love (Ranpoe)Onde histórias criam vida. Descubra agora