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As ruas da iluminada Paris nunca estiveram tão vazias, a população estava realmente assustada com a quantidade crescente de mortos e infectados.

Louis olhava tudo pela janela fechada do carro, que apesar de veloz, não passava de 25km por hora.

—Você não pode dirigir mais rápido?

—Não tenho pressa alguma. —Harry sorriu e manteve seu ritmo calmo.

Tomlinson revirou os olhos e suspirou.

—Por que está de máscara?

—Não quero pegar a doença, estou no grupo de risco. Imagina morrer com essa merda? Ela tem um nome feio. —Parou num semáforo, mesmo que não houvesse alma nenhuma nas ruas durante a madrugada de quarentena —"Harry Styles, filho de um dos maiores filantropos dos Estados Unidos morreu nesta madrugada de coronavirús". —Fez uma voz como se narrasse algo —Não soa bem.

Louis não acreditava no que seus ouvidos ouviram.

—Sua preocupação é morrer com uma doença de nome feio? —Harry assentiu e voltou a dirigir —Inacreditável... O que você tem pra estar no grupo de risco?

—Asma. —Deu de ombros —Eu é que não vou tomar suco de rã pra melhorar isso.

Tomlinson apenas ignorou aquela informação que ele não entendeu e explicou:

—A máscara não impede que tu pegue a doença, e sim que você não passe para alguém, caso estiver infectado.

Harry parou o carro em frente a um pequeno mas aconchegante estabelecimento, suas luzes quentes iluminavam parte da rua escura.

—Você está me dizendo que fiquei mais de dez dias usando essa merda na minha cara para nem ser eficiente?

—Harry, querido, você alguma vez ligou sua televisão para ver as notícias? Vez ou outra eles ensinam como nos proteger da doença.

Styles parou um pouco para pensar e se calou. Desde que a doença estourou, foram poucas as vezes em que foi atrás das notícias, ele não queria entrar em pânico, então apenas fazia o que sua mãe lhe mandava por telefone.

—Vamos entrar antes que fechem. —Tirou a máscara do seu rosto e a jogou em algum lugar do carro.

Caminharam padaria adentro antes que se molhassem muito pela chuva. Foram recebidos por uma moça lhes oferecendo álcool em gel, ela usava luvas.

Louis foi atrás dos doces e salgadinhos pelas prateleiras, pegou alguns refrigerantes também. Harry pediu pães para o padeiro, muitos pães, dos mais variados tipos.

—Pra que tantos pães? —Louis estava prestes a ir para o caixa, mas resolveu esperar pelo cacheado.

—Eu gosto de pães. —Disse simplesmente e enfiou as mãos nos bolsos do grande e negro sobretudo que cobria seu corpo.

Garoto estranho, Tomlinson pensou.

Já de volta para o carro, trocaram poucas palavras até chegarem no enorme edifício com uma arquitetura bem francesa.

Beaux Arts... —Louis suspirou, admirado com a beleza daquele prédio.

—O quê? A arquitetura? —O cacheado indagou —Jurava que era algo como Art Déco.

Louis semicerrou os olhos.

—É impossível confundir essas duas coisas, faça-me o favor. As diferenças, elas são gritantes.

Já no estacionamento, pegaram cada um suas malas e dividiram as sacolas, caminharam até o elevador.

A respiração de Louis parou na garganta quando caiu a ficha do que ele estava fazendo, ele iria passar toda uma quarentena trancado num apartamento com um desconhecido... ! Por que ele não pensou antes de agir?

—Que carinha é essa? —Styles perguntou, sorrindo pequeno.

—Você não é mesmo um serial killer, certo? —Hesitou um pouco.

—Não sou. —Harry se espreguiçou —Você é?

—Não... —Sussurrou —Então promete que não vai tentar me matar?

Styles riu daquela fala acompanhada por uma expressão meio angustiada de Louis, ele estava mesmo falando sério.

—Prometo que não vou te matar. —Segurou um novo riso.

Tommo ergueu seu mindinho esticado.

—Promete de dedinho? —Seus olhos azuis brilhavam como os de uma criança.

Harry envolveu o dedo dele com o seu firmemente, sorriu.

—De dedinho.

Já dentro do apartamento, Styles fez uma rápida tour por cada cômodo junto de Louis e logo foi dormir, havia sido um longo dia. O de olhos azuis organizava suas bagagens no quarto que lhe foi designado, que mesmo sendo um simples quarto de hóspedes, era maior e mais belo do que todos que ele poderia ter em toda sua vida.

Logo foi de pé em pé para a cozinha fazer algo rápido para comer, seu pequeno estômago estava furioso depois de mais de cinco horas sem nada além de água e café. Pegou um dos docinhos italianos que comprou e fez um rápido chá de ervas. Comeu em silêncio naquela cozinha gigantesca.

Quando terminou, fez toda sua higiene noturna na sua suíte e voltou a passar o álcool em gel. Antes de se deitar, pediu ao seu Deus que cuidasse das suas irmãs, já que ele não estava lá para fazê-lo, pediu também para que Ele guardasse sua vida, afinal, ele tinha um desconhecido no quarto ao lado.

Louis só conseguiu adormecer quando sua porta estava devidamente trancada.

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