CHAPTER ONE

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UMA SEMANA ANTES

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UMA SEMANA ANTES

C L A R I S S A  B R Y A N

Lembrava bem de como o clima estava agradável àquela manhã, logo quando cheguei a Los Romero e encontrei os ventos constantes dos últimos dias de outono soprando todos os papéis que tinha deixado sobre a mesa da minha sala — papéis os quais eram mais importantes que o meu contrato de trabalho nesta empresa.

Também lembrava de como tudo tinha ocorrido normalmente, a mesma rotina: trabalhar, ter que aturar o meu chefe com o seu humor azedo e suas inúmeras reclamações, encontrar a Jéssica para a nossa conversa e voltar a trabalhar, trabalhar e trabalhar. Foi assim que meu dia estava correndo, comigo concentrada em documentos importantes sobre a mais nova associação da nossa empresa com a famosa Maxwell na Grécia, quando tocou o telefone dentro da minha bolsa.

Eu até poderia ter dado um palpite a respeito de quem se tratava, caso tivesse sido o telefone da minha mesa a ter tocado, piscando a luzinha azul.

No momento em que atendi a ligação, foi como se o mundo tivesse caído sobre mim, me esmagando de modo que me deixou sem ar. Eu estava em desespero total, e tudo que vinha na minha cabeça — medo, angústia, dor... — era em doses exageradas de excesso. E, no mesmo instante em que eu estava sentada, tentando digerir tudo que o moço me repassou, eu me vi correndo porta a fora.

Tentei ir o mais rápido que pude, implorando aos meus santinhos para que ouvissem as minhas preces. Mas, mais que tudo, eu lembrava daquela sensação terrível de que tudo parecia correr em câmera lenta, e aquela indesejada agonia crescia a cada respiração forçada que eu me abrigava a dar, enquanto acenava desesperada para que um táxi parasse.

Meu corpo doía, assim como meu coração, que parecia estar sendo dilacerado lentamente dentro do meu peito, e a minha alma, a qual sangrava e chorava em lamentos tortuosos. Minha vida com toda certeza parecia uma piada de circo, a grande atração principal de alguém com um senso de humor inabalável, e era como se meu desespero fosse o maior espetáculo daquela noite. Não tinha dúvidas de que o espectador estivesse se divertindo um bocado assistindo-me sofrer sem trégua.

Era engraçado como em momentos assim tudo parecia virar de cabeça para baixo, como se todas as coisas desprezíveis fossem despejadas sobre nossa cabeça, e eu soube, que minha vida poderia ter simplesmente acabado ali. Mas não seria tão fácil assim. Não, pois eu já conhecia as teias que a aranha do destino tecia para mim, e sabia que esse também não seria o meu último dia de tormentos na terra, assim como também não seria minha última perda.

Então, quando finalmente consegui chegar à oficina, inspirei profundamente o ar para suavizar a queimação nos meus pulmões e comecei a procurá-lo. Eu tinha certeza de que meu coração havia errado algumas batidas naquele momento, o sangue pareceu ter sido drenado do meu corpo, minha cabeça latejou como se uma pomba estivesse prestes a explodir dentro da mesma, e meu estômago, que se embrulhava, estava a um fio de colocar para fora todas as minhas refeições do dia.

Meu Chefe |#IR1Onde histórias criam vida. Descubra agora