MY DEAR DIARY

CINCO

O que é se apaixonar?

Bem, de acordo com o google quando você se apaixona você consegue ver coisas boas na pessoa, consegue decifrar palavras apenas em olhar os olhos da pessoa amada.

De acordo com meu professor de filosofia vulgo levou um pé na bunda esse final de semana, a melhor resposta para a paixão é que ela te deixa de quatro e depois enfia na sua bunda.

É estranho pensar mas na opinião dele, se apaixonar é perda de tempo, mas mesmo assim ele está à quase vinte minutos falando que não devemos nos apaixonar por ninguém porque nossa saúde mental vai ao céu e desce ao inferno.

Tipo Lil Nas X em call me by your name.

Certo professor, eu entendi.

Bufo revirando os olhos ao escutar pela milionésima vez que se nos apaixonarmos por alguém, o pivete do cupido errará a flecha e isso nos custará muito.

— Eu não aguento mais! — Sana sussurra ao meu lado soltando uma pequena bolinha de chiclete.

Me inclino um pouco. — Nem eu!

— Calem a boca, vadias. — Rosé murmura na carteira à frente de Sana.

Sana e eu trocamos olhares e seguramos a risada pela cara de Rosé, mas não consigo segurar muito o riso e acabo dando uma gargalhada daquelas.

A sala fica um completo silêncio assim como o professor, todos estão me encarando e alguns até parecem me agradecer pela cara de alívio, afinal, o professor calou a boca um pouco.

— Jennie Kim, quer compartilhar a fofoca conosco? — ele pergunta.

Droga.

— E-Eu?

Ele concorda. — Não há outra Jennie Kim aqui, — olha os alunos — ou há?

— Não, professor. — um menino do fundo responde me olhando logo em seguida com deboche.

Eu sou uma das nerds da sala, não sou popular nem conhecida. Ainda estou tentando processar como Lalisa fodástica capitã Manoban sabe meu nome, afinal, sou uma desconhecida.

O high school é estranho, ele cria monstros ou idiotas, eu faço parte da gangue dos idiotas. Aqui é assim, ou você come um inseto inteiro ou você passa fome, eu optei por passar fome.

Nunca me envolvi com bebidas e drogas que rola no colégio, faço parte do terceiro ano sim e mesmo que mais da metade da minha sala tenha enfiado um cigarro de maconha na boca por pelo menos uma vez, eu optei por não fazer.

Até Rosé já fumou maconha, mas ela quase sufocou e odiou por não saber tragar ou algo do tipo. Sou o tipo de pessoa que não precisa de álcool pra entrar na vibe de uma festinha, uma coca cola pra mim está ótimo.

— Foi uma pergunta retórica, Austin. — o professor o olhou.

Eu abri um sorriso debochado para o loiro emo que adora me cutucar sem motivos, ele às vezes consegue ser um pé no saco.

— Fica na tua, garoto. — falei.

Ele levantou as sobrancelhas. — Então a gatinha sabe falar?

— Vai à merda! — mostrei o dedo do meio à ele e isso gerou comemorações e burburinhos na sala.

Droga, esqueci disso.

— Jennie, direção agora!

— Mas profess...

— Agora! — ele disse.

Bufando baixo eu levantei, peguei minhas coisas e saí da sala. Não que eu ache incorreta a postura do professor até porque eu soltei um palavrão na aula, mas ele provavelmente deixará Austin lá intacto enquanto eu levo uma suspensão.

Machista.

Odeio homens, todos os tipos.

Menos vovô, Kuma e Mark, eles são tudo pra mim.

— Senhorita Kim, o que está fazendo aqui? — o senhor Smith pergunta.

Meus ombros caíram. — Suspensão.

[ • • • ]

Estou caminhando pelos corredores vazios do colégio, vovó vai precisar assinar minha suspensão se não eu não entro na aula amanhã, isso é ridículo na minha opinião.

Me assusto quando Lalisa surge no corredor bem à frente de mim, tudo que aconteceu mais cedo no portão do colégio me vem à mente. Quero sair correndo mas dessa vez eu vou tomar coragem e falar com ela, mas se ela não falar comigo eu também não falo.

Lisa está com suas roupas do treino, sua bolsa do treino e sua raquete de lacrosse. Dessa vez eu não vou babar como sempre faço, vou me comportar e tentar não parecer estranha em sua presença.

— Oi, Jennie. — ela sorri parando na minha frente — Você parece bem no momento.

— Eu estou, obrigada pela preocupação. — agarro forte a alça da minha mochila.

— O que aconteceu? — pergunta — Não era pra você estar na aula agora?

Mordi o lábio. — Suspensão. — dei de ombros.

— Eita, grave?

— Xinguei o idiota na frente do professor.

Ela me olhou. — Mas ele fez alguma coisa, então foi por uma boa causa.

— Sim. — acabei sorrindo.

Não percebi, mas o clima entre nós parece leve e bom, não me sinto tão sobrecarregada com sua presença como aconteceu das últimas vezes.

— Bem, eu vou indo. — me ofereceu um sorriso simpático antes de voltar a caminhar.

Me virei pra ela. — Lisa? — a chamei e pude desfrutar da forma como ela fica linda ao olhar para alguém de repente. Desejei que isso acontecesse mais vezes — Me desculpe pelas últimas vezes.

— Está tudo bem, não se preocupe. — ela sorriu novamente e me deu uma piscadinha, saindo andando logo em seguida.

Não sei dizer como me sinto orgulhosa pela forma como lidei com ela ainda mais sozinha, posso dizer que ganhei meu dia ao ganhar uma piscadinha e um sorriso vindo dela.

A única coisa que me intriga é o fato do meu coração estar incrivelmente acelerado e minhas mãos suando de uma forma diferente, e mesmo assim, eu sinto como se estivesse no céu acabando de receber uma benção de Jesus.