10: Mu Qing?

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Boa leitura!

Então, Feng Xin recebeu uma ligação.

Era Xie Lian, seu único amigo no momento. Um animado Xie Lian com sua voz pacífica e gentil de sempre. Nada fora do comum.

Bom dia. Como você tá hoje? — Xie Lian sempre fazia essa pergunta a Feng Xin, pois o humor dele oscilava constantemente e seu amigo sabia disso.

— Estou bem, Lian. E você?

Ótimo! Indo direto ao assunto... Vai ter um evento em um museu próximo a sua casa e, como eu sei que você gosta dessas coisas, resolvi te convidar...

As sobrancelhas de Feng Xin se levantaram um pouco e um bico se formou em seus lábios. Na verdade, ele até gostaria de ir ao museu com Xie Lian, seria divertido se isso significasse ir APENAS com seu melhor amigo, mas claro que essa não era a realidade, até porque nunca era desde que o outro começara a namorar.

— Pra ser a vela sua e do Hua Cheng? Mas nem fudendo.

Uma risadinha culpada, de quem já havia deixado Feng Xin de vela várias vazes, foi reprimida do outro lado da linha. Feng Xin revirou os olhos, hábito que ele adquiriu alguns anos atrás e nunca perdeu, e apenas esperou Xie Lian responder algo antes que pudesse encerrar essa chamada.

Um outro amigo meu também vai, não se preocupe com isso.

— Outro amigo? — Feng Xin pareceu desconfiado.

Sim, você vai conhecer ele lá. Ele é introvertido e pode parecer muito chato as vezes, mas é extremamente gentil. — Por algum motivo, a voz de Xie Lian parecia a de uma criança que escondia algo da mãe, uma criança que estava aprontando. Porém, Feng Xin nem ao menos imaginava onde o amigo queria chegar com isso.

E também era tudo muito estranho, pois fazia muito tempo que ele não ouvia o amigo falar de alguém que não fosse Hua Cheng ou... Aquele amigo em coma. Só depois de buscar nas voltas e reviravoltas de suas memórias foi que Feng Xin se lembrou dele. Essa figura que ele nunca tinha visto nem cor, mas agora, aparentemente, ia conhecer.

— E sobre seu amigo que tava em coma? Alguma notícia? — Sem tato nenhum como sempre, ele perguntou com a curiosidade já o consumindo.

— Ah. Eu cheguei a te falar sobre isso? É ele quem vai a exposição hoje. Ele acordou não faz muito tempo e queria o levar pra se divertir.

Por algum motivo, Feng Xin resolveu aceitar o convite. Não parecia uma ideia completamente ruim.

[...]

Estar em um museu limpo e silencioso era como respirar ar puro depois de caminhar por uma cidade cinza de poluição. 

Era terapêutico.

A última vez que ele tinha estado em um museu foi a cinco anos atrás, em companhia de Mu Qing. Foi bom e divertido, uma das melhores experiências discutir sobre um assunto que ele gostava com a pessoa que ele gostava, que também gostava do tema. Era triste essa pessoa não estar mais ali para isso. 

Feng Xin muitas vezes se pegava imaginando como seria fazer uma viagem ao mundo com Mu Qing. O segundo reclamando das comidas, do clima, das pessoas, enquanto o primeiro o fotografava e ria da alma idosa que a pessoa que ele amava carregava. Entretanto, esses sonhos rapidamente se dissipavam. Feng Xin os obrigava a irem embora, pois era torturante pensar nessas ideias nem que fossem por apenas alguns segundos.

Parou em frente a uma pintura a óleo de algumas montanhas tão solitárias quanto ele, em uma paisagem vazia e melancólica que não contava com mais nada, além daqueles dois montes dispostos bem no centro do quadro. Ao menos aquelas montanhas não estavam de todo sozinhas, elas eram duas, então tinham uma a outra em que se apoiar.

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