Capítulo 32

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Harry

-Pimpolho! - exclamou Paula olhando para mim com alguma preocupação. - Porque é que estás com essa cara de morto-vivo?

Franzi a testa.

-Não dormi bem. - aclarei tentando não me meter num interrogatório da sua parte.

-Porquê? - perguntou Júlia que estava sentada ao lado da rapariga de madeixas cor de rosa. Olhava para mim à espera enquanto bebia sumo. A Júlia estava sempre a beber sumo.

Encolhi os ombros tentando evitar o seu olhar.

-Harry... - avisou Paula.

-O que se passou com a Bella? - perguntou Júlia de repente, de alguma maneira adivinhando o que se estava a passar sem nenhum tipo de aviso anterior.

Bufei e passei a mão pelo meu cabelo.

-Nada. - disse. - Porque é que haveria de se passar alguma coisa?

Desviei o meu olhar delas e deixei-o viajar por todo o bar de estilo modernista, olhando para cada uma das pessoas que aí estavam mas, ao mesmo tempo, sem ver ninguém. Os meus pensamentos estavam perdidos em diversas coisas. Em primeiro lugar, na Bella, em segundo, na Gemma. Em terceiro, no Marcel. E em quarto, na obra de teatro que tínhamos que apresentar em mais ou menos três semanas.

-Não sei. - disse Júlia e bufei indignado . Porque é que tem que ser tão perspicaz? - Mas nota-se que se passa alguma coisa.

Encolhi os ombros.

-Nada. - disse ante o olhar atento de ambas as raparigas.

Estava incomodado. Uma parte de mim dizia-me para lhes contar o que se tinha passado, já que elas eram minhas amigas e eram raparigas, saberiam como me aconselhar. Mas por outro lado não lhes queria dizer.

-Harry. - começou Paula tornando a sua expressão séria. - Somos tuas amigas, podes confiar em nós.

Suspirei.

-É uma parvoíce. - menti. Não era um parvoíce.

A Júlia franziu a testa.

-Não confias em nós?  - perguntou enquanto a decepção começava a mostrar-se nas suas feições.

Neguei com a cabeça.

-Não é isso. - disse. - É só que não vos quero chatear com as minhas parvoíces.

-Não são parvoíces. - declarou Júlia ajeitando o cabelo que caía nos seus olhos. - Se fosse uma parvoíce não estarias assim tão deprimido.

-Anda lá, Harry. - insistiu Paula. - Podemos ajudar-te.

Assenti.

-Não sei. - disse um pouco inseguro, mas elas continuaram até que conseguiram com que falasse. Depois de tudo, seria muito mau da minha parte que elas me contassem tudo e eu não fosse capaz de confiar nelas sequer. - Fui para a cama com ela no sábado.

-Voltaram? - perguntou Paula com uma pitada de emoção.

-Quem me dera. - murmurei.

-Então? - perguntou Júlia que já tinha acabado o seu sumo.

-É uma longa história. - comecei. - Mas, para que tenham uma pequena noção, sabem o Edward? - ambas assentiram. - Quando estava com a Bella , ele fez-se passar por mim várias vezes e enganava-a para ir para a cama com ela. - as palavras ficaram presas com amargura na minha garganta. Elas arregalaram os olhos , sabia que não estavam à espera de algo assim. - E bem, acabámos por causa disso. Apanhei-os a beijarem-se enquanto ela dizia o meu nome.

Os Trigémeos Styles 3: Déjà vu (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora