❾│𝕸𝖊𝖚 𝖓𝖔𝖒𝖊 𝖊́...

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No lampejo de um instante estavam os dois próximos do mesmo caminho escondido entre as montanhas que traçaram na companhia de um terceiro indivíduo. Desta vez, é Morphéus — o nome ainda lhe parecia engraçado nos lábios, como se fosse uma referência a mitologia de seu mundo, mesmo que alí ela tivesse a certeza de que tal homenagem não fosse possível — quem carrega a tocha, instintivamente o homem voltou ao seu aspecto calado como se todo conjunto de palavras faladas anteriormente apenas tivessem sido uma alucinação por parte da mulher.

— Por que é sempre tão calado? — apressou os passos para não ficar para trás na escuridão. — É tímido ou apenas muito antisocial? — fez uma pausa, na esperança de uma resposta, mas novamente seu interlocutor não estava disposto a dá-la.

Suspirou desapontada por imaginar que ele estaria mais aberto a seus questionamentos uma vez que no mínimo compartilhou seu nome com ela. Entretanto, o moreno mantinha com afinco a volumosa parede que delimita o grau de intimidade possível entre os dois.

Com o fragmento de luz cegando seus olhos após saírem do túnel, ela posicionou o braço à frente do rosto e, após se acostumar com a claridade repentina, permitiu-se olhar a rua não tão lotada como horas atrás. Quis perguntar sobre as pessoas, todavia preferia não ser vista pelos olhos curiosos então ao final nada falou e apenas seguiu o homem que a levou em uma direção diferente da última vez.

Ao invés de uma pousada, o trajeto os indicou a um daqueles prédios flutuantes — o mais majestoso entre eles, para ser mais claro — e Reiwa, boquiaberta, passou seu olhar do imenso castelo voador à Morpheus, que não demonstrou nenhum indício de relutância ou desconfiança deste ser o destino equivocado.

— A gente vai subir aí? — perguntou duvidosa contando em sua mente quantos metros de distância estaria do chão e em resposta o homem apenas acenou com a cabeça.

Antes de contestar a possibilidade de uma morte prematura em consequência da irracional ideia de alcançar edificações tão distantes do nível do solo, Reiwa sentiu uma mão envolver sua cintura e instantaneamente no momento em que seus olhos encararam os do moreno, ela foi lançada ao ar em direção vertical, e uma série de xingamentos e ruídos incompreensíveis escaparam por sua boca pelo susto.

Crendo cair após elevar-se muito alto, a mulher fechou os olhos involuntariamente, porém o 𝔟𝔞𝔮𝔲𝔢 não foi ouvido, seus pés não tocaram o chão e então ela abriu os olhos, percebendo que não estava caindo e sim flutuando no ar, sendo agarrada pela capa que usava por um cavalo com asas que a segurava pelos dentes, levando-a para cima.

Sem palavras, a mulher observou com os olhos arregalados as elegantes asas que se moviam energicamente para o alto, apenas soltando a mulher quando a ponta de seus dedos sentiram as dolomitas que formavam a ponte para acesso dos edifícios flutuantes.

Já longe do perigo, os estonteantes olhos rosados do animal a observaram de maneira tão terna que ela sentiu a sensação que ele a compreendia. Sobre o que? Nem ela saberia explicar se a perguntassem. Apenas... compreendia. Talvez via suas dores, suas confusões e seus medos, ou simplesmente notava que ali não era seu lugar. Por instantes ela considerou que talvez aquele equino fosse um humano. Oh, não. Estava começando a ficar louca como as pessoas daquele lugar. Sequer poderia ela ter a segurança de que ao menos aqueles seres de orelhas pontudas possuíam alguma humanidade, quem dirá um cavalo.

𝑯𝒆𝒓𝒅𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒆𝒄𝒊𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora