Electra Heart | Camie Itsushimi

entre boas brigas

☆

Eu levei um belo soco na cara antes mesmo de usar minha individualidade.

— Desgraçado... Eu não vou conseguir comer direito. — cuspi o sangue no chão. — Mas, tudo bem. Quando você estiver chorando no chão, eu não vou me importar nem um pouco. 

— Você fala bastante para uma heroína de quinta.

— É para não deixar o clima tão pesado. — sorri. Na verdade, não queria deixar aquela garotinha ainda mais assustada.

Percebi sua hesitação para correr.

— Vai fugir? Pensei que queria me mostrar o quanto sou fracote. — dei uma risada irônica.

Acho que ele realmente não se importou com minhas provocações. Com a bolsa da mulher em mãos e outra sacola, ele correu para o final daquela viela.

— Fechem os olhos! — mandei as duas.

Assoprei meu glamour e um monstro assustador apareceu nos céus para aquele homem. Ele começou a gritar e correr em minha direção, ainda com a cabeça virada para trás olhando a minha ilusão.

Antes de chegar até mim, dei um chute lateral em sua barriga. Ele caiu de cara no asfalto. Prendi suas mãos com as algemas que tinha equipado no uniforme.

— Já podem abrir. — avisei as garotas quando vi a ilusão desaparecer.

— Charmie! — Mirko correu até mim.

Ela observou a cena.

Eu com um homem algemado e duas vítimas sem ferimentos. Além da minha bochecha inchada e dolorida, tudo estava bem. Mesmo assim, me preparava para qualquer advertência dela... porque era meu primeiro dia.

— Cara, você não é mole mesmo, hein? — ela aplaudiu. — Me dê esse cara.

Mirko saiu da viela conversando com o sujeito. Olhei para as garotas e a criancinha continuava tremendo de medo.

— Ei, ei. — me ajoelhei. — Se liga!

Assoprei em suas mãos cavalinhos que corriam pelos seus braços. Ela começou a rir de imediato.

— Agradeça a heroína, Michie. — a mãe dela disse.

— Obrigada, senhora heroína. — ela deu um grande sorriso.

Ah, cara! Eu ganhei meu dia! Ela me deu um abraço e saiu com sua mãe que me agradeceu em seguida. Sério, eu nem precisaria ganhar salário se fosse receber esses sorrisos todos os dias. Meu coração parecia tão quentinho.

— O que está fazendo ajoelhada aí? Vai ver esse rosto! — Mirko ordenou e eu me levantei na mesma hora.

Depois de um dia exaustivo no estágio, meus pés doíam de andar. Cheguei em casa exausta. Abri a porta e me joguei no carpete da entrada.

— Cam... Camie! O que você está fazendo? — escutei a voz da minha mãe.

— Tendo um minuto de descanso! — levantei meu dedo indicador para que me desse uma pausa.