A ÚLTIMA CASA DA PRAIA

Volta Pra Mim ༄

— Thomas? Veio por causa de Nícolas? Tem notícias dele?

Júlia, a esposa de Nícolas estava parada segurando a porta de sua casa e olhando para Thomas com medo nos olhos.

— Isso significa que ele não está aqui, não é mesmo? — Thomas estava preparado para esmagar o irmão assim que o encontrasse, agora sentia toda a tensão que carregava desaparecer ao olhar sua cunhada nos olhos e ver que ela estava ainda mais tensa que ele.

Júlia baixou a cabeça esfregando o peito angustiada.

— O Nic sumiu já tem uns dois dias e ele não voltou pra casa até agora. Você veio me dar alguma notícia ruim? É por isso que está aqui? Você nunca vem, se está aqui é porque veio me contar que aconteceu alguma coisa com meu marido, não é isso, Thom?

Ela falava e chorava ao mesmo tempo.

No caminho para lá Thomas estava tão atordoado e tão determinado a confrontar Nícolas que não pensou em Júlia e nas crianças.

Agora, pego desprevenido, não sentia vontade alguma de contar para Júlia que seu marido era um homem perigoso, mas se ela soubesse por um desconhecido talvez fosse ainda pior.

— As crianças estão em casa, Jú? — Perguntou ele controlando a voz.

— Não, quer dizer, os meninos estão no futebol e a Larinha está dormindo.

— Acho que temos que conversar.

༄ ༄ ༄

— Vender a casa da praia? Eu não estou entendendo, filha.

Nina estava sentada de frente para o pai no sofá do escritório da casa dos pais. Ela não havia contado nada sobre a noite passada a ele mesmo que ele tivesse questionado sem parar sobre os novos hematomas.

— Pai, esta dívida que eu falei... é muito alta, eu vou vender alguns imóveis, mas ainda assim não vai cobrir, e eu sei que... a casa da praia vale bastante, por favor, pai, eu preciso muito, você sabe que eu não te pediria uma coisa assim se não precisasse muito, muito mesmo.

— Caramba, menina. No que foi que você se meteu? Com alguma máfia?

O pai de Nina tentou brincar, mas ela não conseguia ver humor em mais nada. Nina estava encolhida na frente dele, se esforçando para se manter forte, para não chorar, mas principalmente para não acabar contando a verdade ao pai. Sua expressão aflita fez Olavo se aproximar e colocar a mão sobre a dela.

— O que é que está acontecendo de mim, minha filha? Você sabe que pode confiar no seu pai, que pode me contar qualquer coisa.

— Pai... — Ela desviou o olhar para as mãos dos dois. — ...é como eu disse, é só uma dívida. Eu vou recuperar tudo depois de um tempo e vou pagar você, pai, não se preocupe.

— E você acha que eu estou preocupado com o dinheiro? Olha só pra você. Está quase derretendo aqui na minha frente de tão apavorada, eu não sou bobo, dá pra ver que você está com medo de alguma coisa, deve ter se metido em uma bela encrenca. Mas eu te conheço, você não vai me contar, não é?

Nina não disse nada, continuou evitando os olhos do pai.

— Tudo bem. Vou confiar que você sabe o que está fazendo e que não vai fazer nenhuma besteira. Vou te dar a escritura da casa. — Disse ele e Nina soltou o ar aliviada.

— Obrigada, pai. Preciso do número do seu celular caso a corretora precise de alguma confirmação.

— A corretora já tem meu número. E você também.