CAPÍTULO QUATRO

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Havia dois nomes naquela pasta. Um era do meu cunhado, Luigi Salvattore. Seu nome estava em todos aqueles recibos de pagamento, absolutamente todos.

Em um arquivo havia outro nome.

O meu.

Não o meu Anya Belikov, mas Marina Marchetti.

Ao que parece, Raul era um associado da Cosa Nostra e tinha homens em todo o mundo, melhor dizendo, detetives, e Luigi havia dado dinheiro para que Raul me encontrasse através desses homens. Eles me procuraram por dois anos seguidos, então pararam. O motivo? Eu não fazia ideia, mas tinha noção de quem poderia saber.

Valentina sabia do meu amor pelo povo celta e por aquela deusa em específico, e quando eu era criança, ela sempre me dizia que um dia eu seria soberana do meu próprio reino. Eles haviam escolhido aquele nome de propósito ou seria uma simples coincidência? Bom, eu não acreditava naquilo, nunca acreditei em coincidências ou destino.

Eu estava parada, em completo choque, olhando para a tela do notebook. Meu coração havia desaprendido a bater, tudo que eu conseguia sentir era uma emoção dentro de mim, uma emoção que significava uma única coisa. Eu não havia sido esquecida, eles haviam me procurado, minha irmã não havia desistido de mim. Deixei escapar uma risada.

Contudo, eu precisava descobrir por que eles pararam de me procurar. Passei o arquivo Macha para o meu notebook e escondi o pen drive, fechei a tela e o segurei firme debaixo do braço. Saí do meu quarto, pouco me importando se já estava com roupa de dormir, se já havia passado da hora do toque de recolher. Eu precisava tirar aquela história a limpo, e eu tinha certeza que uma única pessoa não mentiria para mim.

Dimitri nunca havia mentido. Ele sempre me dizia que a verdade poderia doer, mas uma mentira doeria muito mais. Abri a porta do seu escritório sem bater e o encontrei jogado no sofá, novamente bebendo conhaque.

— Cuidado para não se tornar um alcoólatra — observei.

Dimitri sentou-se no estofado marrom, completamente pego de surpresa.

— Anya?

Ele estava lindo, mas aquilo não tinha importância alguma.

— Não, o Gandalf, o Cinzento — retruquei.

— Aconteceu alguma coisa? — Dimitri perguntou, ignorando meu sarcasmo.

Aproximei-me dele e abri o notebook.

— Me explica isso — falei friamente.

Dimitri pegou o notebook e leu cada um dos arquivos. Ele me olhou curioso e confuso.

— Como conseguiu isso? — Sua voz estava baixa e seu olhar intercalava do meu rosto para a tela do notebook.

Dei de ombros.

— Não tem importância — respondi com o mesmo tom de voz.

As sobrancelhas claras de Dimitri arquearam-se.

— Ao que parece, Luigi Salvattore estava procurando por você. — Ele tocou os lábios rosados com o polegar. — O que não faz sentido é o porquê dele ter cessado as buscas.

Suspirei frustrada.

— Você não sabe? — perguntei.

Dimitri negou com a cabeça.

Notei que os seus cabelos estavam bagunçados e as roupas amarrotadas. Ele nunca ficava assim, pelo contrário, Dimitri tinha perfeccionismo, tudo nele era limpo e extremamente organizado. Bom, aquilo não tinha importância para mim, eu precisava me preocupar com outras coisas.

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