Boa leitura!
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Entre os seis meses e um ano depois de todos aqueles acontecimentos anteriores, Feng Xin começou gradualmente a se recuperar.
Pelo menos ele tentou.
No começo, o homem mal conseguia passar perto dos lugares em esteve com Mu Qing sem se sentir muito mal e desabar novamente em uma crise incontrolável de choro. Isso valia para seu próprio apartamento. Ficar lá sem o outro era sufocante, dava claustrofobia. Feng Xin tomou a drástica medida de trocar de casa.
Alguns sábios podem dizer que uma mentira contada várias vezes acaba, em algum momento, se tornando verdade. Como Feng Xin já não tinha nada a perder, resolveu testar essa deplorável tática de auto enganação.
Primeiro, ele mentiu para si mesmo que não amava Mu Qing tanto quanto imaginava.
Depois, ele mentiu que nem ao menos tinha chegado a se apaixonar.
E então ele mentiu que nem conhecia alguém com o nome Mu Qing.
Por fim, mentiu que aqueles dias que havia passado com o outro tinham sido uma completa alucinação por causa de algum remédio que bebeu.
Essa prática funcionou até certo ponto. Aos poucos, ele foi enviando a imagem daquele belo rosto pálido, olhos cheios de amor voltados a si e cabelos pretos balançando ao vento gélido, para o fundo de sua mente. Mesmo que no silêncio sepulcral noturno Feng Xin ainda chorasse um pouco.
Quanto mais tempo se passava, menos ele se lembrava ou pensava em Mu Qing.
Até que um dia ele decidiu voltar a viver normalmente e realmente não se lembrou mais.
Não sentiu mais.
E não sentiu nada.
Pelo menos não quando estava atarefado com alguma coisa. Arrumar coisas para fazer foram sua válvula de escape da dor interna que tentava esmagar seus ossos.
Algumas vezes, quando tinha fortes crises, a imagem de Mu Qing revirando os olhos e sorrindo aparecia em sua mente, já desbotada e sem vida, como um barquinho navegando ao longe no horizonte, sendo coberto pela neblina, quase impossível de se enxergar. Mas de alguma forma, tentar segurar esse barquinho acalmava sua mente ao mesmo tempo em que o deixava com o coração mais apertado e dolorido.
Mu Qing era sua razão para viver e, por não estar mais vivo, era sua razão de querer morrer.
Mas o que importa é que, depois de um tempo, na maior parte de seus dias, Feng Xin conseguia se manter estável e estava orgulhoso com a evolução de si mesmo.
No começo, Xie Lian se preocupou muito com a saúde mental do melhor amigo, que repentinamente piorou drasticamente. Isso se deu principalmente porque ele não sabia o que tinha acontecido e todas as vezes que tentava perguntar sobre ou tocar no assunto, Feng Xin o cortava friamente para depois mudar de assunto e fazer alguma piadinha. A piada era seguida de uma gargalhada falsa, que ele tentava fazer parecer natural, mas sem sucesso. Qualquer um que olhasse para os olhos do homem veria a dor que ele tanto tentava esconder atrás de sua feição risonha.
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Inteligência Artificial | Fengqing
FanfictionFeng Xin encontra Catarina, um smartwatch que se diz capaz de realizar alguns de seus desejos básicos. Achando isso extremamente curioso ele resolve, em uma brincadeira, pedir por uma namorada. Feng Xin só não esperava que isso fizesse um homem bon...