2. Rumor Has It.

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"Bless your soul, you've got your head in the clouds, she made a fool out of you..."

As ondas em espirais se lançavam contra os rochedos sem pudor. Quebravam-se ao fundir com a solidez das rochas e sumiam rumo à eternidade. Uma queda brusca sobre colchões de pedra e rajadas de onda não era um meio provável de sobrevivência, se você for humano.

Joalin estava absorta, a testa enrugada com a força dos olhos esquadrinhando a corrente de água abaixo de si. Não conseguia ver nada.

— O que diabos você está fazendo aqui?! – perguntou sua amiga irresponsável já devidamente vestida – Como você sabia...

Ela não teve tempo de terminar a pergunta, porque recebeu um murro no queixo e tombou de encontro ao chão.

— QUE MERDA VOCÊ FEZ?!

Os olhos azuis estavam em chamas. As mãos pálidas agarraram os ombros da brasileira e os ergueram do chão.

— Ela me provocou! – armou sua defesa – Ela pediu por isso!

— Você começou!

— Vai defender ela agora? – sua pele negra estava ficando avermelhada com o esforço de sustentar o próprio corpo contra os braços de Joalin.

— Não – soltou-a no chão – Se ela caiu lá embaixo, a correnteza deve tê-la levado para a praia – apontou o dedo para a amiga – Pegue seu maldito carro e me encontre lá com um cobertor de vinte minutos!

— E se eu não fizer isso? – bateu o pé e cruzou os braços.

— Espero que goste de voar, porque vou te jogar daqui mesmo!

Any engoliu em seco e partiu para o carro.

◖︎αβγΩ◗︎

Joalin desceu a ribanceira em alta velocidade. Seus pés batendo firmes de encontro ao chão gelado. Pisou em alguns gravetos e xingou a mãe de alguém quando um espinho cortou o seu dedão. Chegou à praia com o vento gelado quebrando seu rosto.

Um mar de sangue de mais ou menos um metro e sessenta estava caído de lado na beira da areia.

Esteja viva, Hidalgo, esteja viva se não eu vou te matar!

Correu tropeçando em algumas conchas e se debruçou perto do poço de sangue. Tocou-lhe o pescoço com os dedos pálidos e exalou um turbilhão de ar quando sentiu a leve pulsação que ali vivia.

— Loira Falsa! – a ajuda chegou – Ela está viva?

— Para a sua sorte, sim!

Any torceu o nariz para a figura de Sabina Hidalgo banhada de sangue e entregou o cobertor para Joalin. O tecido abraçou o corpo esguio e o ergueu do chão.

— Onde você vai com essa daí?

Joalin não se deu ao trabalho de responder. Carregou o corpo inerte até o carro da brasileira e abriu a porta do banco de trás.

— Nem pense em colocar essa coisa menstruada no meu carro!

A cabeça da loira ia explodir a qualquer momento. Ela arrumou o corpo cansado no banco de trás e fechou a porta.

— Se você tem amor à vida, eu sugiro que cale essa maldita boca e dirija!

A brasileira bufou e revirou os olhos. Entrou no carro, ligou a ignição e acelerou estrada afora.

◖︎αβγΩ◗︎

— Full house! – gritou vovó Rita – Passem-me o dinheiro perdedores!

Jᴏᴀʟɪɴᴀ - ՁߗOnde histórias criam vida. Descubra agora