ㅤ━━━ Prólogo

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Um começo para o fim, eu diria.

Eu sempre me senti como uma sombra caminhando entre as luzes, uma mancha escura em um mundo de cores vibrantes. As ruas da cidade ecoavam sob meus passos, na qual ficavam silêncioso naquela rua movimentada, eu carregava o peso da minha diferença. Não era apenas o fato de ser uma adolescente em um mundo onde ser um herói é o ideal supremo; era o fato de que, mesmo entre heróis, eu era a ovelha negra.

Na minha escola, eu era o alvo de olhares tortos e sussurros maldosos. "Monstro", eles me chamavam, por causa dos poderes que eu possuía  – poderes que faziam as pessoas se encolherem, que traziam medo em vez de admiração. Diferente da minha família, cujas habilidades eram celebradas, as minhas eram motivo de pesadelos.

Eu me perguntava, às vezes, se haveria um lugar para mim, uma garota cuja essência parecia tão deslocada. Mas então, em meio à minha caminhada solitária, uma luz cortou a escuridão – era minha irmã, Hanna, em pleno combate com um vilão. Ela, a portadora dos olhos celestiais, lutava com a graça de um anjo, seus olhos brilhando com a promessa de proteção e paz.

Eu parei, observando-a. A luz divina que emanava dela era um contraste gritante com a escuridão que eu sentia dentro de mim. Ela era tudo que eu não era: esperança, luz, e um símbolo de tudo de bom que um herói deveria ser. E eu? Eu era apenas a irmã mais nova, a aberração, a fonte de medo.

O momento em que o vilão foi imobilizado com facilidade pelos poderes divinos de Angel — seu codinome de herói — foi como um raio de luz cortando a escuridão da noite. Sua aura celestial envolveu o ambiente, uma mistura de majestade e poder que fez até mesmo os corações mais endurecidos pulsarem com emoção.

Os gritos de admiração e aplausos ecoaram pelo local, como uma sinfonia de gratidão pela proteção que Hanna proporcionava. Os civis, em meio à agitação, se uniram em aplausos fervorosos, expressando sua gratidão e alívio pelo perigo ter passado mais uma vez.

No centro de tudo isso, estava ela, irradiando uma beleza e confiança incomparáveis. Seu sorriso gentil iluminava o rosto, seus olhos azuis brilhavam com a luz do dever cumprido enquanto ela acenava para a população em agradecimento. Seu cabelo branco, com uma parte frontal cortada em linha reta como um chanel, fluía suavemente, uma marca característica de sua presença única.

Vestida em seu traje de heroi branco com detalhes azuis e prateados, ela parecia ter saído de um conto de fadas, uma figura etérea e poderosa que personificava a pureza e a determinação. Era simplesmente perfeita, não apenas em aparência, mas em suas ações e coração generoso que nunca hesitava em proteger os inocentes.

Meus olhos vagaram pela multidão, absorvendo cada rosto e cada expressão enquanto o frenesi do momento se desenrolava diante de mim. Foi então que os encontraram, os cabelos verdes do garoto brilhando em meio à agitação, seu sorriso radiante refletindo a alegria e empolgação que transbordavam de seus olhos enquanto ele observava a mulher à sua frente.

Ele segurava um caderno surrado com carinho, como se fosse seu tesouro mais precioso. A cada momento de ação heroica da mulher diante dele, ele rapidamente anotava algo, seus olhos brilhando com entusiasmo e admiração.

Enquanto a batalha se desenrolava, a polícia retirava o vilão e levava ao carro, e o clamor da multidão preenchia o ar, aquele garoto e seu caderno eram um lembrete tocante de como os heróis não apenas salvam vidas, mas também tocam os corações daqueles que os veem como luzes guias em meio às sombras. E naquele momento, enquanto os olhares se cruzavam entre o garoto e a mulher, ficou claro que a verdadeira magia dos heróis está na inspiração que eles instilam nos corações daqueles que os admiram.

Por mais que eu observasse a admiração fervorosa que a multidão nutria pelos heróis ao meu redor, uma sensação de vazio persistia em meu peito. Por que eu não conseguia sentir essa mesma admiração por eles? Por que não conseguia encontrar o ânimo e a motivação para seguir os passos dos meus irmãos, que brilhavam como estrelas no firmamento heroico? Seria por causa dos olhares de desdém que eu muitas vezes percebia, das palavras mordazes que cortavam como facas afiadas?

Quando As Estrelas Se Apagam - BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora