Me Ojos Marrón

Capítulo 38 - 8 de agosto de 2017

8 de agosto de 2017

Quando eu acordei com o sol batendo no meu rosto, percebi que mais uma vez durante aquela semana, a Cheryl não estava mais na cama. Eu soltei um longo suspiro, esfregando meus olhos, antes de seguir para o banheiro, jogar um pouco de água em meu rosto, escovar os dentes e caminhar até a cozinha.

Lá estava ela, em pé, encostada no batente da porta da varanda, ainda vestindo seu pijama amassado, segurando uma caneca de café nas mãos e com olhar perdido na paisagem. Eu entendia que os últimos dias não estavam sendo fáceis para ela, assim como não estava sendo para mim e para o pessoal do hotel, mas era evidente que ela era a mais abalada.

―Perdeu o sono de novo? – Eu perguntei calma, enquanto a abraçava por trás.

―Acho que nem consegui dormir, na verdade. – Ela disse com uma voz abatida e eu suspirei, deixando um breve beijo em seu rosto.

―Eu sei que é difícil, Cher, mas você precisa tentar descansar... faz dias que não dorme direito. – Eu comentei a virando para mim, encarando seus olhos abatidos.

―Não dá... minha mente não para de pensar... – Ela disse num tom cansado.

―Eu te entendo, mas... – Eu tentava argumentar.

―Eu preciso troar de roupa e ir para o hotel, vai chegar um grupo novo de hóspedes e... – Ela me interrompeu, se desvencilhando dos meus braços para deixar a xícara no balcão da cozinha.

―Não, espera... – Foi a minha vez de a interromper, antes que ela saísse. – Amor, vamos sair um pouco, sim? Espairecer um pouco? – Eu perguntei calma.

―Toni, eu tenho que trabalhar. – Ela falou deixando seus ombros caírem.

—Você não está com cabeça para trabalhar agora, Cheryl, vamos tentar relaxar um pouco. – Eu disse acariciando levemente seu rosto, que me encarava ainda receoso. – O pessoal vai cuidar de tudo por lá e vai te fazer bem, não se preocupe... confia em mim. – Eu insisti e ela soltou um longo suspiro assentindo levemente com a cabeça.

Eu sorri suavemente, deixando um breve beijo em seus lábios. Nós trocamos de roupa, eu tomei um rápido café-da manhã, coloquei algumas coisas para comermos e bebermos em uma cesta, peguei meu violão e logo depois segui com a Cheryl pela praia. Nós encontramos com o Troy no meio do caminho e eu o avisei para cuidar do hotel com as garotas, por hoje, enquanto pegava o barco emprestado para mim e para a Cheryl.

Tinha tempo que eu e a Cher não íamos à nossa praia preferida aqui da ilha e agora era um ótimo momento para isso. Ela precisava de paz e tranquilidade, e não tinha nada melhor para isso do que uma praia deserta... Nossa praia.

Durante todo o caminho com o barco, ela foi sentada na ponta do convés em silêncio, observando a água e deixando o vento bagunçar seus cabelos. Seu olhar ainda era triste e isso partia meu coração em pedaços. Eu evitava iniciar alguma conversa, sabendo que naquele momento, ela já estava muito ocupada lidando com seus pensamentos, mas ainda assim, me permitia observá-la... como se estivesse a velando com meu olhar preocupado.

Quando finalmente chegamos à praia, eu deixei o barco ancorado perto da areia e depois de ajudar a Cheryl a descer com as coisas, nós estendemos uma toalha perto de um dos coqueiros do lugar.

Eu me sentei com as costas apoiadas no coqueiro e trouxe Cheryl para se sentar entre as minhas pernas, enquanto passava meus braços pelo seu corpo. Ela deslizava seus dedos pelas minhas mãos entrelaçadas em sua barriga, sentindo o aroma de seus cabelos se misturarem com a maresia... eu podia sentir quão incomodada ela estava... Era raro ver a Cheryl em silêncio por tanto tempo, na verdade, era ela que preenchia os lugares com sua voz animada e seu sorriso iluminado, mas desde o que aconteceu, ela perdeu todo o brilho. Eu queria poder a ajudar de todos os modos, mas também não queria pressioná-la a conversar sobre o assunto.