Capítulo 2 - Como um furacão

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"E então eu choro algumas vezes quando estou deitada na cama
Apenas para tirar tudo que está em minha cabeça."

- 4 Non Blondes, What's Up
 
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- Isso aqui é um saco! - Disse Megan.

   Os gêmeos jogavam comida um no outro.

- Erik e Esther! - Gritou Melione. - Parem com isso agora!

   Os gêmeos pareceram surpresos com a reação da mãe, que era sempre tão paciente, mas nos últimos dias nunca estivera tão estressada.

- Megan, minha filha, você já deveria saber que uma hora ou outra você ia ter que voltar para a escola - disse Thomas, calmamente.

   Megan deu um gole em seu suco, com raiva.

- Eu sei, pai - respondeu ela. - Mas por que eu não posso ficar sem ir só um pouco mais? - Questionou.

- Porque você pode se atrasar, Megan - continuou seu pai, sem elevar o tom.

- Mas depois eu consigo recuperar! - Rebateu a adolescente.

- Já chega! - Gritou sua mãe. - Você vai sim e acabou! - A mão massageou as têmporas, nervosa por ter que lidar com uma adolescente de dezessete anos revoltada. - Não torne as coisas difíceis, por favor Megan.

   Megan se levantou da mesa, olhou para os seus pais com raiva e disse:

- Fica difícil dar uma chance para essa cidade sendo que vocês nem me deixam aproveitar um pouco dela - rebateu a garota. - Antes do inferno começar de verdade.

   Depois saiu pisando duro. Melione suspirou e passou a mão pelo rosto.

- Você precisa dá mais um pouco de tempo para ela, Meli - indagou Thomas.

- Cansei de dar tempo para ela, Thomas - respondeu Melione, com o ar de cansaço. - Ela já tem dezessete anos, já deveria ter maturidade o suficiente para encarar a situação.

   Thomas suspirou, cansado.

   No andar de cima, Megan caminhava de um lado para o outro, impaciente. Estava brava com os seus pais por não darem mais um tempo para ela, estava brava com aquela cidade idiota, estava brava com tudo. Até aquele quarto não parecia ser mais tão legal como antes. Olhou para a parede que agora tinha fotos variadas, desde com amigos e familiares a fotos artísticas que ela mesma tirava, uma saudade tomou o peito da garota. Ela queria chorar, gritar, ou fazer alguma coisa para expressar que queria ir para casa. Como se eu fosse conseguir, pensou a garota dando um sorriso sem humor.

   Ela não queria que a mãe fosse ao seu quarto continuar com o sermão ridículo dela, então Megan se dirigiu ao closet para procurar uma roupa e tentar ocupar a mente, mesmo que fosse por cinco ou seis minutos.

   Escolheu vesti uma camisa de botões marrom e uma calça jeans rasgada. Foi até a banheira de hidromassagem e tomou um longo banho. Por um tempo, fechou os olhos e imaginou que aquilo tudo fosse um pesadelo. Há qualquer momento ela iria acordar em sua cama no seu antigo quarto em Toulouse e iria perceber que tudo não passou de um sonho, um sonho muito ruim.

   Mas ai Megan abriu os olhos, e viu que não se tratava de um sonho. Era real. E nada poderia ser pior que isso.

   Saiu do banheiro enrolada em uma toalha e se vestiu com a roupa separada encima da cama. Arrumou a franja e passou um pouco de rímel. Calçou seu all star surrado e pegou sua câmera, saindo do quarto em seguida.

   Seus pais estavam na sala, assistindo alguma coisa. Passou direto e foi em direção a porta.

- Ei, onde você vai mocinha? - Questionou seu pai.

- Tirar fotos. - Respondeu Megan apontando para a câmera pendurada em seu pescoço.

- Mas você nunca saiu sozinha aqui em Londres - interrompeu sua mãe. - E se você se perder? - Questionou preocupada.

- Eu me acho. - Respondeu Megan, irônica.

   O rosto de Melione se avermelhou de raiva.

- Megan Rivera Mckenna, volte a... - Gritou, mas antes de terminar de falar, Megan já havia batido a porta ao sair.

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   Megan saiu da estação e caminhou até o famoso Museu Britânico. A garota entrou e pareceu encantada com o que viu, passou pela Sala de Leitura e sentiu o coração transbordar de felicidade ao ver tantos livros em um mesmo lugar, e percebeu que aquilo seria o paraíso de qualquer leitor.

   Tirou diversas fotografias das esculturas egípcias e gregas. Depois de quase duas horas dentro do museu, saiu e foi direto ao Starbucks. Comprou um café gelado seguiu andando até um ponto de ônibus.

    Estava verificando suas fotos na quando um garoto esbarrou nela, levando sua câmera ao chão, em pedaços.

   A adolescente encarava a o objeto despedaçado no chão sem acreditar.

- Você é cego ou o que? - Questionou Megan com raiva. - Olha o que você fez com a minha câmera! - Berrou.

   O garoto estranho deu um sorrisinho irônico e disse:

- A errada aqui é você, que fica parecendo uma idiota com uma câmera na mão no meio da rua - respondeu.

   A garota ficou mais raivosa ainda.

- Eu acho melhor você medir suas palavras para falar comigo - disse ela, encarando os seus olhos.

   Mas Austin não desarmou. Lançou um sorriso irônico e continuou:

- Por julgar pela sua aparência - Indagou - , deve ser nova por aqui, reconheceria sotaque francês de longe. - Continuou. - Com certeza é uma mimadinha qualquer que se acha a rebeldizinha - se aproximou do ouvido de Megan e disse. - É uma pena... porque você não é nada mal.

   Megan sentiu seu rosto se envermelhar, mas não sabia se era de vergonha ou de raiva. Foi até o chão e pegou a câmera. Quando se virou, o garoto não estava mais lá. Megan se entristeceu ao ver a lente da sua câmera quebrada, mas daria um jeito de concerta-la. Foi até a estação mais próxima e pegou um metrô, de volta para casa.

Se Você Fosse MúsicaOnde histórias criam vida. Descubra agora