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O dia amanheceu frio, aquela chuvinha da madrugada só serviu para esfriar ainda mais a pequena Paris. Harry se levantou primeiro, sua mãe o acordou com uma ligação, ele resolveu cozinhar algo para o café da manhã enquanto conversava com ela. Louis, por sua vez, custava a acordar, ele tinha ido dormir muito tarde na noite passada, apenas despertou quando ouviu uma gargalhada alta de alguém que passava pelo corredor, bem em frente a porta do seu quarto.

Levantou emburrado e com frio, se enrolou na sua coberta e saiu do quarto.

—Manda beijo pra Gems e pro papai, e cuida dos meus felinos por mim. —Harry pediu pelo telefone, choroso —Não vou voltar pra casa tão cedo.

Eu vou sim, meu amor, fica tranquilo. —Sua mãe falou —Sabia que me corta o coração saber que você está em Paris, de quarentena, tão longe de mim e sozinho?

Louis apareceu na sala enrolado num cobertor e com uma carranca enorme, sua cara estava toda amassada e os cabelos desgrenhados. Da cozinha, Harry o observava se aproximando, os cômodos eram amplos e harmoniosamente conectados.

—Não tô sozinho, mãe. —Sorriu de lado quando Tommo sentou no sofá e se encolheu ainda mais dentro da coberta —Tô com um amigo.

E eu conheço esse amigo, Harry?

—Ainda não, senhorita Styles. —Cortou um abacate no meio —Quem sabe algum dia...

Conversaram mais um tempinho e o cacheado desligou, precisava terminar o café. Vez ou outra ele erguia o olhar para checar Louis, ele parecia ainda estar dormindo mas de olhos abertos, encarava o nada, como se esperasse sua alma voltar ao corpo.

Harry espremeu algumas laranjas para fazer um suco, assou pãezinhos para as torradinhas e amassou meio abacate, sempre oscilando seu olhar entre Louis na sala e o chá no fogo.

Arrumou toda a mesa do mesmo jeito bonito que sempre fazia, apenas adicionou mais um lugar e chamou, mansinho:

—Ei, Louis. —Tommo virou sua cabeça na direção dele —Eu terminei nosso café da manhã.

Louis largou o cobertor no sofá e caminhou lentamente até a mesa. Harry não pôde evitar de admirar as coxas fartas delineadas pelo pijama apertado do menor, desviou o olhar antes que ele percebesse.

Parecem... dois pães gordinhos e quentinhos, pensou o Styles.

—Harry... —Louis chamou, os olhos vidrados em algo da mesa.

—Bom dia! —Tentou parecer feliz, mas sem elevar o volume da sua voz, ele já parecia mal-humorado o suficiente —O que há de errad-

—Abacates? —Tomlinson simplesmente apontou para a pasta sobre a mesa —Você gosta de abacates?

—O que tem de errado com abacates?

Louis se agitou no seu lugar e serviu chá com leite a si mesmo.

—Eu os odeio, eles são tão irritantes. Tão populares que chega a enjoar. Literalmente tudo em Los Angeles eles enfiam abacates. —Seu rostinho inchado estava agora vermelho —Rolo a timeline do Instagram e o que encontro? Isso mesmo, abacates.

Harry tentou se controlar, mas não pode impedir a gargalhada.

—Você é engraçado, Louis.

—Eu tô falando sério, porra. Eu odeio essa trend, ela é ridícula.

—Já tentou provar alguma vez pelo menos? —Styles começou a se servir de torradas com a pasta de abacates.

—Não. —Bebericou seu chá —E não pretendo.

Harry esticou a torradinha próxima ao rosto de Louis.

—Que tal só uma mordidinha? —Sorriu com seus dentinhos de coelho.

O de olhos azuis quase voou em cima dele para socá-lo.

—Tá maluco?! Acabei de dizer que não vou comer essa merda. —Afastou-se da mão de Harry.

Styles riu alto novamente e desistiu, ele não queria ser estapeado.

Tomaram seus respectivos cafés da manhã e foram pra sala de estar fazer absolutamente nada, não havia o que fazer.

—Você, hmm... —Harry começou, se acomodando numa poltrona —Avisou sua família que passaria toda a quarentena aqui, certo?

Louis voltou a se cobrir com o cobertor no sofá.

—Avisei, sim, mas ainda não vi o que minhas irmãs responderam.

—Você tem irmãs? —Harry se animou com a brecha que encontrou para ter assunto com ele.

—Sim, tenho cinco irmãs, não, quatro... —Pareceu meio cabisbaixo de repente —E um irmãozinho.

—Que família grande. —Harry sorriu —Espero que tenham puxado você.

—Ué, por que? —Louis se deitou.

—Porque você é lindo, seriam crianças sortudas. —Deu de ombros.

Tomlinson apenas sorriu e assentiu.

—Certo... —Estava bobo demais para dizer algo melhor —Você tem irmãos?

—Tenho uma irmãzona, Gemma. —Louis, então, gargalhou —O que é tão engraçado, garoto?

—Em português, gema é a parte amarela do ovo, as pronúncias são iguais. —Explicou, limpando algumas lagriminhas nos cantos do olhos.

—Você fala português?

—Tenho uma noção, passei umas semanas no Brasil junto da minha mãe. —Cruzou os dedos sobre seu peito.

Harry se levantou e sentou nos pés de Louis, pediu um pouco da coberta e se acomodou. Tomlinson não hesitou em jogar suas pernas pelo colo dele, logo riu com a expressão surpresa do cacheado.

—Estão sendo folgado comigo dentro da minha própria casa, vê se pode. —Fingiu uma frustração e depois riu também —Mas, enfim, olha só para você! Também viajou para o animado Brasil! Admita vai, eles têm a melhor caipirinha de todas. Foi em quais praias?

—Não fui para as praias, fiquei apenas na capital de São Paulo. Era uma viagem a trabalho da minha mãe e eu tive que acompanhá-la. —Louis respondeu —Mas já que tocou no assunto, quais praias você foi?

Styles, mesmo meio sem graça pela bola fora, respondeu-o:

—Fui na do Leblon, da Barra da Tijuca, Copacabana e Ipanema, quando fui ao Rio, óbvio. Mas quando fui ao Nordeste, tentei quase todas de Fernando de Noronha e Pernambuco.

Louis se encontrou boquiaberto.

—Uau... e todo esse dinheiro gasto apenas nas praias mais populares, só foi nas modinhas. —Resmungou —Por que não dar uma chance para as que ninguém conhece? Elas devem ser mais limpas e atraentes que essas daí.

—Você tem um problema com trends, né? Isso se chama amor encubado, viu, Louis Tomlinson. —Harry brincou e pousou suas mãos por cima das pernas no seu colo, casualmente.

—Te odeio, garoto. —Revirou os olhos —Você gosta tanto de me provocar, isso sim que é amor encubado.

—Amor eu já não sei... —Harry sorriu, mostrando suas covinhas fundas.

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