Capítulo 3

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*Maitê Sánchez*

-Você não deveria ficar escutando a conversa dos outros Srta. Sánchez. –O Sr. Javier falou com raiva.

Eu arqueei uma sobrancelha.

Será que ele não se tocou que não está na sala dele?

-Eu acabei de voltar do almoço Sr. Javier. Vim aqui para trabalhar. –Falei.

-Não importa. Se você viu que eu estava conversando com alguém aqui deveria ter saído.

Dei risada mentalmente. Por que caralho ele não discutiu com a moça dentro do escritório dele se ele queria privacidade?

-Lamento Sr. Javier, mas esse é meu ambiente de trabalho. O horário do almoço acabou então eu voltei para trabalhar. Se preserva tanto sua privacidade deveria conversar com as pessoas dentro do seu escritório.

Merda. Por que eu não seguro minha língua?

Sr. Javier me fuzila com seus olhos negros.

-Quem você pensa que é para falar comigo assim Srta. Sánchez? Esta é a minha empresa e eu converso com quem eu quiser e onde quiser. Sugiro que segure sua língua se quiser continuar trabalhando para mim. –Falou com uma expressão furiosa.

Nem deu tempo de eu me desculpar. O Sr. Javier entrou em sua sala batendo a porta com força.

Soltei um suspiro cansado.

Não imaginei que meu primeiro dia seria assim.

Tenho que aprender a ficar de boca fechada.

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O dia passou e eu não vi mais o Sr. Javier. Ele não saiu mais da sala, e eu não ive que entregar nada para ele pessoalmente.

Olhei para o relógio no monitor do computador e constatei que já eram 18:30 PM. Eu já deveria ter ido embora á meia hora, mas não vi o tempo passar e estava ocupada revisando alguns documentos.

Desliguei o comutador e peguei minha bolsa. Guardei meu celular que estava em cima da mesa e fui em direção á porta do escritório do Sr. Alejandro.

Bati duas vezes e escutei quando ele me mandou entrar.

Vi que ele estava com um copo de whisky na mão e com a cabeça encostada no encosto do sofá. Ele estava sem a gravata e dois dos botões de sua camisa estavam abertos, e as mangas dobradas até os cotovelos.

Seus olhos estavam fechados e suas sobrancelhas franzidas.

-Estou indo embora. Precisa de alguma coisa Sr. Javier?

-Não, obrigada. Pode ir. –Respondeu sem abrir os olhos.

Eu ia sair, mas assim que cheguei na porta hesitei.

-O senhor está bem? –Perguntei baixinho.

Não queria me meter na vida dele, mas não pude deixar de perguntar.

-Só estou cansado e com dor de cabeça. Vai passar, não se preocupe.

Assenti mesmo sabendo que ele não veria.

Eu estava prestes a abrir a porta mas hesitei novamente.

-Quer alguma coisa? Um remédio ou até mesmo um café? Cafeína às vezes ajuda.

Dessa vez ele olhou para mim.

Me avaliou dos pés a cabeça.

-Não se preocupe Srta. Sánchez. Vá para casa. Nos vemos amanhã. –Disse e bebeu um gole do whisky.

-Boa noite Sr. Javier. –Falei e sai da sala.

Quando sai do prédio, um vento gelado de inverno me atingiu.

Merda. Eu deveria ter trazido uma blusa.

Como não vi nenhum Taxi passando fui caminhando até meu apartamento.

-Boa noite. –Cumprimentei o porteiro quando cheguei.

-Boa noite Srta. Sánchez. A noite está fria, deveria estar agasalhada.

-Eu esqueci o casaco em casa. –Falei sorrindo.

Meu corpo estava congelando, e eu estava tremendo.

Fui imprudente, o inverno de Madrid geralmente varia de 1ºC a 12ºC. E eu resolvi ir trabalhar como? Com uma saia e uma camisa sem mangas. Não senti muito frio por que praticamente passei meu dia dentro de algum lugar. Fui de Taxi de manhã, então não senti frio, a empresa tem aquecedor junto com o ar condicionado, então também estava quentinha. Não andei muito para ir para o restaurante almoçar então tudo certo. Mas ai eu volto para casa a pé. E congelo.

Cheguei no meu apartamento e logo na porta tiro os saltos. Meus pés já estavam com uma bolha por causa da caminhada. Esses sapatos não foram feitos para andar muito. Fui direto para o banheiro. Enchi a banheira com água quente e coloquei sais de banho. Tirei a roupa rapidamente e entrei na água.

Soltei um gemido com o contato da água quente em minha pele. Olhei para os meus pés. Os saltos judiaram deles.

Soltei um suspiro e relaxei um pouco.

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Havia acabado de sair do banheiro, estava enrolada em uma toalha e resolvi ligar para pedir uma pizza. Não estava afim de cozinhar hoje. Depois de fazer o pedido eu comecei a me vestir.

Coloquei uma calça de moletom preta e uma blusa canelada cinza. Prendi meus cabelos em um coque despojado e fui para a sala escolher algum filme para ver. Assim que dei play em um filme de suspense que encontrei na Netflix o telefone tocou.

-Alô?

-Srta. Sánchez, o entregador de pizza está aqui em baixo. Posso deixar subir?

-Pode sim, obrigada.

Depois de alguns minutos escutei baterem na porta.

Paguei o entregador e peguei a pizza. Coloquei-a em cima da mesa de centro da sala e abri um vinho colocando-o na taça.

Sentei-me no sofá, coloquei a taça no porta copo de mármore que ficava na mesa de centro e peguei um pedaço da pizza. Comi e assisti ao filme.

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O filme já havia terminado, já estava na minha segunda taça de vinho e estava admirando a cidade pela sacada do meu apartamento.

Logo meu celular começa a tocar.

-Á que devo a honra desta ligação Sr. Daniel Rivera?

-Ai amiga, só queria te perguntar se eu posso dormir na sua casa hoje.

-O que aconteceu? –Perguntei preocupada.

-Terminei com o Travis...

-Pode vir. Adoraria ter sua companhia.

Descobrindo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora