6. Don't You Remember 2/2.

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"The more I do, the less I know..."

As últimas lágrimas estiaram encontrando seu lar no solo fofo. A chuva adormeceu e cedeu lugar às centelhas inebriantes de raios dourados do sol. Uma pintura cinza e amarela.

— ACORDE, LOUKAMAA!

Joalin saltou no banco com os olhos arregalados e o coração desenfreado.

— Jesus, Maria e José! – exclamou exasperada.

— Nenhum deles – falou a expressão sólida da morena – Você como vigia é uma ótima leitora.

— Muito engraçado, Hidalgo! – sua voz transbordava sarcasmo.

Sabina contornou o Mustang repousando em seu lugar habitual e abriu a porta se acomodando na poltrona macia.

— Melhor do que as suas piadas.

Joalin bufou e cruzou os braços. Os rastros azuis de seus olhos foram ofuscados pela luminosidade solar, traçando contornos abstratos no rio, como se dançassem.

Ela sorriu para o sol.

Uma constatação de uma observadora:

O dia, ao acordar, colore-se de várias maneiras tão vivas e únicas que transmitem a sensação de que tudo é possível. Uma pena que muitos não reparam mais no céu, talvez por isso a esperança tenha sido esquecida.

— Os garotos acordaram?

— Sim – respondeu Sabina – Acho que podemos ir para a escola. Taylor tomará conta deles até voltarmos.

A mochila da morena foi aberta e ela retirou de lá um copo plástico de cappuccino fumegante. O cheiro de cafeína infestou o carro.

— Onde você arrumou isso?

— Na lanchonete do hospital.

A loira estreitou os olhos.

— Não lhe passou pela sua cabeça que eu poderia querer um?

— Você quer? – apontou para a estrada – É só seguir em frente, dobrar à direita, dar vinte passos no primeiro corredor, chegar à máquina de café, depositar o dinheiro e escolher um.

A mandíbula de Joalin foi de encontro ao chão. Ela não queria um mapa ou desenho, ela só necessitava de um café. Muito obrigada.

Quanto abuso!

— Quer saber, eu vou! – cravou a mão na porta fazendo menção de abri-la.

— Loukamaa! – Sabina levou as mãos novamente à mochila e fisgou, para a surpresa da loira, mais um copo de cappuccino que havia trazido para ela – Toma.

Joalin relaxou, deu um leve sorriso ao esticar a mão de encontro à quentura líquida. Estavam convivendo há tanto tempo que as brincadeiras se tornaram um passatempo, mas Sabina nunca havia feito uma.

Até agora...

— Obrigada, Hidalgo!

Os olhos caramelos a encararam de lado por um milésimo de segundo e rapidamente voltaram à leitura.

◖︎αβγΩ◗︎

O chão da sala de literatura estava num princípio de terremoto avassalador. Molly Morland trotava de um lado para o outro, recitando ou mais precisamente, berrando Sonhos de Uma Noite de Verão nos ouvidos injuriados dos alunos.

Um detalhe importante:

Ela sempre ficava mais áspera em meados de maio.

Jᴏᴀʟɪɴᴀ - ՁߗOnde histórias criam vida. Descubra agora