CAPITULO DOIS

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Depois de algumas horas em um avião, finalmente estava em Moscou. Demorei a me adaptar ao clima frio da Rússia, mas com o passar do tempo, preferi esse clima a qualquer outro, já que combinava muito bem com minha personalidade fria, desenvolvida após ser vendida como mercadoria por minha irmã Anna.

Para concluir efetivamente minha missão, eu precisava entregar o pen drive ao Pakhan, ou seja, a Dimitri, o babaca que sempre me olhava irritantemente com aqueles grandes olhos cor de musgo.

Era irônico pensar que um dia ele havia me assustado.

Entrei em seu escritório sem bater, algo que nunca fiz. Mesmo sendo apenas uma assassina, Dimitri precisava muito mais de mim do que eu precisava dele. Afinal, com apenas vinte e dois anos, já havia matado mais homens e conseguido mais informações do que os outros torpedos da Bratva.

— Anya — ele falou. Observei em silêncio enquanto Dimitri bebia um pouco de seu conhaque. Na outra mão, entre os dedos, segurava um charuto, cuja fumaça inundava todo o local. — Você está horrível.

Notei que o patife deu um sorriso tenso e olhou rapidamente para a tela do seu computador. Franzi a testa, curiosa com aquela atitude.

— Pelo visto, esse se tornou o cumprimento oficial dos russos e ninguém me contou — falei com um sorriso falso no rosto.

Dimitri ergueu as sobrancelhas claras.

Joguei-me na cadeira de frente para a dele e apoiei meus coturnos em cima da mesa de madeira escura. Dimitri odiava quando eu fazia isso, porque, segundo sua superioridade, meus pés iriam estragar a madeira. Como se eu me importasse com aquilo, eu tinha muitos outros problemas para ocupar minha mente caótica.

O que mais me frustrava era que, mesmo sendo um canalha, Dimitri era um homem muito atraente. Ele sempre se vestia com ternos elegantes e escuros que contrastavam com a pele clara e os cabelos da cor do chá Earl Grey. Dimitri gostava de pentear seus fios sedosos para o lado e usar aqueles belos olhos verdes para demonstrar sua arrogância e soberba para as pessoas.

O que era o oposto do pai dele, que sempre me tratou bem.

Às vezes, Draimin parecia gostar mais de mim do que do próprio filho. Eu sentia que, no fundo, ele tinha pena da minha vida miserável, e quem não teria? Eu tinha certeza de que se eu contasse minha história para um estranho na rua, ele inundaria a cidade com as lágrimas de pena.

Observando atentamente Dimitri, dava para ver como ele também era o oposto de Yuri, que sempre foi um bom amigo e cuidou de mim. Eu nunca entendi muito bem o porquê, mas por algum motivo ele olhou para mim e pensou: "opa, cuidarei dessa coitadinha". Claro que Yuri nunca havia demonstrado sentir pena de mim, até porque se ele fizesse isso não estaria mais vivo para contar história.

— O que Draimin está achando da aposentadoria? — Perguntei.

— Meu pai está amando. — Dimitri falou irônico. — Inclusive, disse que o sul da França é lindo nessa época do ano.

O observei beber o que havia restado do seu conhaque e colocar o copo de vidro na mesa com um baque surdo. Um sorriso preguiçoso surgiu no meu rosto; eu não iria facilitar para aquele russo.

— Ah, deve ser adoravelmente lindo. Eu gostaria de aproveitar as minhas férias e...

— O pen drive, Anya. — Dimitri estendeu a mão para mim, interrompendo o que eu ia falar. Retirei o pequeno objeto do meu bolso, mantendo o sorriso, mas não o entreguei a ele. — Qual é o problema?

Dei um leve dar de ombros.

— Vi um nome nos arquivos e eu queria saber mais sobre essa pessoa — falei.

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