Cap 17- O passado não é esquecido- Parte V

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"Foi isso que aconteceu então", murmurou Lilith cabisbaixa, olhando para o copo de cerveja em sua mão.

Após muitos abraços no meio da rua, as duas mulheres decidiram entrar em uma taverna pouco movimentada a alguns quarteirões de onde estavam. E lá cada uma contou sua história.

Jade continuava com o capuz na cabeça, mantendo-se abaixada o quanto possível, e tentando não tremer ao contar sua história, tentando não sentir o peso no estômago lhe sufocando.

Lilith pareceu perceber, pois segurou sua mão, passando o máximo de conforto que conseguia.

"Lilith eu-"

A fala de Jade foi cortada pelo barulho alto dos homens em uma mesa jogando cartas. Lilith revirou os olhos perante aquilo, virando o copo de cerveja para dentro, a feiticeira se levantou, fazendo menção de pegar mais bebida.

Jade resmungou baixinho.

Lilith recostou no balcão de madeira, esperando a atendente voltar com mais cerveja. Céus, ela nunca imaginaria que Lilith era uma viciada em cerveja, já foram seis copos, em apenas 30 minutos.

Jade riu consigo mesma, pensando o quanto o mundo mudou, elas mudaram.

Um bêbado de cara amassada apareceu, passando os braços em volta dos ombros da feiticeira, imediatamente ela ficou de pé, os olhos verdes ressaltados em ódio, vendo o desconforto na cara da amiga.

Jade estava a centímetros perto agora, pronta para cortar a garganta do homem e deixar seu sangue tingir a parede ocre e as messas em vermelho vivo. Mas antes de conseguir fazer alguma coisa, Lilith o fez.

Com a expressão repleta de nojo no rosto belo, Lilith segurou o braço do homem o torcendo para trás, quebrando, finalizando com um soco na bochecha direita, arrancando alguns dentes e sangue.

O lugar ficou em total silêncio por um tempo.

Jade ficou boquiaberta atrás de Lilith, balbuciando:

"Você está bem Lilith? Deixe eu ver sua mão"

Com todo o cuidado, ela agarrou a mão da feiticeira, examinando, e soltando um suspirou baixo por não encontrar nenhum arranhão.

Lilith piscou uma, duas vezes, sorrindo para Jade a sua frente:

"Estou bem. Não se preocupe", disse em um tom sereno tranquilizador, fazendo Jade suspirar novamente.

O homem ensanguentado tossiu um bocado se sangue, Lilith o olhou arregalando os olhos em choque, como se percebesse só agora o que havia feito.

Se curvando levemente, a feiticeira disse as presas:

"Ah, eu sinto muito mesmo, usei força de mais"

O homem xingou, mas não se levantou ou abriu os olhos.

Jade o xingou de volta, olhando para Lilith com uma sobrancelha arqueada em incredulidade.

"O Que?", quis saber.

"Lilith", murmurou, entrelaçando o baço com a amiga, para tirar as duas daquele local desagradável. A feiticeira seguiu depois que jogou uma bolsa de moedas no balcão.

"Lilith, você literalmente espancou um cara, e foi bem merecido por sinal, e depois pediu desculpas!"

Ela exalou, os olhos brilhando em diversão maliciosa e cruel, um risinho sarcástico saiu dos lábios carnudos.

"Bem, eu poderia ter o matado com aquilo, nada mais justo eu pedir desculpas, não?", falou em falsa inocência. Tirando uma gargalhada de Jade.

"Sério, eu não te entendo Coração selvagem"

Uma Criança de Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora