Doente

236 33 10
                                    

          Narrado por Draco Malfoy
 

Eu estava decepcionado.

Decepcionado com o lugar que eu achava ser o meu lar, a minha casa. Eu achava que éramos família, irmãos e irmãs. Eu amava aquele lugar.

Quando pequeno eu amava ir à igreja, era como se fosse uma segunda casa. Eu era muito bem tratado, uma linda criança seguindo o caminho de Deus, todos amavam aquela criança que eu era.

Entretanto, com 12 anos de idade comecei a fazer perguntas, perguntas relacionado à Bíblia, coisas que me deixavam com dúvidas,  e ninguém melhor do que os meus pais para esclarecer essas dúvidas. Enquanto eles faziam o seu melhor para esclarecê-las mais eu questionava, pois havia coisas que em meu ver não fazia o menor sentido.

Com 14 anos me descobri gay. Acho que eu já sabia, pois eu não me sentia atraído por nenhuma menina, enquanto os meus amigos falavam de garotas, eu ficava pensando em como seria bom beijar os lábios deles.

Eu não sentia nada quando o assunto era garotas, elas não despertavam nenhum tipo de interesse amoroso ou sexual em mim, ao contrário dos garotos que só de olhá-los minha mente conseguia voar para momentos mais intensos, como beijos, carícias e toques mais íntimos. No começo não foi fácil ficar perto de algum garoto bonito sem  perder o foco de qualquer outra coisa.

Para o meu azar comecei a gostar de um dos adolescentes da igreja, ele tinha lindos olhos cor de mel, cabelos castanhos, ele era muito bonito. Lembro-me de ter lido Levítico 18:22, a passagem que me fez parar de ler a bíblia. Para mim aquilo não possuía o menor sentido, não faz sentido amar ser pecado. Me recusei a aceitar.

Eu nunca fui covarde, eu falava as coisas, fazia perguntas quando as dúvidas surgiam e defendia minha opinião.

Quando me assumi para os meus pais foi com a cabeça erguida. Eles ficaram pálidos, meu pai desmaiou e minha pareceu ter visto um fantasma. Eles eram evangélicos.

Quando meu pai acordou, os dois perguntaram se eu tinha certeza disso, meu pai até insinuou que podia ser apenas uma fase, mas não me abalei, defende a minha sexualidade.

Eles estavam apavorados com o julgamento das outras pessoas, com o que iriam dizer.

Eu os disse que eu não me sentia envergonhado por gostar de homens, e que eu me sentia mais do que orgulhoso de finalmente poder admitir quem eu realmente sou, que eu nasci assim e nada, nem ninguém pode mudar isso. Depois de uma conversa bem longa  eles aceitaram, prometeram me apoiar e que sexualidade nenhuma mudará o amor deles por mim, e disseram que se eu estiver feliz para eles não tinha nenhum problema.

Eu fiquei extremamente feliz, pois no fundo eu estava um pouco nervoso em me assumir, soube que eu era bastante sortudo naquele dia, eu era sortudo por ter pais como eles.

Em um domingo elogiei o lindo garoto de olhos cor de mel, apenas disse que ele era muito bonito. Ele não levou isso muito bem, ele contou aos seus pais que me encararam como quem quisesse a minha morte, não duvido que queriam.

No domingo seguinte ao chegar na igreja algo tinha mudado.

Eles começaram a me olhar com desprezo e com nojo. E se tem algo na qual eu sou bom, é ignorar, e foi o que eu fiz.

Meus pais haviam comentado com uma irmã sobre a minha sexualidade, eles não tinham vergonha de mim, a bendita mulher surtou, ela começou a dizer que eu iria queimar no inferno e eles iriam junto por estarem apoiando algo tão abominável.

Fomos no culto mais uma vez, os fiéis não desgrudavam os olhos de nós, o pastor passou a pregar sobre homossexualidade dizendo que era algo para se ter vergonha, que todos os homossexuais serão castigados no julgamento final. Eles pararam de receber as contribuições dos meus pais.

Os jovens não falavam mais comigo, eles me evitavam como se eu estivesse com uma doença muito contagiosa.

Foi horrível. Eu fiquei abismado com o comportamento deles, pois o lugar que eu pensava ser meu lar passou a ser um lugar desconfortável de se ficar. Eu me sentia um intruso em meio a eles, fui por mais dois domingos até decidir parar de ir, eu não queria escutar o pastor pregando ódio ao em vez do amor, o pastor até desejo nossa morte para pararmos de contaminar o mundo, na opinião dele nós nem devíamos existir.

Eu não os entendia. Eles deviam estar pregando o amor.

Uma vez vários fiéis tentaram invadir a minha casa alegando que eu precisava de oração para deixar de ser " doente," meus pais fizeram questão de colocá-los em seus devidos lugares.

Meus pais ficaram preocupados achando que eu estava muito magoado, eu estava. Mas não consegui conter os risos quando vieram. Gargalhei altamente, eu ri deles, da tentativa inútil deles, eu ri das ações tão idiotas quanto a mente mal desenvolvimento deles, meus pais me perguntaram o que era tão engraçado apenas dei de ombros e eu havia dito "Eles dizem que somos doentes, mas está tudo bem. Porque eu nasci doente e amo ser assim."

            ➶➶➶➶➶ Dray ➷➷➷➷➷




_ Senhor, estamos fechando. _  Avisa o barman, nem me lembrava de onde eu estava, eu havia me perdido em meus pensamentos.

_ Você é gay que eu sei, pois o meu gaydar não falha. _ O vi ficar vermelho e seus olhos dobraram de tamanho, o que fez meu sorriso ampliar. _ Sai do armário, cara. Ele está cheio demais

A bebida já estava afetando o meu corpo, mas é como dizem, bêbados falam mais verdades do que gente sóbria. Tirei algumas notas do meu bolso e coloquei em cima do balcão, o barman continuou me olhando com as bochechas rosadas.

_Que gay. _ sorri para ele que corou fortemente, soltei um pequeno riso _ AMO SER GAY! _ gritei antes de sair, nem me importando com os olhares dirigidos  a mim.

Tudo que eu espero é não acordar com uma puta dor de cabeça amanhã, pois tenho aulas. Agora tenho que me preocupar em chegar em casa.

         ↫↫↫↫↫ yardley ↫↫↫↫↫


Oi, espero que estejam gostando, se puderem comentar e votar me fariam um enorme favor.

É apenas uma fanfic, não estou atacando nenhuma religião ou qualquer coisa do tipo. Espero não ter desrespeitado nenhum de vocês .

Até a próxima.

Doce PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora