CAPITULO UM

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Pendurada de cabeça para baixo, com as pernas atadas por uma corrente de ferro, eu não podia acreditar no que eu estava vendo. Percebi estar presa a uma barra robusta que me conduzia em direção a algo... franzi os olhos na esperança de enxergar com mais clareza.

Meu Deus, um tanque cheio de... água!

Os soldados de Raul realmente pensavam em me afogar? Após passar horas aplicando aquela maquiagem elaborada, jamais permitiria tal coisa. O pior era que eu estava ali por minha própria culpa e não podia nem mesmo reclamar. Na verdade, eu poderia, considerando que não havia pessoa no mundo que reclamasse mais do que eu.

— Até hoje, não entendi o propósito dessas missões — resmunguei.

No entanto, esqueci completamente que estava com um comunicador preso ao ouvido e do outro lado estava uma das pessoas mais irritantes de toda a Europa: Yuri.

— Nunca entendi muito bem o seu plano de se deixar ser capturada — veio a sua voz pelo comunicador em meu ouvido.

A voz de Yuri soava distante, enquanto o som das teclas de seu notebook ecoava ao fundo. Dei uma risada e me preparei para tentar alcançar as correntes.

— Quando te prendem, não esperam que você se liberte — respondi. Com o cenho franzido, comecei a me inclinar até conseguir alcançar o cadeado cinza que prendia a corrente. — É por isso que sempre te levam para as áreas mais secretas, para poder te matar — concluí.

Ouvi o suspiro de Yuri do outro lado da linha.

— Um dia isso pode acabar muito mal — ele resmungou.

— Bem, mas não será hoje — retruquei, tentando descobrir como abrir aquele maldito cadeado. — Agora, o porquê de você se tornar minha babá nas missões, ainda é um mistério para mim.

Eu era a melhor assassina da Bratva. Dediquei-me inteiramente em todos os meus treinamentos, passei nos cinco testes com uma velocidade surpreendente. Não precisava de uma babá. Eu era superior aos que tinham sangue russo correndo nas veias.

— Você sabe por quê, Anya. — Yuri falou do outro lado, suspirei. Infelizmente, eu sabia.

Às vezes, eu podia ser um pouco instável e acabar eliminando alguém importante antes do tempo. Minhas missões consistiam em reunir o máximo de informações sobre o alvo antes de ceifar a sua vida de forma rápida e silenciosa. No entanto, em Edimburgo, as coisas fugiram do controle e eu exagerei. Bem, exagerar era um eufemismo, mas ao menos me diverti.

— É pelo que aconteceu em Edimburgo, não é? — Murmurei, concentrada na tarefa em mãos. Retirei um grampo do meu cabelo e com os dentes o dobrei e inseri na entrada do cadeado.

— Claro. — Yuri bufou. — Você explodiu um prédio.

Dei uma risadinha. A adrenalina havia sido maravilhosa, mas se houve uma explosão, não foi culpa minha, e sim deles, que não cooperaram com o interrogatório. Jamais detonaria um prédio com pessoas inocentes.

Dessa vez, não tinha intenção de matar ninguém. Apenas recolheria informações sobre o milionário Raul Montañes, envolvido em negócios ilegais. Meu trabalho era descobrir qual máfia estava ligada a ele.

Assim que o cadeado se abriu, segurei-me com ambas as mãos na corrente e libertei meus pés, voltando à posição ereta. Comecei a me balançar na corrente, pois precisava alcançar a passarela de metal para me libertar completamente e concluir minha missão.

Após três balanços, soltei a corrente e pousei de pé na passarela. Ajustei o vestido justo ao meu corpo. Céus, como eu detestava aquelas roupas, preferia mil vezes minhas roupas de combate, mas precisava seduzir Raul e, bem, ser "descoberta" por ele.

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