❼│𝕺 𝖈𝖆𝖓𝖙𝖔 𝖉𝖊 𝕶𝖊𝖑𝖕𝖎𝖊

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Pedras, galhos e pequenas fontes de água

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Pedras, galhos e pequenas fontes de água. Esse é o limite de visão da morena que apenas parou após seguir em linha reta pela floresta estranhamente silenciosa demais. Quando saiu da estalagem, agitada e confusa, a mesma voz das vezes anteriores ecoou em sua cabeça de maneira clara e direta.

" Pegue a capa estendida, vista-a, não mostre suas roupas a ninguém. Vire à direita nas crianças brincando na rua e siga até a muralha de pedra, bata duas vezes oito centímetros acima de sua cabeça. Não deixe que a vejam."

Não poderia negar o quão bizarro aquela voz estava se tornando por saber as exatas ocasiões em que Reiwa precisava de ajuda ou até conseguir indicar as posições do lugar considerando o ambiente em volta. Ela olhou ao redor, porém não percebeu os olhos de nenhum ser vivo fixos nela então resolveu seguir os passos indicados, conseguindo sair daquele esquisito povoado e voltando ao que achou ser o ponto de início, guiada pelas balas perdidas pelos desvio dos homens peludos no trajeto de caça e fuga.

Ela parou diante de um pequeno lago um pouco mais profundo do que os outros que notou no caminho e observou a água pensando no que fazer. Seria insensato de sua parte meramente lançar-se ao lar de Poseidon sem nenhuma garantia que isso a levaria de volta para casa.  Não desejava continuar nesse ninho de loucos, pensou em seus pais e o quão desolados estariam com o assassinato e sumiço de seus dois filhos queridos no mesmo dia.

Forçou sua cabeça a pensar, entretanto antes que uma resposta viesse a sua mente seus ouvidos captaram um canto se aproximando e ela ficou perplexa pela imagem de um cavalo cinzento surgindo nas águas com uma pelagem natural de musgos e corais. Os olhos grandes — levemente caídos para transmitir um sentimento de tristeza — hipnotizaram a mulher que não conseguia sequer piscar e assim desviar seu olhar, obrigada a se entregar e ser enfeitiçada pela magia daquele som afinado com o olhar despedaçado.

A sensação da água batendo nas pernas subindo até a barriga foi o efeito do feitiço imposto. Ela caminhou pela água em direção da criatura aquática da mesma maneira de um sonâmbulo faminto andando até a geladeira, apenas percebendo onde chegou quando sua mão tocou o lombo pegajoso do animal, incapaz de se soltar daquela cola grudenta.

Ao voltar a consciência, somente conseguiu gritar uma vez antes de ser puxada para o fundo no que seria seu fim. A cantoria foi parada e a velocidade que a criatura afundou fez seu arredor escurecer rapidamente e bolhas de ar escaparem por seus lábios em sua tentativa falha de puxar oxigênio.

Com a visão um pouco turva a mulher apertou os olhos e conseguiu enxergar minimamente a sobra de um homem, contudo, ela estava há tempo demais debaixo d'água para se manter acordada por mais alguns minutos, ao passo que suas pupilas fecharam-se e apenas obtiveram o direito de se abrirem novamente quando a pressão feita em seu tórax foi o bastante para que ela cuspisse a água ingerida, tossindo sem pausa pelo mal estado.

— Você está bem? — ofereceu a mão que ela segurou para se colocar sentada e expelir o resto de água dos pulmões. — Não deveria estar aqui, esse lugar é perigoso demais, principalmente agora que todos estão loucos.

𝑯𝒆𝒓𝒅𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒆𝒄𝒊𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora