Amaya sabia que seus pais um dia foram Titãs. Sabia como sua mãe fora uma guerreira de Marley e seu pai fora o último comandante da Tropa de Exploração; afinal, ela fora exposta ao mundo dos embaixadores desde quando era pequena. E, claro, suas tias e tios, como Reiner e Mikasa, também contavam a ela histórias sobre o papel de seus pais durante a guerra.
Quando chegou a adolescência, a ideia de um romance finalmente parecia ser algo almejado, assim como para a maioria dos adolescentes. Como o pai, Amaya adorava ler. Já havia lido diversos romances, mas ainda não havia encontrado uma história de amor que pudesse chamar de sua favorita. Alguma que lhe desse borboletas no estômago e a fizesse pensar "é isso, eu quero viver isso também"
E era exatamente esse pensamento que rondava sua mente enquanto permanecia no escritório de seu pai, sentada em um pequeno sofá de couro em frente a mesa onde o loiro estava assinando papéis e mais papéis. Ela desviou os olhos para as muitas fotos penduradas na parede, fotos em família, com amigos, com ela. Mas uma em especial sempre lhe chamava atenção; a foto de casamento de seus pais.
Talvez aquele retrato fosse o mais simples de lá, era apenas os loiros e o mar atrás deles, ao longe. Armin vestia uma calça e uma blusa branca simples, com um pequeno ramalhete de flores enfeitando-lhe o peito e ele tinha um sorriso radiante estampado no rosto. Já Annie vestia um simples vestido branco com uma pequena conchinha enfeitando o centro do decote, nada de véu, e diferente do marido, o sorriso dela era discreto, mas seus olhos transbordavam toda a felicidade que aquele momento lhe proporcionara.
E quase como um estalo em sua cabeça, ela percebeu que não sabia muito sobre como seus pais se apaixonaram.
- No que está pensando, Maya? - Armin perguntou, quebrando o silêncio ao notar que a filha mantinha o olhar sobre a foto na parede.
- Como você e a mamãe se apaixonaram? - ela perguntou, um tanto tímida por possivelmente interromper o trabalho do Arlert, mas sorriu ao notar o sorrisinho bobo que estampou os lábios do pai.
Armin, sendo o contador de histórias que era, nunca recusaria responder uma pergunta como essa. Pousou a caneta que usava sobre a mesa e retirou os óculos, antes de encarar a filha novamente.
- Tem certeza de que quer ouvir? É uma longa história...
Amaya ajeitou-se no sofá de maneira exagerada diante da fala, arrancando uma risada do loiro.
- Pode falar, eu sou toda ouvidos.
E então ele iniciou, contando cada mínimo detalhe que conseguia lembrar; como conheceu Annie quando eram cadetes, quando começou a admirá-la depois de vê-la ganhar a luta contra Reiner e Eren, quando ele se apaixonou por ela depois de ver através da barreira que criava ao redor de si mesma e como se sentiu traído ao saber que ela era a Titã Fêmea.
Armin admitiu que não revelou seu conhecimento sobre a Titã Fêmea porque, pela primeira vez na vida vida, ele queria mais do que tudo estar errado, mas não estava. Ele disse a filha como não conseguiu apagar o que sentia por Annie, embora ela fosse uma inimiga. Como ele visitava o cristal dela sempre conseguia a mínima chance para poder vê-la. Como se apaixonou por ela ainda mais depois de conhecer sobre sua infância através das memórias de Bertholdt, como ele ficou aliviado quando ela saiu do cristal depois de anos, como ele queria abraçá-la na primeira vez que a viu novamente e o quão sincero ele foi quando disse que sentia falta dela.
E, por fim, contou a ela como quase desmaiou quando Annie disse que também o amava, - fato que fez que Arlert mais nova rir, imaginando seu pai tímido e nervoso na presença da mãe - porque ele achava impossível que seu primeiro e único amor sentisse o mesmo.
Amaya ouviu tudo atentamente, cada palavra tocando seu coração e até fazendo-a marejar os olhos ao pensar em tudo o que haviam passado até chegarem onde estavam hoje.
- Pai... - ela sussurrou depois de alguns minutos em silêncio, digerindo a história toda - Eu queria conhecer alguém que me amasse tanto quanto você e a mamãe se amam - o encarou - Eu quero poder viver o mesmo tipo de grande amor que você e a mamãe tem.
A declaração fez Armin sorrir.
- Você vai viver algo ainda melhor, Maya - ela sorriu em resposta, ao mesmo tempo que Annie adentrava a sala.
A barriga de quase nove meses atrapalhando seus passos e fazendo-a andar de maneira engraçada - e fofa, aos olhos da filha e do marido. Armin prontamente levantou da cadeira em que estava e caminhou até ela, depositando um beijinho nos lábios da esposa e guiando-a até o sofá onde Amaya estava.
- A gente tava falando de você agora mesmo - a mais nova comentou, aproximando-se da mãe no sofá e beijando-lhe a bochecha com carinho.
- Espero que não estivessem falando mal de mim, senão dou um puxão de orelha nos dois.... Obrigada - agradeceu o marido com um sorriso fraco quando ele ajeitou algumas almofadas sob suas costas para que ela ficasse mais confortável no pequeno sofá.
- Pode ficar tranquila, era só coisa boa - Amaya respondeu, lançando um sorriso cúmplice para o pai.
- Espero que sim - retrucou semicerrando os olhos, fazendo ambos rirem.
Mas mal sabiam eles que Annie havia ficado alguns minutos parada na porta do escritório, ouvindo a conversa deles, sorrindo a cada palavra porque nunca imaginou que viveria o suficiente para poder se sentir em paz com os amores de sua vida.
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Inspirado nesse Tweet: https://twitter.com/arminsannie/status/1404792125628325903?s=21
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Love • Coletânea de One-Shots
FanficAMOR (s.m): "1. Uma afeição intensa por outra pessoa baseado em laços pessoais ou familiares 2. Carinho, afeição e preocupação profunda que se sente por uma pessoa a qual se tem um relacionamento" . . . Uma coletânea de Shingeki no Kyojin