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Harry permaneceu na sua posição confortável ao lado do sofá enquanto observava Louis adormecendo feito um anjinho em paz. Seus cílios longos pareciam mais clarinhos com a luminosidade que entrava pela porta da varanda e sua franja já grande faltava cobrir metade de seus olhos. O cacheado anotou mentalmente pedir a ele para nunca mais cortar seu cabelo, estava num corte adorável demais para mudar.

Styles observou que seus lábios finos e delicados desprenderam-se num biquinho relaxado enquanto ele suspirava fundo, parecia cansado. E como havia organizado todo o café da manhã em minutos, Harry não estava mais proibido de beijá-lo, teve todo o direito ao depositar um selar levinho na boquinha pequena do menor.

Sentiu-se com treze anos novamente beijando a pessoa que gostava, sorrindo gigante e cobrindo a boca com as mãos, realmente surtando em silêncio. Era a primeira vez desde a noite passada que seus lábios se tocavam e aquilo foi o suficiente para suas bochechas arderem de vergonha e animação. Já admitia estar totalmente rendido por aquele carinha pequeno em seu sofá.

A verdade é que Harry costumava pular de cabeça em pessoas e situações muito rapidamente, e ele não se arrependia de nada, aproveitava cada segundo de tudo como se fosse o último. E Louis era alguém que ele inconsistentemente decidiu pular no momento, iria fazer cada instante valer a pena.

Harry se apaixonava fácil, aquilo nunca foi um segredo, havia inúmeras músicas e poesias escondidas que escreveu para seus amores passados, e foram muitos. Mas Louis não era exatamente o seu tipo, pelo menos não cem por cento. Ele costumava gostar de pessoas mais parecidas consigo mesmo, mais extrovertidas e festeiras, gostava de virar noites em boates lotadas dançando seminu em cima de mesas, e gostava de ter alguém o acompanhando. Tommo, por sua vez, era bem mais recluso, introvertido e até mesmo rabugento, se achava mais maduro para a sua idade justamente por não gostar de banalidades como Styles.

Em qualquer outro contexto e circunstância, os dois não seriam nem ao menos amigos, odiariam a presença um do outro por simplesmente serem como água e vinho. No entanto, como Harry gostava de pensar, o universo os uniu por algum motivo, talvez para aprenderem a ser mais tolerantes com opostos, para testar suas paciências... Seja qual for a razão, acabou dando certo para o cacheado, porque ele já estava até considerando a ideia que a ruguinha que se formava entre as sobrancelhas de Louis quando seu cenho se franzia era a coisa mais perfeita e adorável que seus olhos tinham o privilégio de captar.

Ele já podia se considerar um homem apaixonado.

Styles era um romântico, enxergava o amor com leveza e graciosidade, como uma arte bonita. Não o temia e muito menos o demonizava, procurava sempre o manter presente na sua vida, sentia-se incompleto sem uma paixão. Ele gostava de ter alguém —ou alguéns— para cuidar, para dar carinho, gostava de dormir fofinho e fazer amor com ternura. Adorava se sentir amado e prezava por isso na sua vida.

Não que sua fama de galanteador e fã de threesomes estivesse errada, pelo contrário, ele adorava sua liberdade acima de tudo, mas ser livre com alguém que amava não tinha preço.

Sempre que tinha algum momento fofo com seus amores ele fechava os olhos e se sentia como a main character de uma comédia romântica brega. Talvez ter crescido nos anos 2000 assistindo a filmes do gênero tenha feito seu cérebro derreter.

No entanto, como se o puxasse de volta à realidade, longe de seus devaneios, os balbucios desconexos e sonolentos de um Louis ainda adormecido captaram sua atenção. O menor fez um biquinho chorão e curvou dramaticamente suas sobrancelhas.

—Não fica triste comigo, Hazz... —Ele pediu, baixinho e arrastado, completamente inconsciente.

E aquele era um detalhe sobre Louis que passou despercebido por Harry durante meses, ele falava enquanto dormia. O cacheado era sempre o primeiro a pegar no sono quando dormiam juntos, sentia-se confortável o suficiente para isso, e Tommo costumava cochilar sozinho em seu quarto durante as tardes. Era a primeira vez que ele o observava adormecer feito um anjinho, e de bônus ainda ganhou uma informação valiosa: o menor andava sonhando com ele.

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