apenas ignore, a não ser que sejam olhos vermelhos

96 7 17
                                    



Comecei a me acostumar com aquele resto da semana com pequenos treinos junto ao Aoyama e as surras da Mirko-san. Quando chegou o dia que entraríamos de folga, senti meu corpo agradecer como uma vitória de campeonato. Havia hematomas em todos os lugares do meu corpo, alguns tão doloridos que eu precisava me sentar e deitar de uma maneira confortável.

Os dois dias na escola foram... suportáveis. Aquelas piadinhas vindo de garotos não cessaram. Algumas meninas que eu conversava me ignoravam e ainda tinha que aturar o Kou-senpai e sua popularidade de lá para cá como se ele fosse alguma vítima e eu uma espécie de vilã. Estou cansada disso e começando a cansar de fingir toda minha alegria e alto astral.

É... frustrante.

Me sentia tão esgotada naquele dia. Alguém tocou em meu ombro para me chamar, senti meu corpo vibrar em alerta. Virei com rapidez tirando aquela mão estranha do meu ombro. Era um garoto do primeiro ano que cumprimentei uma vez. Olhei para suas mãos e ele tinha um pacote de doces. Olhei para atrás dele e para os lados, já esperando ser algum trote dos amigos de Kou-senpai.

— O que você quer? — disse com uma voz baixa e desanimada.

— Camie-senpai... você, uh... — ele aproximou a sua mão para me tocar e como defesa a afastei.

— O que você quer? — repeti.

— É para você. — estendeu o pacote.

Olhei dele para o pacote, para o pacote e em seguida, ele. Suspirei fundo com impaciência.

— Você nunca fala comigo. Por que está me dando isso justo agora?

— Só pensei que...

— Que eu sairia com você?

— Não, Camie-senpai! Não é isso!

Cruzei os braços.

— Só que os comentários que ouço por aí são tão pesados. Achei que você gostaria de algum apoio.

Eu não consegui acreditar naquelas palavras.

— Diga ao Kou-senpai que não vou cair nesse joguinho. — suspirei. — Não vou sair com você, nem com seus amigos e nem com ninguém.

Ele estava na minha frente, o empurrei grosseiramente pelp ombro para me deixar passar.

Naquele momento, vi os seus olhos constrangidos antes de seguir meu caminho.

Só consegui pensar como sou hipócrita.

Domingo. Mesmo depois de dois dias, ainda estou aqui remoendo situações e palavras que dirigem a mim.


Como me sinto incapaz e inútil.

Eu não faço nada direito.

Estou exausta de ser tão vulnerável, amedrontada sem nenhuma razão aparente.

E foi exatamente assim que cheguei no ônibus escolar que nos levaria para a escola Kutsubusu naquela manhã.

Electra Heart | Camie ItsushimiOnde histórias criam vida. Descubra agora