𝑯𝒆𝒓𝒅𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒆𝒄𝒊𝒂

❶⓿│𝕽𝖔𝖙𝖎𝖓𝖆

Diferente de seus pensamentos iniciais influenciados pelos livros de ficção lidos durante o período escolar, em que rapidamente a protagonista logra adquirir seus poderes e capacidade física sobrenatural, não havia outra palavra para descrever as semanas que se passaram além de "exaustivas".

Suas mãos estão calejadas pelo manuseio inadequado da espada — o que lhe é difícil de aprender pelo costume com armas de fogo — e hematomas distribuídos por seu corpo mostram que delicadeza não é um dos atributos de sua instrutora.

Apesar dos gênios e culturas distintas no grupo ao qual Reiwa foi inserida — Ryuu nasceu em Primavera enquanto Thessar foi criado em Verão, por exemplo — , a morena pôde notar que eles viviam em harmonia na maior parte do tempo. Tirando os momentos em que Ryuu fazia uma piadinha de mau gosto e Ishid e Thessar brigavam pelo último pedaço de carne, ou quando se juntavam para brincar com a pele do rosto de Morphéus, forçando expressões faciais movidas a puxões.

Sob ordens da prateada que se iguala ao patamar de um líder para os mascarados, número seis e número dois foram os eleitos para ensinar as competências básicas à nova mulher do bando. Ryuu explicava a Reiwa o funcionamento deste mundo, como as coisas eram antes e como tudo ficou após a tríplice união — aliança formada entre capital, verão e primavera — tomar o poder e defender o novo governo. Um mundo movido por ódio, ressentimento e medo. Ódio dos que matavam, ressentimento dos que eram mortos e medo dos que ficavam vivos, esperando temerosos quando será a sua vez de ter ressentimento.

Ishid por sua vez, de maneira nenhum pouco cortês, demonstrava a forma correta de manusear uma espada, realizando repetitivos treinos de combate todas as manhãs.

— Não, não e não — reclamou batendo a bainha da espada nas costelas de Reiwa no último "não" enquanto andava ao seu redor. — A postura está errada.

Reiwa resmungou, ajeitando sua postura de imediato, mantendo os olhos fixos na estátua do outro lado da área aberta com intuito de ignorar a dor da parte golpeada.

𝐸𝑙𝑎 𝑚𝑒 𝑜𝑑𝑒𝑖𝑎

Este foi o primeiro pensamento que passou em sua mente na primeira vez que treinaram juntas e em verdade parecia sua hipótese estar correta.

Sem demora, colocando-se à frente da combatente inexperiente, a mulher de grande estatura e músculos sobressalentes — vistos após a retirada da capa e uso de uma camisa sem mangas — sacou a espada em um movimento só, ágil e brusco, sendo possível ouvir o som final do metal após se libertar de sua bainha.

Os golpes a seguir vieram rápidos, e Reiwa aparou-os com dificuldade, com a lâmina escorregando entre seus dedos trêmulos e a respiração pesada, aplicando uma força além de seus limites para não ser atingida.

— Não apenas se defenda — avisou Ishid usando uma força maior para a desestabilizar, notando os joelhos de sua oponente se dobrarem. — Lute como se sua vida dependesse disso, pois muito em breve dependerá.