Quando As Estrelas Se Apagam - BNHA

ㅤ━━━ Capítulo 3

— Não quer ir mesmo de carro? Posso dar uma carona para você. — Sua voz ecoou pela cozinha quando ela entrou no ambiente. Keiko estava sentada na cadeira da bancada, com o corpo levemente curvado para frente enquanto segurava uma xícara de café.

Ao se aproximar, soltou um suspiro baixo. Sua mãe era uma mulher exuberante, capaz de despertar inveja com sua beleza. Ela era extremamente bela e jovem, o que fazia questionar se ela realmente possuía a idade que dizia. Muitos poderiam considerá-la como uma irmã mais velha de Hanna, já que as duas eram incrivelmente parecidas, até mesmo no corte de cabelo, reto e curto, estilo chanel.

Keiko havia retornado ao Japão na noite anterior e, naquela manhã, já estava em casa. Não esperava vê-la tão cedo, pois normalmente, assim que retornava, ela ia direto para a empresa administrar tudo.

— Não. — respondeu, pegando a bolsa e jogando-a pelos ombros. Em seguida, virou-se para a mulher vestida em um terninho chique. — Vou encontrar com Shouto no meio do caminho.

— Tá bom, tenha um bom dia.

— A senhora também.

Keiko, a matriarca da Tecnology Nakamura, era uma visão de elegância e poder. Ela era a personificação da sofisticação, vestida sempre com ternos finamente talhados que realçavam sua postura impecável.

Ela e sua irmã gêmea, Kairi, que comandava a empresa nos Estados Unidos, eram lendas vivas, mulheres que haviam conquistado o mundo com sua beleza e inteligência. Keiko, uma vez modelo e super-heroína, havia trocado os holofotes por um império tecnológico, seguindo os passos de sua linhagem após se apaixonar.

Seu pai, um homem de beleza estonteante, havia sido um marido e pai exemplar apenas por um breve período antes de tudo mudar com o nascimento dela.

— O que achou dos nossos colegas? — Shouto questionou, puxando-a dos seus pensamentos.

— Barulhentos, mas gentis. — respondeu, enquanto ajustava a alça da mochila e lançava um olhar lateral para ele.

A amizade deles era uma história curiosa, nascida de circunstâncias compartilhadas e compreensão mútua. Em uma cidade onde super-heróis e negócios se entrelaçam, duas famílias proeminentes selaram o destino de seus herdeiros com um contrato antigo. Endeavour, o herói número dois, conhecido tanto por sua força quanto por sua ambição, havia concordado com Keiko, a matriarca da Technology Nakamura, que seus filhos, Shouto e Athena, uniriam suas vidas e legados através de um casamento arranjado.

Athena, criada com a mesma determinação e inteligência que caracterizavam Nakamura, cresceu sabendo do contrato, mas sempre se perguntou como seria o homem com quem seu destino estava entrelaçado. Shouto, por outro lado, treinado por Endeavour para superar todos os limites, conhecia a pressão de carregar o peso de expectativas não apenas como herói, mas também como futuro esposo de Athena.

O encontro deles foi tão inesperado quanto o contrato que os unia. Quando Athena tinha apenas cinco anos, seu mundo foi abalado pelo divórcio de seus pais. Sua mãe ganhou a custódia de sua irmã Hanna e de seu irmão, enquanto seu pai ficou responsável por ela. Foi nesse turbilhão de mudanças que Athena foi matriculada na mesma escola particular que Shouto frequentava.

No primeiro dia de aula, o destino, com seu senso de ironia, os colocou juntos para um projeto no jardim de infância. Entre risadas e trocas de olhares curiosos, uma amizade floresceu, desafiando a formalidade do contrato que os esperava no futuro. Com o tempo, Athena descobriu as cicatrizes que Shouto carregava, marcas deixadas pelas expectativas e treinamentos rigorosos de Endeavour.

Shouto encontrou em Athena um refúgio, um porto seguro onde podia ser ele mesmo, longe das sombras de seu pai. E Athena viu em Shouto um espírito indomável, alguém que, apesar das adversidades, mantinha a gentileza e a força de um verdadeiro herói.