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Já estavam há quase uma semana e meia de quarentena, seus mantimentos estavam se esgotando, afinal, Harry não imaginava que ficaria mais tempo em Paris, então não se preocupou com compras de mercado.

Louis não ligava em qualquer canal de notícia na televisão da sala, não queria que Styles se sentisse em pânico, apenas acompanhava as últimas atualizações da doença pelo seu notebook ou celular. Descobriu sobre os assintomáticos, e o quão importante era o uso da máscara em todas as pessoas, não só em quem tinha os sintomas. Decidiu informar Harry sobre aquele assunto, e também admitir que ele estava certo por antes usar sua máscara quando saísse de casa, mesmo que estivesse aparentemente bem. Encontrou-o na sala, ele tinha o cabelo preso no topo por uma presilha, uma máscara verde espalhada por todo o rosto e um esmalte na mão, pintava suas unhas dos pés de um laranja vibrante.

Louis franziu o cenho para aquela cena e se aproximou:

—Hmm... Harry? —O cacheado levantou a cabeça para si assim que notou sua presença —O que tá fazendo?

Skin Care e pintando as unhas. Quer se juntar a mim, senhor Tomlinson? —Sorriu, mostrando suas covinhas fundas.

Tommo riu nasalmente e sentou no outro canto do sofá.

—Eu nunca... pintei as unhas. —Esticou suas mãozinhas e as analisou por um tempo.

—Quer que eu pinte para você? —Harry se disponibilizou —Eu já terminei aqui mesmo. O que acha?

Ele parecia mais animado que Louis, seus olhos grandes brilhavam ao encarar as unhas limpinhas do menor ao seu lado.

—Pode ser, eu acho... —Aproximou-se hesitante e esticou uma de suas mãos, Harry a pegou gentilmente e a colocou sobre sua coxa, analisando-a com atenção.

—Sua mão é tão fofa. —Admirou.

Tomlinson, então, franziu o cenho e a recolheu de volta.

—Para de falar que eu sou fofo. —Reclamou, as bochechas infladas —Eu não sou fofo, porra.

Styles riu e se espreguiçou.

—Você fica fofo quando reclama que eu te chamo de fofo. —Provocou.

—Vai se fuder. —Xingou e se levantou do sofá —Aliás, precisamos fazer compras, levanta essa bunda desse sofá e faz uma lista que eu vou ao mercado.

Harry começou a guardar seus esmaltes numa caixinha.

—Não precisa, pode deixar que eu vou, faça você a lista.

—Não. —Louis foi firme e levantou um dedo, fazendo o maior paralisar no seu lugar —Eu vou. Você não pode ficar saindo, sabe muito bem disso.

—Preocupado comigo, Tomlinson? —Harry sorriu ladino.

O menor fechou os olhos e respirou fundo.

—Só... faça essa lista. —Virou as costas —E você tem mais alguma máscara por aí, alguma nova?

—Tem uma na gaveta da mesinha de cabeceira, lá no meu quarto. —Apontou para o corredor —Pode pegar.

Louis assentiu e seguiu seu caminho para a última porta daquele longo e claro corredor, abriu-a com cuidado. Durante todo aquele aquele tempo, ele nunca havia entrado no quarto de Harry, não tinha motivos para fazê-lo, afinal. Até agora. Percebeu que o cômodo emanava fortemente a energia de Styles; elegante, organizado e muito cheiroso. Tomlinson observou também que aquele quarto era bem maior e mais arejado que o seu, sentiu-se meio chateado, mas o que poderia fazer? Ele não era o proprietário. Talvez estivesse muito mal acostumado.

Permitiu-se dar uma rápida espiadinha na varanda do quarto. Suspirou ao observar o quão quieta e sossegada que a avenida mais famosa de Paris se encontrava naquele momento. Sentiu um aperto no coração ao perceber que há menos de quinze dias atrás ele estava correndo pelos semáforos atrás do seu Uber que simplesmente passou reto por ele, e agora não podia nem se exercitar numa praça.

—Porra! —Pulou de susto ao sentir uma mão no meio das suas costas —Que caralho, Harry! Quer me matar do coração?

Styles chegou de repente, já não usava mais a máscara verde e tinha os cabelos soltos e encaracolados.

—Foi mal. —Desculpou-se e parou ao seu lado —Tá perdido?

—Não, eu só vim ver como estava a rua, já estava sai-

—Relaxa, Lou, fica tranquilo. —Sorriu e esfregou a palma quente da sua mão na costa coberta do garoto —É bizarro ver como está vazia, não é?

O menor assentiu, cabisbaixo.

—Eu devia ter aproveitado mais essas ruas quando ainda estavam movimentadas.

—Pra tentar morrer atropelado? —Harry brincou e riu -Tenho certeza que você é do tipo que quase é pego por no mínimo cinco carros por dia. —Louis se calou, ele não estava cem por cento errado... —Estou certo, não estou?

—Cuida da sua vida. —Ele reprimiu um sorriso.

Tommo sentiu a mão grande e fina de Styles deslizando até a sua cintura e repousando delicadamente naquela área fina, decidiu não protestar, mas só porque era algo casual.

—Ei... por que você vai usar a máscara para ir ao mercado se você não tá doente? —Harry perguntou, acariciando a pele quentinha e coberta do menor —Lembra quando você disse que não era necessário?

—Bem... —Ele hesitou, ainda não tinha contado a verdade —Acabaram de descobrir sobre os assintomáticos da doença, eles basicamente estão infectados mas não demonstram qualquer sintomas. —Harry rapidamente tirou a mão da sua cintura e se afastou de seu corpo —Por isso as máscaras, caso eu esteja doente sem saber, não passarei para mais ninguém.

—Porra... —Styles se afastava lentamente, coçando seu pescoço, nervoso e desconfortável —Eu vou... fazer a lista de compras.

Então ele virou as costas e saiu do ambiente, deixando Louis sozinho na varanda.

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