My fucking guy (Pausada)

O shopping

My Fucking Guy

Capítulo 19

A cada carro que passa nas ruas sinto meu coração acelerar, temendo encontrar algum conhecido dos meus pais no veículo.

Ás vezes, sem perceber, me escondo nas costas do meu amigo e cubro mais o meu rosto com o capuz. E apesar desses movimentos quase que involuntários, eu tento parecer o mais natural possível.

Mas mesmo depois de andar uns dois quilômetros eu não me sinto mais confortável. Muito pelo contrário, minha ansiedade cresce cada vez mais, chego a pensar se não é melhor ser pego de uma vez e enfrentar logo as consequências do que ficar esperando algo acontecer (e que com certeza vai acontecer!).

No meio dessa paranoia reparo que Jhonatan começa a andar mais rápido e entrar em umas ruas estranhas. O caminho fica mais vazio em questão de alguns minutos e meu amigo mais silencioso.
Trocamos palavras algumas vezes, mas nada mais do que isso. Estou perdido de mais na minha negatividade para conversar, e Jhonatan também não parece muito interativo...

Dobramos a direita e demos de cara com uma rua estreita e vazia, parecia um beco.

Tem algumas lixeiras aqui e ali, caixas e papeis espalhados no chão, e bem no fim da passagem tem um senhor de boné preto e blusa listrada sentado em uma cadeira de balanço.

As paredes ao nosso lado eram muros pichados de aspecto inacabado, junto com os portões de cor opaca que dava para o interior das casas.

É um caminho escuro e horripilante. O vento é gélido como uma brisa de inverno e o cheiro de lenha queimada por mais que não avistasse fumaça alguma.

Escuto apenas ruídos metálicos e o ranger da cadeira de balanço do homem mais a frente.

Com passos mais acelerados eu tomo meu lugar ao lado de Jhonatan, próximo o suficiente para agarrar seu braço caso alguma coisa aconteça.

Que lugar é esse? Nunca passei por essa região antes, pergunto a mim mesmo enquanto tento buscar na memória alguma lembrança associada a essa rua.

Já no fim do beco, reparo que o homem grisalho na cadeira de balanço está preso em um sono profundo, sendo balançado pelo vento e pelo próprio impulso inconsciente que seu corpo fazia, como balançar o pé no ritmo do balanço.

Atravessamos a passagem e logo fomos banhados mais uma vez pela radiante luz do sol, chegando a uma rua larga, mas igualmente tranquila, sem carros ou pessoas transitando.

– Onde estamos? – Pergunto curioso a Jhonatan.

– No bairro Laranjeira, não é muito popular. Quem mais mora por aqui são os mais decrépitos.

– Ah... E por acaso algum parente seu mora aqui?

– Não mais... – Ele fica em silêncio por um tempo – Mas a gente tá aqui só de passagem.

– Tipo um atalho? Mas pra onde exatamente?

– Não é beeem um atalho. Só achei melhor evitarmos ruas movimentadas por um tempo.

Por isso esse caminho me parece estranho, penso em silêncio.

– E pra onde vamos? – Pergunto mais uma vez.

– Sobre isso... – Jhonatan vira seu rosto na direção oposta a minha e coça a bochecha com os dedos.

– O quê?

–...

–...? 

–..............