Capítulo 24

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*Maitê Sánchez*

15 de Abril

Alejandro e eu nos aproximamos cada vez mais. Hoje é o aniversário de morte de Valentina. É um dia difícil...

Há exatamente cinco anos uma menininha deixou esse mundo. Há exatamente cinco anos Alejandro perdeu sua única filha. Há cinco anos, Alejandro perdeu uma parte de seu coração.

O lado de Alejandro da cama estava vazio. Olhei para o relógio que marcava 6:30 AM.

-Bom dia. –Ouvi a voz baixa de Alê quando ele saiu do banheiro.

Seus cabelos estavam molhados e seu semblante estava triste.

Era um dia difícil.

-Bom dia. –Respondi baixinho também.

-Você vem comigo no cemitério? –Perguntou em um sussurro.

Levantei da cama e o abracei.

-Eu nunca te deixaria sozinho nesse dia. –Falei e dei um beijo casto em seus lábios.

Depois disso, Alejandro foi se arrumar e eu fui tomar uma ducha rápida.

Quando saí do banheiro, meu namorado estava com um terno preto. Eu me vesti com uma calça social preta, uma gola rolê sem mangas da cor nude, e um blazer também preto. Nos pés, coloquei um salto preto de 10 cm.

Deixei meus cabelos soltos, peguei a bolsa e fomos para o carro.

No caminho, Alejandro parou em uma floricultura e comprou um buque de margaridas.

Não trocamos nenhuma palavra.

Chegamos em um cemitério muito bonito, apesar de mórbido.

Fomos andando de mãos dadas até uma lápide de mármore marrom imperador com o nome "Valentina Blanco Javier", em baixo do nome havia uma coisa escrita... "Quando o amor é forte nenhuma despedida é para sempre."

Olhei para Alejandro e vi lágrimas escorrendo por suas bochechas. Ele soltou minha mão e se ajoelhou diante da lápide colocando as flores encostadas no mármore.

Seus ombros começaram a tremer e ele começou a soluçar.

Eu me ajoelhei atrás dele e o abracei.

Lágrimas caiam de meus olhos também. Eu sentia a sua dor.

Meu peito estava colado em suas costas e eu tentava passar algum conforto para o homem cujo uma parte do coração fora arrancada, e nunca mais seria encontrada.

-Eu sinto tanta saudade. –Disse chorando.

Eu o abracei mais forte.

-Eu estou bem. –Falou ainda chorando. –Eu estou bem.

Repetiu.

-Você está bem. –Sussurrei. –Mas está tudo bem, se você não estiver bem.

Ele chorou.

Eu chorei.

Chorei por sua dor. Chorei por sua angustia. Chorei por sua perda. Chorei por saber que essa dor nunca iria sumir. E chorei por saber que eu não conseguiria tirar toda a dor do seu coração. 


"Lembrar é fácil para quem tem memória, esquecer é difícil para quem tem coração".

 -William Shakespeare

Descobrindo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora